O tema desperdício não é exclusividade do Brasil. Mas, nosso País é recordista desta anomalia social, principalmente quando se fala em comida para humanos.
A falta do alimento básico na mesa dos
brasileiros é assustadora e preocupante. Mas, poderia ser bem menos impactante,
caso a sociedade tivesse consciência do que faz, ou, do que deixa de fazer.
Segundo a Organização das Nações Unidas, aproximadamente 800 milhões de pessoas
passam fome no mundo. Enquanto que, um terço de tudo o que se produz é perdido ou
desperdiçado: 45% de todas as frutas e legumes, 35% dos peixes e frutos do mar,
30% dos cereais, 20% dos produtos lácteos e 20% de carne. De cada três quilos
de peixe pescado no Brasil, um não chega aos pratos da população. Faltam
condições de transporte e de conservação. O custo da falta de compromisso com
os alimentos produzidos é alto: quase um trilhão de dólares, o equivalente a
quase seis trilhões de reais por ano. Mas, embora seja aterrorizante, o
desperdício no Brasil não se resume aos gêneros alimentícios. Desperdiçamos, e
muito, também, outros bens de consumo igualmente importantes para a nossa
sobrevivência. Muitas cidades brasileiras têm sérios problemas com o
abastecimento hídrico. Motivo: mais de 40% da água potável se perde por
vazamentos. Isso significa que a água não chega ao seu destino final (as
residências dos brasileiros). Essa quantidade desperdiçada seria suficiente
para servir a mais de 63 milhões de pessoas em um ano. Sem contar o gasto
desnecessário que dela fazemos diariamente. Isto, sem se falar no desperdício
da energia elétrica. Mais de 71 milhões de reais por dia, ou 27 bilhões de
reais por ano. Os dados são da Associação Brasileira das Empresas de Serviços
de Conservação de Energia. Isso representa, aproximadamente, a metade de toda a
produção de energia elétrica da usina de Itaipu.
Quando o assunto é medicamento, a situação é a mesma, ou, até, pior. O órgão do
Governo Federal encarregado de defender o patrimônio público encontrou, recentemente,
muitos exemplos de desperdício de dinheiro no Ministério da
Saúde. Um dos pontos que chamaram a atenção dos
técnicos da Controladoria Geral da União foi a grande quantidade de remédios
e vacinas incinerados ou extraviados. Foram R$ 21 milhões desperdiçados com a
destruição, por exemplo, de mais de 25 toneladas de vacina pentavalente. E,
quase quatro toneladas de vacina tríplice. No total, em dez meses, foram
jogadas no lixo cerca de 30 toneladas de medicamentos. Isto, por falta de
compromisso de quem ganha altos salários para zelar do patrimônio público e não
o faz corretamente. Sensação do momento: Sesc Anápolis oferece aulas de k-pop
Esta, lamentavelmente, é uma pequena demonstração de que não só dentro da nossa
casa, onde, precisamos confessar, deveríamos dar o exemplo
(desperdiçamos, muito, em nosso ambiente doméstico) mas, principalmente, nos
órgãos públicos, onde o dinheiro do povo não tem sido tratado, ao longo de
muitas décadas, da forma como deveria ser: com respeito. Enquanto isso, milhões
de brasileiros sofrem na pele este descompasso. Sem comida, sem água, sem
energia, sem assistência alguma.( Fonte Jornal Contexteo Noticias GO)