Leões marinhos e elefantes marinhos,
cuja caça é proibida por lei, estão entre os alvos dos pescadores na costa
sul-americana.
Embarcações
pesqueiras que atuam na costa da América
do Sul, cujos alvos habituais são as lulas e as cavalinhas, têm
atuado também na caça ilegal de mamíferos marinhos. Leões marinhos e elefantes
marinhos, cuja caça é proibida por leis locais e internacionais, estão entre os
alvos dos pescadores, de acordo com o jornal argentino Buenos Aires
Times. Imagens que chegaram às redes sociais no ano passado mostram
a tripulação de um pesqueiro chinês, o Lu Qing Yuan Yu 206, erguendo para o
deck da embarcação um elefante marinho morto. O vídeo tornou-se viral na
Argentina e no Uruguai, países que lutam contra a pesca ilegal em suas ZEEs
(Zonas Econômicas Especiais), que se estendem por 200 milhas náuticas desde a
costa. “Eles [os pesqueiros] entram e saem facilmente da ZEE da Argentina devido
à falta de controle e depois usam o porto de Montevidéu, pois não têm muitas
dificuldades com as autoridades portuárias”, diz um observador local que
presenciou uma ação dos pescadores. Na região onde o vídeo foi gravado vivem 50
espécies de mamíferos marinhos. Na sua maioria, elas são classificadas como
“vulneráveis” ou “ameaçados”, por seu habitat natural ter sido perdido ou
afetado pela atuação intensa de embarcações pesqueiras. Muitos dos mamíferos
mortos por pescadores são capturados sem querer, como consequência da pesca de
outras espécies. Em alguns casos, porém, a caça é
intencional e para fins não comerciais. Certas partes do corpo
desses animais são consumidas pelos próprios pescadores, para quem certos
órgãos têm propriedades medicinais ou mesmo afrodisíacas. “Os membros da
tripulação recebem cerca de US$ 60, até mais, por um pequeno dente de leão
marinho, por exemplo. Os corpos também são comidos como alimento complementar,
pois a água potável e a alimentação fornecida à tripulação costumam ser muito
precárias”, afirma Dominic Thomson, vice-diretor da ONG EJF (Fundação Pela
Justiça Ambiental, da sigla em inglês). Fora do radar
Um relatório da ONG Oceana,
divulgado no final de julho, indica que mais de 800 embarcações pesqueiras realizaram
cerca de 900 mil horas de pesca na costa da Argentina entre 1º de janeiro de
2018 e 25 de abril de 2021. O que chama a atenção é que, por cerca de 600 mil
horas, a operação ocorreu com o sistema de rastreamento desligado, num forte
indício de irregularidade. O AIS (Sistema de Identificação Automática, da sigla
em inglês) dos barcos serve para que eles sejam detectados pelos radares das
autoridades, possibilitando assim checar se estão em águas internacionais ou
em zonas de proteção. Quase 66% dos barcos com o AIS desligado na costa da
Argentina são chineses que
atuam na pesca de lulas. Já os pesqueiros espanhóis, embora menos numerosos,
ficaram sem detecção com uma frequência mais de três vezes superior à dos
chineses. Os pesqueiros que atuam
ilegalmente têm um procedimento notório. Segundo a Oceana, eles
“esperam fora do limite da ZEE até o anoitecer, quando aparentemente desligam o
AIS e entram nas águas da Argentina para pescar”. A situação tem se tornado
tensa, inclusive com episódios de violência. Há ao menos dois registros de
embarcações chinesas que atacaram patrulhas da guarda costeira argentina quando
atuavam de forma ilegal. Em 2016, um pesqueiro chinês afundou quando tentava
colidir com uma patrulha. ( Fonte A Referencia Noticias Internacional)
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