Médicos e enfermeiros que se opuseram ao golpe de Estado no país sofrem perseguição violenta da junta.
Em Mianmar,
o governo que assumiu o poder através de um golpe de Estado em fevereiro declarou
guerra a médicos e demais trabalhadores da saúde. As forças de segurança têm
prendido, agredido e até matado os profissionais da área, considerados inimigos
da junta que governa o país, segundo a Associated Press (AP). “Os ataques ao
sistema de saúde são encarados como uma arma de guerra da junta”, declarou um
médico em fuga há meses, cujos colegas de clínica foram presos. “Acreditamos
que tratar os pacientes, fazendo nosso trabalho humanitário, é um trabalho
moral, não um crime”. Os médicos entraram na mira da junta porque são
respeitados pela população e extremamente bem organizados, com sindicatos e
grupos profissionais atuantes. Desde o o golpe eles formam uma forte oposição
ao governo militar, e atualmente são voz importante para denunciar e combater
os abusos. Em 2015,
médicos fizeram protesto bem-sucedido contra escolha de militares para comandar
o Ministério da Saúde (Foto: Wikimedia Commons) Na mesma proporção em que os profissionais da saúde contestam a
junta, Mianmar tornou-se um lugar perigoso para atuarem. Um dos mais perigosos
do mundo, segundo as estatísticas. Foram registrados 240 ataques contra a
categoria em 2021, quase a metade dos 508 casos registrados no mundo pela OMS
(Organização Mundial da Saúde). A violência em Mianmar explodiu após o golpe
que subjugou a nação de 54 milhões de habitantes. Já são pelo menos 890 pessoas
mortas, incluindo uma criança, de acordo com a
Associação de Assistência aos Prisioneiros Políticos, que monitora prisões e
mortes no país. Procura-se Os militares emitiram mandados de prisão para 400 médicos e 180
enfermeiras, que tiveram fotos de seus rostos expostos em toda a mídia estatal
como procurados da Justiça. Eles são acusados de apoiar e participar do
movimento de “desobediência civil” que contesta o golpe e cobra democracia no
país. Pelo menos 157 profissionais de saúde foram presos, 32 feridos e 12
mortos desde 1º de fevereiro, segundo dados da Insecurity Insight,
que analisa conflitos ao redor do mundo. Nas últimas semanas, mandados de
prisão têm sido emitidos cada vez mais para enfermeiros. Eles são acusados de
genocídio por não tratarem dos pacientes. A repressão atinge um sistema já
vulnerável num momento crítico. Mesmo antes da tomada de poder, Mianmar tinha
apenas 6,7 médicos por 10 mil pessoas em 2018 – bem abaixo da média global de
15,6 em 2017, de acordo com o Banco Mundial. Pandemia Os testes
para detectar Covid-19 caíram, e o programa de vacinação estagnou. Mesmo que as
vacinas estejam disponíveis, as pessoas têm medo de serem presas apenas por
irem ao hospital, disse um médico à AP. Devido ao controle que os militares tem
sobre as informações, não há números confiáveis sobre os casos e mortes atuais
da pandemia. A mídia estatal fala em cerca de 160 mil casos positivos e 3.347
mortes, mas os especialistas dizem que há sinais claros de que outro surto de
coronavírus está acontecendo no país.( Fonte A Referencia Noticias
Internacional)
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