CPI ouve
ex-ministros Ernesto Araújo e Eduardo Pazuello na próxima semana.
Na terceira semana de depoimentos, a Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia ouve dois ex-ministros do governo
Jair Bolsonaro: Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Eduardo Pazuello
(Saúde). Os dois são considerados peças-chave para esclarecer a condução do
governo federal no enfrentamento da crise sanitária da covid-19. Agendada
para quarta-feira (19), às 9h, a audiência de Pazuello é a mais esperada. Dos
quatro ministros que comandaram o Ministério da Saúde durante a pandemia,
Pazuello foi o que ficou mais tempo no cargo. O general do Exército e
especialista em logística assumiu interinamente o ministério em 16 de maio de
2020, após a saída de Nelson Teich. Ele foi efetivado no cargo em 16 de
setembro e exonerado no dia 23 de março de 2021. Estava no comando da pasta
quando a Pfizer fez uma oferta de 70 milhões de doses de imunizantes ao Brasil,
segundo o presidente regional da empresa na América latina, Carlos
Murillo. Em 11 de fevereiro deste ano, durante sessão no Plenário do
Senado, Pazuello afirmou que eram somente 6 milhões ofertadas pela Pfizer.Em
depoimento à CPI na quinta-feira (13), o representante da Pfizer detalhou três ofertas
feitas em agosto de 2020 ao governo brasileiro. Todas, segundo ele, ficaram sem
resposta. Somente em 19 de março de 2021 foi assinado contrato com a empresa.No
requerimento de convocação de Pazuello, feito pelo relator, senador Renan
Calheiros (MDB-AL), este afirma que os depoimentos dos ex-ministros da Saúde
são imprescindíveis para elucidar as providências tomadas pela pasta para
enfrentar a pandemia. Os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Alessandro
Viera (Cidadania-SE) também apontam que Pazuello precisa explicar a insistência
do governo no chamado “tratamento precoce” e a crise de oxigênio em Manaus
(AM).Mas ainda há incerteza se Pazuello falará aos senadores. Convocado para
prestar depoimento na condição de testemunha, é obrigado a dizer a verdade sob
o risco de ter sua prisão decretada. Mas, na quinta-feira (13), a
Advocacia-Geral da União (AGU) pediu ao Supremo Tribunal Federal que o
ex-ministro da Saúde possa permanecer calado, sem correr o risco de ser preso.
Até a publicação desta matéria, o ministro Ricardo Lewandowski, que ficou
responsável por analisar o pedido, ainda não havia proferido uma decisão. O
presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), escreveu em sua conta em uma
rede social que o depoimento de Pazuello é importante para o aprofundamento da
investigação. “Esperamos que o Supremo deixe que a CPI continue seus
trabalhos e cumpra sua função. Até agora não há prejulgamento de ninguém. Todos
os depoentes estão sendo chamados como testemunhas. Até agora, repito, ninguém
é investigado”, apontou. Em ofício enviado
nesta sexta-feira (14) ao ministro Lewandowski, Renan Calheiros afirmou que a
eventual concessão de habeas corpus para Pazuello prejudicará os trabalhos de
investigação da comissão.“Negar-se a responder à CPI é esconder do povo
brasileiro informações cruciais para compreender o momento histórico,
responsabilizar quem tenha cometido irregularidades e evitar que se repitam os
erros que levaram à morte de quase meio milhão de brasileiros”, aponta o
relator no ofício. Vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues aponta
que Pazuello já vinha demonstrando pouca disposição de comparecer à comissão,
lembrando a alegação de que o ex-ministro havia tido contato com pessoas com
covid-19 para evitar o depoimento na semana passada. Ernesto Araújo
Marcado para terça-feira (18) às 9h, o depoimento do ex-ministro das Relações
Exteriores Ernesto Araújo atende a pedidos de senadores que querem que ele
explique a condução da diplomacia brasileira durante a pandemia. A relação do
Brasil com a China deve ser um dos pontos mais questionados pelos parlamentares
da CPI da Pandemia. Segundo o senador Marcos do Val (Podemos-ES), a política
externa sob a gestão do ex-chanceler pode ter atrasado a compra de
vacinas. “É fato público e notório que o senhor Ernesto Henrique Fraga
Araújo, durante o período em que foi ministro de Relações Exteriores, executou
na política externa o negacionismo de Bolsonaro na pandemia, o que teria feito
o Brasil perder um tempo precioso nas negociações por vacinas e insumos para o
combate à covid-19”, aponta o senador.Outro requerimento para ouvir Araújo,
exonerado do ministério no fim de março, é assinado por Alessandro Vieira. Mayra
Pinheiro Está marcado para quinta-feira (20) o depoimento de Mayra
Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério
da Saúde. Conhecida nas redes sociais como “capitã cloroquina”, Mayra
Pinheiro deverá explicar aos senadores a defesa de medicamentos antivirais
durante a crise de oxigênio em Manaus (AM) no início do ano. A convocação
atende a pedidos feitos pelos senadores Alessandro Vieira, Randolfe Rodrigues,
Renan Calheiros e Humberto Costa (PT-PE). Depoimentos anterioresOs
depoimentos tiveram início no dia 4 de maio, com Luiz Henrique Mandetta,
ex-ministro da Saúde. No dia seguinte, Nelson Teich, sucessor de Mandetta no
cargo, compareceu à CPI. Em seguida (dia 6), foi a vez do atual ministro
da Saúde, Marcelo Queiroga. A segunda semana foi aberta com o
diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa),
Antonio Barra Torres (11). Na quarta-feira (12), a CPI ouviu o ex-chefe da
Secretaria de Comunicação da Presidência da Repúlica, Fabio Wajngarten; e na
quinta-feira (13), o representante da Pfizer, Carlos Murillo. (Fonte: Agência
Senado)
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