Desde 2015, o número de brasileiros completamente
imunizados, com todas as vacinas do Plano Nacional de Imunizações, despenca, e
riscos aumentam a cada dia.
Desde 2015, o Brasil apresenta quedas
frequentes na cobertura vacinal de crianças e adolescentes. Em 2022, a dimensão do
problema virou uma preocupação mais evidente, principalmente após a OMS
(Organização Mundial de Saúde) colocar o país entre os de maior risco para a
volta da poliomielite e a Fiocruz (Fundação Osvaldo Cruz) alertar que o único imunizante com cobertura vacinal
ideal por aqui é o BCG, contra a tuberculose.No entanto,
saber do problema não fez com que aumentasse efetivamento o percentual de
brasileiros totalmente vacinados. De acordo com dados do DataSUS (Departamento
de Informática do Sistema Único de Saúde), até o dia 20 de dezembro de 2022,
60,56 % da população haviam completado o esquema vacinal com todos os
imunizantes oferecidos pelo PNI (Programa Nacional de Imunizações).Em 2019,
esse índice foi de 60,89%. A justificativa para chegarmos aos menores índices
da história foi a pandemia e o isolamento social.Todavia, desde março desse ano
as regras de isolamento foram relaxadas e, por enquanto, o número segue
praticamente no mesmo patamar de 2019. O PNI oferece vacinas contra 20 doenças,
em 38 mil salas de vacinação espalhadas pelo país. Para especialistas ouvidos
pelo R7,
os motivos dessa queda de cobertura não se restringem à pandemia.“Não foi só a
pandemia a responsável pela queda das coberturas vacinais. Tivemos também a
desinformação, que levaram ao questionamento sobre a importância e a segurança
das vacinas. A falta de campanhas promovidas pelos gestores da saúde também
influencia”, afirma a infectologista Raquel Stucchi, professora da Unicamp
(Universidade Estadual de Campinas).Para Renato Kfouri, diretor da SBIm
(Sociedade Brasileira de Imunizações) e da SBP (Sociedade Brasileira de
Pediatria), o tamanho do país faz com que as causas para o problema sejam
distintas.“As razões que fazem alguém não se vacinar numa grande metrópole não
são as mesmas que alguém da população ribeirinha do Amazonas ou do interior do
Piauí. Os motivos são diversos: desde questões de acesso, dificuldade de
horário de funcionamento, as questões de custo de transporte, desabastecimento
[de vacinas], fake news dizendo que as vacinas fazem mal.”O número considerado
ideal pelo Ministério da Saúde e OMS varia de acordo com cada imunizante, mas
são esperadas coberturas acima dos 85% para evitar que as doenças circulem.O Brasil
foi considerado modelo de vacinação no mundo por mais de uma década, e os
médicos acreditam que seja possível voltar ao patamar perdido nos últimos anos.“Reverter
não é tarefa fácil, sem dúvida, mas é preciso um grande esforço, e primeiros
passos precisam ser dados”, alerta Kfouri.“Tem de ser um trabalho prioritário
do próximo governo, recuperar a confiança da população na vacinação, no nosso
Programa Nacional de Imunizações. Com isso, voltaremos a ser um exemplo de
adesão à vacinação para o mundo, todo como já fomos”, acrescenta Raquel.Entre
as ações apontadas para reverter essa situação já em 2023 estão realização de
campanhas de conscientização e comunicação por parte das autoridades de saúde,
investimento em capacitação, distribuição e pessoal para trabalhar em horários
alternativos e a criação de mutirões de vacinação.Para o infectologista as
campanhas devem ser para os pais e para os profissionais de saúde. “É
necessário continuar motivando as pessoas a se vacinarem, para que elas não se
sintam ameaçadas. Esse é um grande desafio e até os próprios profissionais da
saúde que já não mais tratam dessas doenças, já não lidam mais com esses casos
e acabam recomendando de uma maneira menos enfática”, orienta Kfouri.“A
preocupação e o planejamento de ação do próximo governo deve começar agora. A
comunicação precisa ser eficiente, numa linguagem fácil, com foco nos
benefícios para a população e a importância de todos estarem vacinados”,
conclui Raquel.Todo o esforço vale a pena sob ponto de vista humano e
financeiro. De acordo com estimativas da OMS, de 2020, as vacinas evitam quatro
mortes no mundo por minuto e geram uma economia equivalente a R$ 250 milhões
por dia.(FonteR7NoticiasBrasil)
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