Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres,
afirma que esta década será decisiva para frear o aquecimento global.
A conferência mundial do clima da ONU (Organização
das Nações Unidas) foi inaugurada, neste domingo (6), em Sharm El-Sheikh, no
Egito, para tentar dar um novo fôlego à luta contra o aquecimento global e seus
impactos, pelos quais os países emergentes e vulneráveis exigem compensação
financeira, um assunto que estará na agenda de discussões."Vamos
implementar [nossos compromissos] juntos, pela humanidade e pelo nosso
planeta", declarou o ministro das Relações Exteriores egípcio, Sameh
Choukri, que preside a COP27, a delegados de todo o mundo. "Devemos
ser claros, por mais difícil que seja o momento atual. A inação equivale à
miopia e não retarda a catástrofe climática", afirmou, por sua vez, o
presidente da COP anterior em Glasgow, Alok Sharma. Esta COP27 (27ª
Conferência do Clima da ONU) reúne cerca de 200 países durante duas semanas num
contexto de catástrofes climáticas: inundações históricas no Paquistão, ondas
de calor na Europa, furacões, incêndios, secas... Desastres para os quais os
países mais pobres, os mais afetados, reivindicam compensação financeira. Esta
delicada questão de "perdas e danos" foi oficialmente adicionada à
agenda de discussões em Sharm El-Sheikh durante a cerimônia de abertura,
enquanto até então era apenas objeto de um "diálogo", previsto para
durar até 2024. "Esta inclusão na agenda reflete um sentimento de
solidariedade e empatia pelo sofrimento das vítimas de desastres induzidos pelo
clima", ressaltou Sameh Choukri.O chefe da ONU-Clima, Simon Stiell,
considerou como "crucial" esta questão de perdas e danos."O
sucesso ou o fracasso da COP27 será julgado de acordo com este mecanismo de
financiamento de perdas e danos", alertou Munir Akram, embaixador do
Paquistão na ONU e presidente do G7+China, que representa mais de 130 países
emergentes e pobres. A desconfiança dos países em desenvolvimento é forte,
enquanto a promessa dos países ricos e desenvolvidos de aumentar para US$ 100
bilhões por ano, a partir de 2020, sua ajuda aos países pobres para reduzir
suas emissões e se preparar para os impactos ainda não é cumprida. Acordo
ou não sobre um mecanismo especial para financiar "perdas e danos" ou
sobre um novo objetivo para os 100 bilhões a partir de 2025, as necessidades de
financiamento são contabilizadas em "bilhões de bilhões", segundo
Michai Robertson, negociador da Aosis (Aliança de Pequenos Estados Insulares).Ele
considera, porém, impossível sem o setor privado. As negociações ocorrem
num contexto de crise climática cada vez mais premente. A luta pelo clima é uma
"questão de vida ou morte, pela nossa segurança hoje e pela nossa
sobrevivência amanhã", insistiu perante a COP27 o secretário-geral da ONU,
António Guterres.A conferência "deve estabelecer as bases para uma ação
climática mais rápida e corajosa agora e nesta década que decidirá se a luta
pelo clima será vencida ou perdida", alertou. As emissões de gases de
efeito estufa devem, de fato, cair 45% até 2030 para termos uma chance de
limitar o aquecimento a 1,5°C
em comparação com a era pré-industrial, o objetivo mais ambicioso do Acordo de
Paris. Mas os compromissos atuais dos Estados signatários, mesmo que
fossem finalmente respeitados, levariam a um aumento de 5% a 10% nas emissões,
colocando o mundo em uma trajetória aumento de pelo menos 2,4°C até o final do
século. Um resultado muito distante do objetivo principal do Acordo de
Paris de menos de 2°C
em relação à época em que os humanos começaram a queimar combustíveis fósseis
(carvão, petróleo ou gás), os grandes responsáveis pelo aquecimento global em
grande escala.Com as políticas atuais, um catastrófico +2,8°C está se aproximando."Infelizmente
não está à altura do desafio", criticou António Guterres, lamentando que o
clima tenha sido relegado ao segundo plano pela pandemia de covid-19, a guerra na Ucrânia, as
crises econômica, energética e alimentar. Nesse contexto, apesar dos
compromissos assumidos na COP26, menos de trinta países elevaram suas metas, e
a ONU não vê "nenhuma maneira crível" de atingir a meta de
1,5°C. Mais de 120 chefes de Estado e de Governo são esperados na segunda
e terça-feira para uma cúpula que deve impulsionar essas duas semanas de
negociações.Sem o presidente chinês Xi Jinping ou o americano Joe Biden, que
passará rapidamente pela COP em 11 de novembro. A cooperação entre os dois
principais emissores de gases de efeito estufa do mundo, cujas relações são
tensas, é, no entanto, crucial.Xi e Biden podem, no entanto, se encontrar em
Bali na semana seguinte à margem do G20.( Fonte R 7 Noticias Internacional)