Fome no mundo pode crescer 82% até o fim de 2020,
estima ONU
Crise do coronavírus atingiu com mais
força América Latina e África; programa da ONU atenderá número recorde.
Enquanto
a quase totalidade dos países registrará recessão em 2020, as Nações Unidas estimam que
138 milhões de pessoas precisarão de sua ajuda para comer neste ano. Em 2019, o
número foi de 97 milhões – recorde até então. A escalada da fome está
relacionada à crise econômica da pandemia do novo coronavírus. A recessão
global será de 5,2% em 2020, de acordo com o Banco Mundial,
cujo cálculo mais recente é do último dia 24. Com a recessão, a fome pode
crescer até 82% neste ano, e atingir 270 milhões de
pessoas, segundo a estimativa mais recente do Programa Mundial de Alimentos da
ONU (Organização das Nações Unidas). As áreas mais afetadas são
a América Latina, onde triplicou o número de pessoas que precisam de ajuda para
se alimentar, e a África. Na primeira, a mistura de alta informalidade, crise
econômica que paralisou a oferta de emprego e queda brusca das remessas enviadas
por migrantes em países ricos gerou forte impacto na renda. Na África,
os problemas são os mesmos, mas causaram estragos ainda maiores. Nas porções
ocidental e central do continente, o número de pessoas com fome mais que
dobrou, com alta da ordem de 135%. Na parte sul, o aumento foi menor, mas ainda
significativo: 90%. Socorro
contra a fome Acesso a alimento é “a melhor
proteção contra o caos” até o anúncio de uma vacina, afirmou o diretor
executivo do programa, David Beasley. “Sem comida, poderemos ver aumento do mal
estar social, dos protestos e da migração,
a agudização dos conflitos e uma desnutrição generalizada”. Mesmo antes da
pandemia, a fome no mundo já piorava. Nos últimos quatro anos, de acordo com a
ONU, a chamada “insegurança alimentar severa” cresceu 70%. Entre as razões
estão o agravamento da
pobreza em regiões já carentes, como a África subsaariana e
partes da Ásia, e danos causados pelas mudanças climáticas que geram impacto
nas lavouras. Os especialistas das Nações Unidas também alertam para o fato de
que, nos países pobres, o contágio pelo novo coronavírus e as tentativas de
isolamento tem ocorrido em uma época desfavorável. No meio do ano, começa na
Ásia a temporada de monções. Nas Américas, é época de furacões. Neste 2020,
além do vírus, tempestades de gafanhotos tem varrido o leste da África e a
América do Sul. Vouchers e dinheiro Graças à
pandemia, o programa também mudou a forma de fazer chegar a ajuda às populações
em apuros. Desta vez, mais de metade dos recursos destinados ao combate à fome
será distribuída em dinheiro ou vouchers, em vez de cestas básicas. Segundo o
comunicado do programa, é uma forma de dar mais agilidade às ajudas, já que
elimina uma parcela grande do esforço logístico, e permitir que as próprias
famílias adquiram os produtos de que precisam. Os recursos também ensejam maior
movimentação das economias locais. Para manter o serviço, Beasley informou que
serão necessários mais US$ 4,9 bilhões nos próximos seis meses. A meta é
atender pessoas em 83 países. O Programa Mundial de Alimentos da ONU também
permite doações de pessoa física, no cartão de crédito e débito, por meio do
aplicativo Share The Meal.
O app está disponível em Android e iOS.( Fonte A Referencia Noticias
International)