Qualquer elevação da
Selic em mais de 1 ponto percentual será a maior desde o salto de 3 pontos
percentuais do fim de 2002.
O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) se
reúne na próxima semana para decidir qual será a taxa básica de juros vigente
na economia brasileira até o final de outubro. Com os recentes saltos da
inflação, algumas projeções já sinalizam para a maior alta da Selic desde 2002. A decisão pela
variação recorde após quatro avanços consecutivos dos juros,
que levaram a Selic ao atual patamar de 5,25% ao ano, deve
levar em conta as surpresas trazidas pela alta disseminada da inflação dos
últimos meses. Somente em agosto, o IPCA (Índice Nacional
de Preços ao Consumidor Amplo) subiu 0,87% e registrou a maior alta
para o mês dos últimos 21 anos. No acumulado dos últimos
12 meses, a variação dos preços encostou nos 10%, patamar já superado em oito capitais brasileiras.
A alternativa pela elevação da taxa de juros é o instrumento de política
monetária mais utilizado para reduzir a inflação. Isso acontece porque os juros
mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam
outras alternativas de investimento. Nesta terça-feira (14), o presidente do
BC, Roberto Campos Neto, afirmou que o plano da autoridade monetária para
combater a inflação mira horizonte mais longo e vai "fazer o que for necessário" para
devolver o índice de preços à meta estabelecida pelo CMN (Conselho Monetário
Nacional). Ainda assim, ele disse que o BC não terá reações precipitadas a
cada novo dado inflacionário. "A gente tem um instrumento na mão
que vai ser usado da forma como ele precisa ser usado e a gente entende que a
gente pode levar a Selic até onde precisar ser levada para que a gente tenha
uma convergência da meta no horizonte relevante", afirmou Campos Neto em
evento do banco BTG Pactual. Entre as instituições financeiras ouvidas
pelo BC, a mediana das expectativas até o final da
semana passada apontam que a Selic vai subir para 6,25% ao ano,
resultado de uma nova variação de 1 ponto percentual. No entanto, já existem
apostas de que a alta dos juros será de até 1,5 ponto percentual, o que
elevaria a taxa básica de juros a 6,75% ao ano. O superintendente da assessoria
econômica da ABBC (Associação Brasileira de Bancos), Everton Pinheiro de Souza
Gonçalves, avalia que o veredito do BC deve elevar a taxa Selic em 1,25 ponto
percentual na próxima quarta-feira (22), para 6,5% ao ano. "A deterioração
do balanço de riscos em relação à reunião anterior para inflação exige um
aperto maior. Desse modo a nossa expectativa é de aumento de 1,25 ponto. Além
disso, devem ocorrer mais elevações nas próximas reuniões do Copom, fechando o
ano em 8,5%", prevê Gonçalves. Desde o início do século, a Selic só subiu
mais de 1 ponto percentual em duas oportunidades, em junho de 2001 (de 16,75%
ao ano para 18,25% ao ano) e em dezembro de 2002 (de 22% ao ano para 25% ao
ano). Em posição semelhante à do último relatório Focus, a chefe de economia da
Rico, Rachel de Sá, afirma que o Copom deve manter o mesmo ritmo do último
encontro e elevar a Selic para 6,25% ao ano, o que resultaria em um novo
aumento dos juros nas próximas reuniões do grupo. "Por enquanto, a nossa
visão é de que a Selic vai terminar o ano em 7,25% ao ano, mas essa projeção
tem viés de alta, que estamos observando com bastante cuidado, porque não
achamos que o Banco Central precisa acelerar o passo das movimentações",
afirma Rachel.( Fonte R 7 Noticias Brasil)
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