Em audiência pública na Câmara, a falta de
infraestrutura para trabalhar e para viver foi apontada como o maior entrave
20/06/2024
Ao debater o Plano Nacional de Juventude e Sucessão
Rural, participantes de audiência pública na Comissão de Agricultura da Câmara
dos Deputados ressaltaram a importância de criar condições de vida digna para
estimular a permanência dos jovens no campo. Um dos aspectos considerados
cruciais pelos debatedores foi a infraestrutura, principalmente conectividade –
o acesso à telefonia e à internet. A coordenadora nacional de Juventude Rural do
Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Maria
Eduarda Vasconcelos, afirmou que permanência dos 8 milhões de jovens que hoje
vivem no campo em suas comunidades depende de terem acesso não apenas a
trabalho e renda, mas também a cultura e lazer. “Quando a gente está falando
das políticas de juventude, não é só crédito, não é só fomento, a gente também
tem que ter acesso à cultura, a esporte, a lazer, a um campo com vida e com
possibilidades, e esse campo tem que ter acesso à internet, e ele tem que caber
todas as juventudes, principalmente porque o campo está muito masculinizado”,
apontou. Maria Eduarda, uma jovem de 24 anos que viveu em um assentamento na
Paraíba, integra o grupo de trabalho do Governo Federal que elabora o Plano
Nacional de Juventude e Sucessão Rural. O grupo foi criado no final do ano
passado, e, segundo a representante do MDA, o plano será entregue na Semana da
Juventude, em agosto. Projeto de lei
Autor do pedido para a realização do debate, o deputado Zé Silva
(Solidariedade-MG) relata um projeto de lei na Câmara que estabelece a Política
nacional de juventude e sucessão rural. A proposta (PL
9263/17) foi apresentada pelo deputado Patrus Ananias (PT-MG) em 2017.
Zé Silva ressaltou que o campo não pode mais ser considerado apenas um local de
trabalho, mas lugar onde as pessoas possam realizar suas perspectivas de vida.
“Eu vejo como a prioridade mais importante do Congresso Nacional vocês nos
ajudarem com as contribuições de vocês para o meu relatório, [para que] nós
tenhamos, imediatamente, uma política nacional de apoio à juventude rural, e o
campo seja muito mais que um lugar da gente trabalhar feliz, mas ser um lugar
das pessoas viverem e serem felizes com, no mínimo, as mesmas conquistas que
têm nas cidades.” O deputado lembrou que até hoje a população do
campo tem muito menos acesso a políticas públicas importantes, como educação,
esporte, lazer e mesmo energia elétrica e serviços de telefonia. Infraestrutura De acordo com o
diretor-geral do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais - Campus Arinos,
professor Elias Rodrigues de Oliveira Filho, hoje o maior desafio para a
permanência do jovem no campo é realmente a infraestrutura. Segundo disse, os
pequenos produtores rurais sabem como produzir, mas não têm como transportar e
vender a produção. A representante da Confederação Nacional dos
Trabalhadores em Agricultura (Contag), Lyvian Sena, também ressaltou as
dificuldades dos pequenos produtores rurais para comercializar o que produzem.
No entanto, ela sustentou que, com políticas públicas, é possível encontrar
soluções que custam muito pouco. “As políticas públicas não
transformam só a vida de um jovem, mas a vida de toda a sua família e da
comunidade. Muitas vezes, quando um jovem consegue adquirir um carro, ele não
faz o escoamento só da sua produção, ele faz o escoamento da produção da sua comunidade,
e deixa de ficar na mão de um atravessador, que muitas vezes cobra muito caro e
ganha mais do que ele que trabalhou”, explicou. Segundo a gerente
da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater), Isabel
Cristina Lourenço da Silva, atualmente o público da agência é formado por, no
mínimo, 50% de mulheres e 20% de jovens. Ainda conforme a gestora da Anater, de
todos os recursos destinados pelo órgão, 30% são exclusivos de mulheres e
jovens. Reportagem - Maria Neves Edição - Ana Chalub Fonte:
Agência Câmara de Notícias
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