Uso de máscaras em locais abertos não é mais obrigatório e as pessoas já podem se reunir em bares para tomar cervejas.
Os alemães estão, enfim, podendo respirar mais aliviados — literalmente. Com uma redução expressiva nos casos e mortes por covid-19, o ministro da Saúde da Alemanha, Jens Spahn, anunciou, no último dia 14, o fim da obrigatoriedade do uso de máscara nos espaços abertos do país, que caminha gradualmente rumo à volta da normalidade. O primeiro passo, e também o mais aguardado pelos cidadãos, se deu em 21 de maio, quando foram reabertas as lojas consideradas não essenciais, cinemas, teatros, salas de concerto, bares e restaurantes. Os estabelecimentos estavam fechados desde novembro do ano passado, quando a Alemanha registrou um grande aumento no número de casos de covid-19. Um reflexo da alta temporada do verão no hemisfério norte. Em um primeiro momento, para avançar no relaxamento das restrições, o governo decretou que a entrada em alguns estabelecimentos, tanto na área interna quanto externa, deveria vir acompanhada de um teste PCR negativo, realizado no mesmo dia. Em 21 de maio, então, a paulista Larissa Mota, 31 anos, que há dois anos e meio mora em Berlim, fez o teste junto com o marido e, em seguida, se dirigiu a um biergarten, um tipo de bar a céu aberto muito comum no país. "Desde maio, foram disponibilizadas tendas espalhadas por toda a cidade nas quais as pessoas podem se testar gratuitamente e receber os resultados após 15 minutos", afirma. "É uma sensação muito boa porque você tem a garantia de que todos ao seu redor não estão infectados e pode realmente aproveitar o momento, sem nenhuma preocupação." Em sintonia com Larissa, o paulista Philippe Carvalho, de 33 anos, que há quase cinco reside na capital alemã, também foi a um bar tomar uma cerveja no dia da reabertura. Ele se reuniu com colegas de seu novo trabalho, com quem, até então, só havia tido contato por mensagem ou videoconferência. Para Philippe, no entanto, ao mesmo tempo em que a situação traz um certo alívio, também gera preocupação. Como a Alemanha só tem pouco mais de 30% de sua população vacinada com as duas doses, ele teme que o país enfrente uma nova onda de casos, ainda que mais branda. "Eu sou o tipo de pessoa que esperaria ainda mais um tempo para decretar o fim do confinamento. Como agora as pessoas não precisam mais usar máscaras nos espaços abertos, eu vejo os números aumentando nas próximas semanas. Tenho medo de que ocorra o mesmo que aconteceu no verão passado", diz. Gestão da pandemia Apesar de a Alemanha ter imposto medidas eficazes no combate à pandemia, sobretudo nos últimos meses, para uma parcela da população, a gestão do governo não foi exemplar. Uma crítica frequente é a lentidão da campanha de vacinação, que começou a ser impulsionada somente em maio, quando o imunizante da Astrazeneca foi liberado para todos os cidadãos. O governo alemão, incialmente, estava aguardando que todos da faixa etária convocada comparecessem para tomar a primeira dose antes de avançar para a próxima etapa. Com isso, pessoas que poderiam ser imunizadas ficaram mais expostas ao vírus e acabaram morrendo. "Não é dizer que não tinham as doses. Tinham. Eles simplesmente não vacinaram por uma questão meramente burocrática. Agora a campanha está avançando rapidamente, mas ficamos nessa por meses", afirma Larissa. A lentidão da imunização não foi a única razão pela qual o país teve uma nova onda de casos. Outro fator que impulsionou as infecções pelo vírus foi a alta temporada de verão no hemisfério norte, que coincidiu com o fim do primeiro lockdown em junho de 2020. Nesse período, muitos alemães foram viajar e desembarcaram no país contaminados pelo vírus. Planos para o futuro Com os números caindo e os alemães ganhando novas liberdades a cada semana, Larissa e Philippe já conseguem enxergar uma luz no fim do túnel. Na contramão da maioria da população, que já se prepara para viajar, eles só pensam em aproveitar as possibilidades da cidade, considerada uma das mais vibrantes da Europa. "Ainda não tenho planos de visitar a minha família no Brasil — quem sabe no ano que vem, quando todos já estiverem vacinados. Por agora, minhas expectativas são poder aproveitar a cidade e atravessar um inverno menos rigoroso", afirma Larissa. Receber a visita de pessoas que vivem no Brasil não é algo que deva acontecer em breve. A Alemanha considera o país de alto risco e ainda não aceita a entrada de brasileros. Turistas de países europeus e também norte-americanos que já estão vacinados já podem cruzar a fronteira. Philippe espera que a pandemia siga sob controle na Alemanha para conseguir aproveitar as festas de fim de ano com os amigos e, principalmente, ir aos mercados de Natal, que funcionam somente por quatro semanas. "Eu senti falta de ter todo mundo perto, aquela mesa cheia. Acredito que, se continuarmos neste caminho, e não houver uma piora depois do verão, até o final do ano, o país já estará em uma situação bem mais confortável", diz.( Fonte R 7 Noticias Internacional)
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