Até o momento, cinco ministros se manifestaram a favor dessa possibilidade: o presidente da corte, Luís Roberto Barroso, e os ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Rosa Weber (já aposentada) e Gilmar Mendes.
(FOLHAPRESS) - O STF (Supremo Tribunal Federal)
prevê o retorno nesta quinta-feira (20) do julgamento que pode levar à
descriminalização do porte de maconha para uso pessoal. A análise será retomada
com o voto do ministro Dias Toffoli. Até o momento, cinco ministros se
manifestaram a favor dessa possibilidade: o presidente da corte, Luís Roberto
Barroso, e os ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Rosa Weber (já
aposentada) e Gilmar Mendes. Com mais um voto o tribunal formará maioria neste
sentido. Há também três votos contra a descriminalização, proferidos pelos
ministros Cristiano Zanin, André Mendonça e Kassio Nunes Marques. O processo
começou a ser julgado em 2015 e foi paralisado em diversas ocasiões, por
pedidos de vista (mais tempo para análise) de ministros. Não é certo que o
Supremo volte a julgar o tema nesta quinta, mas o processo foi incluído na
pauta do dia. O relator do processo é Gilmar Mendes, que defendeu inicialmente
que a medida fosse estendida para todas as drogas e argumentou que a
criminalização compromete medidas de prevenção e redução de danos, além de
gerar punição desproporcional. Ano passado, no entanto, ele ajustou seu voto e
o restringiu à maconha, já que era a tendência a ser formada pela maioria dos
seus colegas. Existem diferenças, porém, a respeito do limite que pode
configurar uso pessoal. Quatro ministros (Gilmar, Moraes, Barroso e Rosa) fixam
a quantidade de 60 gramas ou seis plantas fêmeas para diferenciar usuário e
traficante. Já Fachin afirmou que cabe ao Congresso deve definir a quantia que
diferencia usuário e traficante. Em agosto passado, o primeiro a divergir sobre
a questão da descriminalização foi Zanin. Para ele, a conduta não deve ser
descriminalizada, mas o usuário que estiver com até 25 gramas de maconha não
poderá ser preso. Kassio votou da mesma forma. Já André Mendonça, em seu voto,
fixou a quantia provisória de 10 gramas para diferenciar usuário e traficante e
propôs 180 dias para o Congresso regulamentar o tema. Além de Toffoli, ainda
devem votar os ministros Luiz Fux e Cármen Lúcia. Flávio Dino não vota, porque
é o sucessor de Rosa Weber, que já votou antes de se aposentar. Em março,
quando o Supremo voltou a julgar o tema, o Congresso Nacional reagiu. O Senado,
presidido por Rodrigo Pacheco (PSD-MG), aprovou uma PEC (proposta de emenda à
Constituição) para incluir a criminalização de porte e posse de drogas na
Constituição. O texto foi validado em abril pelos senadores, por ampla maioria,
e no último dia 12 a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos
Deputados aprovou a proposta. Ao anunciar que apoiaria a PEC, Pacheco disse que
uma eventual decisão do STF pela não descriminalização seria bem vista pelo
Congresso. "Não concordamos, obviamente, com a desconstituição daquilo que
o Congresso Nacional decidiu que deve ser crime", afirmou, à época. Como
mostrou a Folha de S.Paulo, uma ala do Supremo entende que, independentemente
da posição do Congresso, há espaço para uma decisão que diferencie usuário e
traficante em relação à maconha. A ação no STF pede que seja declarado
inconstitucional o artigo 28 da lei 11.343/2006, a Lei de Drogas, que considera
crime adquirir, guardar e transportar entorpecentes para consumo pessoal e
prevê penas como prestação de serviços à comunidade. Já a pena prevista para
tráfico de drogas varia de 5 a 20 anos de prisão. A lei, no entanto, não
definiu qual quantidade de droga caracterizaria o uso individual, abrindo
brechas para que usuários sejam enquadrados como traficantes. Assim, o debate
no STF pode definir critérios para distinguir usuários de traficantes. O
julgamento foi suspenso pela última vez em março deste ano, após pedido de
vista do ministro Dias Toffoli. Naquela sessão, o presidente Barroso disse que
definir parâmetros objetivos é necessário para que polícia, Ministério Público
e Judiciário possam diferenciar usuários de traficantes, evitando, assim,
discriminação contra pessoas flagradas com maconha simplesmente em função de
renda ou escolaridade, por exemplo. "O que está em jogo é evitar a
aplicação desigual da lei em razão da cor e das condições sociais e econômicas
do usuário", afirmou Barroso. O ministro disse ainda que,
independentemente do ponto de vista, é preciso reconhecer que a política de
drogas adotada há 50 anos no país, de dura repressão à produção e à
distribuição, não está dando certo. "O consumo e o poder do tráfico só
fizeram aumentar", disse. "Foram despendidos bilhões [de reais] com o
enfrentamento às drogas, com dezenas de milhares de mortos e centenas de
milhares de pessoas encarceradas. A despeito disso, o consumo só fez aumentar e
a violência e a criminalidade associadas ao tráfico explodiram em diferentes
partes do mundo, especialmente na América Latina e particularmente no Brasil.
Insistir no que não funciona, depois de tantas décadas, é uma forma de fugir da
realidade." No caso que serve como referência para o julgamento, a corte
avalia recurso apresentado pela defesa do mecânico Francisco Benedito de Souza.
Ele cumpria pena por porte de arma de fogo no Centro de Detenção Provisória de
Diadema, na Grande São Paulo, mas sofreu nova condenação depois que foram
encontrados 3 gramas de maconha na cela dele. Leia Também: Câmara
aprova projeto que regulamenta bets e retoma autorização para cassinos online.(
Fonte Politica ao Minuto Noticias)