Óbitos não notificados atrasam
combate a doenças como a Covid na África
Região é a que menos registra óbitos
e suas causas no mundo e situação persiste na pandemia, diz pesquisa.
Um
fator cultural mina a formulação de políticas públicas e o combate a doenças –
incluindo a Covid-19 – na África. São raras as
famílias que notificam óbitos e a maior parte das mortes nunca é registrada
formalmente. Um levantamento do “The New York Times” aponta que todos os
54 países africanos registraram, juntos, menos mortes de Covid-19 do que toda a
França, hoje com pouco mais de 65 mil óbitos pela doença. A lacuna é visível na Divisão
de Estatísticas da ONU (Organização das Nações Unidas),
responsável pela coleta de dados de mortalidade em todo o mundo. Enquanto
a Europa, Américas e Oceania registram 90% de suas mortes, a cobertura da Ásia
é irregular e a da África, defasada; a maioria dos países sequer apresenta
dados. Apesar de ter sido menos afetado pela pandemia em comparação com outras
regiões do mundo, o continente africano tende a contabilizar um número muito
inferior do que o real. Um exemplo é a capital do Sudão, Cartum. Sem um sistema de registro de
óbitos, as autoridades da África tentam contabilizar os casos e as mortes por
Covid-19 via uma pesquisa online distribuída pelo Facebook. No formulário, os sudaneses devem
responder se tiveram sintomas e se fizeram um teste, além de relatar mortes na
família com ou sem diagnóstico preciso do coronavírus. Apesar
da metodologia, o cálculo é que a pandemia matou 16 mil pessoas na cidade – um
número muito maior que as 477 mortes confirmadas até o início de novembro. Pesquisas por túmulos O fator cultural atrapalha, afirma o demógrafo
norte-ameircano Stéphane Helleringer. “Muitas vezes as famílias não sabem que
devem relatar as mortes ou, mesmo que o façam, há pouco incentivo para
fazê-lo”, disse. É comum que famílias enterrem seus entes queridos nos quintais
das casas, onde não precisam de atestados. Na Nigéria,
por exemplo, o país mais populoso da África, há registro de apenas 10% dos
óbitos em 2017. Em países mais pobres, como o Níger, a porcentagem é ainda menor. Assim, as
autoridades tentam contabilizar as taxas de mortalidade com outros métodos. É
comum que agentes realizem pesquisas periódicas para questionar quem morreu na
família e quais foram as causas. Irregulares, os questionários estão longe de
serem informatizados e há uma grande margem para erros. Outro método envolve
ligações com telefones celulares e até a contagem de túmulos em imagens de
satélite e entrevistas a coveiros.(Fonte A Referencia Noticias Internacional)
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