Associação americana diz que são 1,35 milhão de casos por ano;
diagnóstico precoce é fundamental para tratamento adequado.
Em todo o mundo, um em cada cem nascidos tem cardiopatia congênita, segundo a American Heart Association, chegando a 1,35 milhão de doentes por ano. O acompanhamento pré-natal e o diagnóstico precoce são fundamentais para o tratamento adequado de bebês com o problema.Segundo Leonardo Jorge Cordeiro, diretor acadêmico da Ebramed (Escola Brasileira de Medicina), a cardiopatia congênita é uma malformação ou formação incompleta do coração e do sistema circulatório. Ela pode ocorrer nas oito primeiras semanas de gestação, fase do desenvolvimento cardíaco do embrião. “Devido à complexidade do sistema cardiocirculatório, as alterações podem ser as mais diversas, pois podem se dar pela formação errática ou mesmo ao não desenvolvimento, tanto de cavidades do coração, como de problemas nas válvulas, veias e artérias relacionados com o coração”, explica. As cardiopatias congênitas são divididas em cianóticas e acianóticas. Assim como os demais tipos de doenças cardíacas, há diferentes graus de comprometimento, e diversas possibilidades de tratamentos, procedimentos e cirurgias. Para descobrir se um bebê apresenta algum problema, o diagnóstico inicial é feito por um ecocardiograma transtorácico com doppler colorido, realizado preferencialmente por um médico especializado em patologias congênitas. O coração de um bebê já está completamente formado por volta da 20ª semana de gravidez, momento em que costuma ser realizado o ultrassom morfológico, no pré-natal. Segundo Cordeiro, sociedades ligadas a obstetrícia e cardiologia pediátrica e congênita são favoráveis à realização de ecocardiograma fetal, ou seja, com a criança ainda dentro do útero, de forma rotineira, mesmo quando o ultrassom morfológico não indique uma forte suspeita de problemas cardíacos.Possíveis causas O diretor da Ebramed diz que não existe uma causa específica associada ao desenvolvimento de uma cardiopatia congênita, mas há fatores que aumentam a chance de desenvolver problemas cardíacos, como doenças crônicas da mães, como diabetes mellitus e lúpus eritematoso sistêmico.A infecção por rubéola também pode afetar o desenvolvimento do coração do feto nas primeiras oito semanas. Medicações como o lítio, certos anticonvulsivantes, e drogas ilícitas podem levar à malformação. Ainda são consideradas como fatores de risco a gravidez gemelar e a fertilização in vitro. Além disso, observa-se uma maior incidência de alterações cardíacas nos bebês que têm parentes de primeiro grau com histórico de cardiopatia congênitaDe acordo com o especialista, qualquer doença cardíaca diagnosticada mais tardiamente, e que não tenha relação com o desenvolvimento embrionário do coração, recebe o nome de cardiopatia adquirida.Tratamento Os sintomas das cardiopatias congênitas podem ser divididos de acordo com a manifestação da doença no bebê. Os recém-nascidos costumam ter dificuldade para mamar, cansaço, coração acelerado e suor excessivo na cabeça e nos pés.No primeiro ano de vida, há dificuldade de ganho de peso, problemas com o crescimento, aparecimento de sopro no coração, cianose (quando a criança fica com coloração arroxeada), desmaio, dores no peito e palpitações.O tratamento pode não demandar intervenção cirúrgica, ou até incluir três ou mais cirurgias para corrigir os fluxos sanguíneos do paciente. Além disso, há possibilidade de as intervenções serem curativas ou paliativas. As primeiras são as que reestabelecem o sistema cardíaco, levando à cura do indivíduo.“A vida de um cardiopata congênito depende tanto da identificação do tipo de cardiopatia, quanto da precocidade do diagnóstico e do tratamento realizado. Existem condições que sequer necessitam de cirurgia, de forma que a vida segue totalmente normal, mas temos também casos bastante complexos, precocemente diagnosticados, e que passaram por todos os procedimentos necessários nos momentos adequados”, explicou o cardiologista.Panorama De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), cerca de 130 milhões de crianças no mundo têm algum tipo de cardiopatia congênita. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, cerca de 29 mil crianças nascem com esse tipo de doença, e dessas, cerca de 23 mil precisam de cirurgia.Nas regiões Sul e Sudeste, aproximadamente 80% das crianças cardiopatas são diagnosticadas e tratadas. A realidade nas regiões Norte e Nordeste é oposta, na qual até 80% dessas crianças não têm a oportunidade de descobrir a doença e ter acesso ao tratamento. Em muitos casos, as famílias só identificam que o bebê tem algum problema no coração após o nascimento, quando o teste do coraçãozinho é realizado. Ainda na maternidade, o exame é feito nos primeiros dias de vida com um oxímetro, que mede o nível de oxigênio no sangue do bebê e seus batimentos cardíacos. O teste é de baixo custo, rápido, não invasivo, indolor e obrigatório, oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS).( Fonte R 7 Noticias Brasil)