Endividamento paralisa
recuperação brasileira, diz estudo.
Governo tem pouco espaço fiscal para recuperação; depender pouco do
comércio internacional é vantagem.
O
Brasil é um dos países, entre aqueles de renda alta ou média, com menor
capacidade de recuperação pós-pandemia, segundo o estudo “Covid-19 and Peace“, de junho deste ano, do
think tank australiano The Institute of Economics & Peace. A pesquisa estima retração de 5,3% no PIB (Produto
Interno Bruto) em 2020, com alta de 2,9% no ano seguinte. O principal motivo
seria o alto endividamento do país, que dispõe de pouco espaço para contrair empréstimos. O FMI (Fundo Monetário
Internacional) estimou em abril que a dívida brasileira chegará ao equivalente
a 98,2% do PIB. Sem capital, a retomada pode ser lenta – como já acontecia
antes da pandemia, quando houve crescimento de apenas 1,1% no PIB em 2019. A
resultante seria aumento da instabilidade política e de manifestações no
futuro. Pelo
mundo Há previsão de aumento da insegurança também
em outros países, como aqueles que têm alta dívida externa
e dificuldades de honrá-las com a crise. Os exemplos mais evidentes são
Turquia, Líbano e Argentina. Nações como
Sudão do Sul, Burundi, Afeganistão e Libéria, muito dependentes da cada vez
mais escassa ajuda internacional, também sentirão fortes consequências em seus
já fragilizados tecidos sociais. Entre os produtores de petróleo, a queda
acentuada dos preços da commodity também terão problemas. Se há queda de preços
nas nações onde o produto tem fácil extração, como na Arábia Saudita, o impacto
é ainda mais agressivo nos EUA, por exemplo, que produzem o gás de xisto, de
produção cara. A crise pode, diz o relatório, jogar luz a questões relacionadas
à desigualdade social, à insatisfação com o sistema político vigente e à
deterioração do mercado formal de trabalho – inclusive em países ricos.
“O mundo será um lugar muito diferente no futuro”, dizem os responsáveis pela
pesquisa. Saídas possíveis Em contrapartida,
o Brasil tem atividade industrial diversificada e menos dependente do comércio
internacional. Por isso, opera com maior “soberania econômica”: pode produzir
internamente os produtos para consumo sem grandes problemas. Outros países que
têm essa vantagem são EUA, Japão e China. O México e a Coreia do Sul, por
exemplo, são grandes fabricantes de bens intermediários. Boa parte de suas
exportações vêm de reprocessamento e de reenvio de produtos a outros países.
Nesses casos, a recuperação pós-pandemia fica mais atrelada a um aumento das
trocas comerciais. “A pandemia evidenciou
como o sistema socioeconômico global é interconectado, frágil e complexo”, diz
o relatório. “Em questão de semanas, viagens e sistemas de comércio entraram em
colapso.” Há critérios para determinar os níveis de prontidão das nações para enfrentar a crise. Foram
levados em conta baixo endividamento do governo e taxas reduzidas de desemprego
e agilidade do mercado local. Também são relevantes carga tributária
controlada, o que permite aumento de impostos para custear o resgate da
economia e pouca dependência do comércio internacional. Os países com melhor
preparação foram Suíça, Austrália,
Nova Zelândia e Noruega.( Fonte A Referencia Noticias Internacional)