Tropas da Eritreia se disfarçam
com farda etíope para bloquear ajuda a Tigré.
Soldados eritreus permanecem no país
um mês depois da garantia do premiê de retirada das forças estrangeiras.
Soldados
da Eritreia continuam em
Tigré disfarçados com fardas do exército da Etiópia, afirmaram jornalistas da CNN norte-americana
nesta quarta (12). A situação foi relatada apenas um mês depois da garantia do
primeiro-ministro Abiy Ahmed em retirar as tropas eritreias da
região em conflito, no norte da Etiópia. A equipe flagrou
soldados eritreus em Axum, na região central da província. Eles usavam velhos
uniformes militares etíopes e controlavam postos de controle essenciais nas
rotas de distribuição de
ajuda humanitária à população local. Há relatos de que os
agentes ameaçam os profissionais dos poucos hospitais que ainda funcionam na
província. Desde novembro, quando as tropas de Adis Abeba dominaram Tigré,
há um esvaziamento de informações sobre o conflito. Ahmed decretou o corte de
todas as redes de comunicação e fechou a província a estrangeiros. Uma real
ideia da situação só se confirmou quando refugiados começaram a
atravessar a fronteira com o Sudão, a partir de dezembro. A
maioria relata uma campanha de
estupros, perseguição, assassinatos e a restrição a alimentos. O
fator acentuou a necessidade por ajuda humanitária, também restrita na
região. Na região desde 21 de abril, a equipe da CNN relata que as
tropas da Eritreia permanecem no país e trabalham lado a lado com o governo etíope
na violência contra a população tigré. Em algumas regiões, as tropas do país
vizinho – antigo inimigo da
TPLF (Frente de Libertação do Povo Tigré) – já tem controle do território na
prática. Para analistas, há evidências de genocídio e potencial para
desestabilizar toda a região do Chifre da África. A pressão dos EUA para
forçar a Eritreia a deixar a disputa não resolverá a situação, disseram os
jornalistas. “Não há sinal de que as tropas eritreias planejam sair em breve”.
Questionados, funcionários do governo da Etiópia em Tigré afirmaram que Adis Abeba
não tem controle sobre os soldados eritreus no país. Fome, estupros e
pedidos por doação de sangue Foram necessários
vários telefonemas ao governo central da Etiópia e altos funcionários militares
para permitir a entrada da CNN em Axum. Após quatro tentativas, as autoridades
concordaram com a cobertura. Adis Abeba, porém, ainda não permitiu que diversas
agências humanitárias entrem na cidade,
sitiada. No hospital, há placas pedindo doação de sangue urgente. A medida
busca salvar crianças que padecem de fome nas
macas espalhadas pelos corredores e mulheres sobreviventes de estupros – um aumento de casos nas
últimas semanas, relatam os médicos. Soldados e gangues capturam mulheres para
drogá-las, estuprá-las e manterem-nas como reféns no conflito. Quase um terço
de todos os ataques a civis envolvem violência sexual –
a maioria cometida por homens uniformizados. “Se encontrarmos sangue para
salvar a vida dessas mulheres será apenas uma ou duas bolsas, e isso não é
suficiente”, relatou um médico. O próprio governo da Etiópia estima que 5,2
milhões dos 5,7 milhões de habitantes de Tigré precisam de assistência de saúde
e alimentar com urgência.( Fonte A Referencia Noticias Internacional)
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