Levantamento mostra 46 milhões de pessoas a mais com fome em relação a 2020, ano em que a pandemia começou a piorar índice.
objetivo de erradicar a fome até 2030 está cada vez mais distante, segundo anúncio feito pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, na sigla em inglês), nesta quarta-feira (6).Segundo a FAO, "o mundo se distancia do objetivo de eliminar a fome, a insegurança alimentar e a desnutrição em todas suas formas até 2030", conforme planos da ONU no ODS-2, Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 'Fome Zero'.A organização ainda afirmou já haver um "quadro sombrio" em relação à segurança alimentar global no ano passado, antes da guerra na Ucrânia. Em um comunicado conjunto, a FAO, o FIDA (Fundo Internacional para Desenvolvimento Agrícola), a Unicef, o PAM (Programa Mundial de Alimentos) e a OMS (Organização Mundial da Saúde) apontaram que "entre 702 e 828 milhões de pessoas sofreram com a fome em 2021", o equivalente a 9,8% da população mundial.Esse número significa que houve 46 milhões de pessoas a mais com fome em relação a 2020, ano em que a situação já havia piorado devido à pandemia de Covid-19.A FAO projeta até 670 milhões de pessoas seguindo com fome para o final dessa década, "um número similar ao de 2015", quando a comunidade internacional estabeleceu a meta da erradicação. Situação "extremamente grave" na América Latina e Caribe Na América Latina e Caribe, "em apenas dois anos, 13 milhões de pessoas caíram na fome. Quatro em cada dez vivem em insegurança alimentar", afirmou o representante regional da FAO, Julio Berdegué, classificando a situação como "extremamente grave".Segundo o relatório, do total de pessoas com fome em 2021, 7,4% vive na América Latina e Caribe. Mas é o Caribe, dentro da região, que apresenta a maior proporção de população que passa fome, pouco mais de 16%, o dobro da América Central e do Sul.Desde 2015, a fome quase dobrou na América do Sul, enquanto no Caribe aumentou 2,2% e na América Central 0,9%.Resiliência Se medidas drásticas não forem adotadas, "todos os nossos esforços terão servido simplesmente para atrasar as grandes crises que vivemos", lamentou o presidente do FIDA, Gilbert Houngbo, em entrevista à AFP.As cinco organizações internacionais alertaram sobre uma "intensificação dos principais fatores de insegurança alimentar e desnutrição", sendo eles os conflitos, os extremos fenômenos climáticos e as crises econômicas.Para as organizações, a chave é tomar medidas audaciosas para fortalecer a "resiliência" diante de crises futuras, como ocorreu com a guerra na Ucrânia e a interrupção na cadeia de fornecimento.O Chifre da África — Somália, Quênia, Etiópia — também enfrenta uma das piores secas em mais de 40 anos, o que está dizimando o gado e as plantações e ameaçando mais de 16 milhões de pessoas com a fome, segundo a ONU.Por outro lado, 2,3 bilhões de pessoas sofreram insegurança alimentar grave ou moderada em algum momento de 2021, o que significa que não tiveram acesso a uma alimentação adequada ou tiveram dificuldades para se alimentar em alguns períodos.A maioria vive em áreas rurais de países em desenvolvimento, principalmente da Ásia e da África, informou o presidente do FIDA.Na América Latina, a insegurança alimentar continua piorando, de acordo com o relatório. Em 2021, 40,6% da população sofreu insegurança alimentar moderada ou grave, ou seja, 1,1% a mais que em 2020.Este problema "não se limita mais a grupos sociais que viveram na pobreza por muito tempo". Agora, "a insegurança alimentar chegou às cidades e a dezenas de milhares de famílias que nunca a viveram antes", alertou Julio Berdegué.( Fonte R 7 Noticias Internacional)
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