Bloco europeu tem desafios que vão de da
disseminação da variante Ômicron às tensões com a Rússia sobre a Ucrânia.
A França assume, neste sábado (1º), a presidência rotativa da
União Europeia com inúmeros problemas em curso, da disseminação da Ômicron às
tensões com a Rússia sobre a Ucrânia, mas que pode beneficiar Emmanuel Macron
nas próximas eleições presidenciais.O presidente de 44 anos nunca escondeu sua
ambição de ser o motor de uma maior integração europeia, fazendo parceria com a
agora ex-chanceler alemã Angela Merkel. Após a aposentadoria de Merkel e
com a presidência temporária do Conselho Europeu, Macron anunciou uma agenda
ambiciosa para o bloco de 27 nações que pode servir à sua campanha para a
reeleição na França. "O ano de 2022 deve ser um momento de mudança
para a Europa", declarou ele em sua mensagem de Réveillon, na qual elogiou
o papel da UE na crise da Covid-19."Esta presidência oferece-lhe uma
plataforma para calibrar sua influência europeia, distinguir-se de alguns
concorrentes e apresentar novas reivindicações, novas ideias", resume
Claire Demesmay, pesquisadora do centro franco-alemão Marc-Bloch em Berlim.A
partir de hoje, a França substitui a Eslovênia e presidirá por seis meses o
Conselho da União Europeia, que representa os interesses dos 27 Estados-membros
perante a Comissão e o Parlamento europeus. Paris conta usar esta
influência para levar adiante algumas questões e obter compromissos de seus
parceiros, embora o papel de mediador imparcial a impeça de ser juiz e parte.Os
ministros franceses presidirão as reuniões dos seus colegas europeus em suas respectivas
áreas (agricultura, saúde, interior...).A 13ª presidência pro tempore da França
desde 1958 - a primeira desde 2008 - coincide com a corrida para as eleições
presidenciais de 10 e 24 de abril e as eleições legislativas de junho. "A
França terá (de fato) um tempo muito curto para a presidência e uma agenda
muito ambiciosa. Três meses é muito, muito curto", aponta Claire Demesmay.Emmanuel
Macron, eleito em 2017 com um programa muito pró-europeu, estabeleceu como
objetivo desta presidência pro tempore fazer “uma Europa poderosa no
mundo”. “Ele não pode chegar ao primeiro turno, no dia 10 de abril, sem
ter obtido alguns resultados de sua presidência europeia. Esse será o desafio,
mas também uma oportunidade real”, considera Sébastien Maillard, diretor do
Instituto Jacques Delors de Paris.A futura presidência francesa avançou três
prioridades nas quais espera obter resultados: salário mínimo em toda a União
Europeia, regulamentação dos gigantes digitais e um imposto sobre o carbono nas
fronteiras.A cúpula de chefes de Estado e de governo em 10 e 11 de março na
França, que tratará a reforma do pacto de estabilidade e crescimento, pode ser
"um golpe de mestre político", acredita Maillard. "Oferecer
uma demonstração de força, cercado por seus homólogos a um mês do primeiro
turno, pode fortalecer sua estatura”, aponta.As crises também são plataformas
importantes. Em 2008, Nicolas Sarkozy emergiu como líder europeu durante a
crise financeira resultante da falência do banco Lehman Brothers e da ofensiva
militar russa na Geórgia. Macron pode fazer a voz da Europa ser ouvida nas
próximas negociações entre Rússia e Estados Unidos sobre o futuro da Ucrânia e
a segurança na Europa."A história oferece a ele uma oportunidade (de fazer
emergir) uma visão europeia" nesses desafios, estimou Michel Duclos,
ex-embaixador, em uma coluna no diário francês L'Opinion.Mas a aposta
pró-europeia é arriscada num dos países mais eurocéticos, onde a UE é vista
como distante e burocrática. Apenas 29% dos franceses querem mais integração na
comunidade, contra 50% dos italianos e 43% dos alemães, de acordo com um estudo
EuropaNova para o Journal du Dimanche (JDD)."A presidência da UE pode
contribuir para corrigir essa percepção ao propor uma encarnação da Europa, em
benefício e na pessoa de Emmanuel Macron”, afirma Pierre Sellal,
ex-representante da França junto à UE. “Além disso, aos franceses nada
agrada mais do que o sentimento de uma França no comando, que inspira, conduz e
dirige”, acrescenta. Mas a nova onda de Covid-19 que sacode a Europa pode
estragar a "festa" das 400 reuniões e eventos programados em toda a
França.Macron também deve mostrar habilidade em seus encontros com parceiros
que serão "severos" se perceberem "tentativas de
instrumentalizar a presidência para fins eleitorais", adverte
Sellal. Na Alemanha, que vai assumir a presidência do G7 na mesma época, o
novo chanceler, Olaf Scholz, pode se sentir pressionado pelas aspirações do
líder francês. Já em 2017, logo após sua eleição, Macron "colocou seu
vizinho alemão em apuros, dois dias depois das eleições legislativas na
Alemanha, com seu discurso na Sorbonne e propostas muito ambiciosas sobre a
Europa", analisou o jornal alemão Süddeutche Zeitung. ( Fonte R 7
Noticias Internacional)
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