Avaliação leva em conta que o etanol e os outros seis
alimentos beneficiados representam menos de 3% do orçamento familiar.
A decisão do governo de zerar o imposto de importação de
etanol, café, margarina, queijo, macarrão e óleo de soja e
de reduzir em 10% as alíquotas de importação sobre itens de informática e bens
de capital terá impacto limitado para conter a alta de preços e segurar a
inflação, que segue acima dos dois dígitos.Mesmo
com essa medida, eles mantêm as previsões para o ano do IPCA (Índice de Preços
ao Consumidor) na faixa de 7%.Nas contas de André Braz, coordenador de índices
de preços do FGV/Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio
Vargas), o etanol e os alimentos, cujas alíquotas estão zeradas até o final do
ano, representam menos de 3% do orçamento familiar. "Eles pesam menos do
que a conta de luz, que responde por 5% do IPCA", compara.Além de o peso
desse grupo de itens ser pequeno na inflação, como os preços são livres e o
momento atual é de muita volatilidade, a isenção do imposto não necessariamente
se traduz em preços menores ao consumidor, diz o economista. A decisão pode, no
máximo, impedir um aumento maior no preço final, observa. O motivo é que as
cotações das commodities, como soja, trigo, milho, petróleo, seguem muito
pressionadas no mercado internacional por causa da guerra entre Rússia e
Ucrânia. "Parece que essa decisão está na conta de medidas em torno das
eleições, do interesse do governo de se posicionar melhor na corrida eleitoral."
O economista Fábio Silveira, sócio da consultoria MacroSector, concorda com
Braz. "O anúncio desse pacote tem um caráter populista e
eleitoreiro." Ele diz que a desaceleração da inflação no segundo semestre
já é prevista por causa de outros fatores e que o efeito da zeragem do imposto
é muito pequeno. "Não é isso que vai conter preços." Entre os fatores
que devem levar a uma desaceleração da inflação no segundo semestre, apesar de
a sua projeção do IPCA para o ano continuar na faixa de 7% por causa da disparada
de preços do primeiro semestre, o economista aponta a alta dos juros no mundo
especialmente nos Estados Unidos. "A subida dos juros dos títulos do
Tesouro americano reduz os movimentos especulativos de fundos que apostam em
commodities e impulsionam os preços", explica. Outro fator apontado por Silveira é a entrada, no
segundo semestre, das safras de grãos no mercado internacional, o que amplia a
oferta de produtos e segura os preços. Além disso, a valorização do dólar em
relação ao real deve limitar a alta da inflação no Brasil. Câmbio"Se o câmbio continuar se
valorizando, ele terá impacto muito mais importante para segurar a inflação do
que essas reduções de impostos", afirma o economista Guilherme Moreira,
Tcoordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe.Moreira pondera que toda
a redução de imposto é bem-vinda, mas destaca que o problema da inflação neste
momento é muito maior do que os itens nos quais o governo decidiu zerar ou
reduzir o imposto de importação. "A inflação está muito espalhada." No
IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de fevereiro, o último dado
disponível, 74,8% dos 377 itens que compõem o indicador registraram aumento de
preços, um recorde histórico, aponta levantamento da LCA Consultores.Fabio
Romão, economista da LCA, diz que a decisão do governo pouco vai influir na
inflação. No caso do etanol, ele observa que o produto importado respondeu por
apenas 3,8% da oferta no mercado interno no ano passado."É muito pouco,
não tem oferta", argumenta. Além disso, o etanol importado é produzido a
partir do milho, que está em alta no mercado internacional. "Não deve ter
um efeito relevante para o preço da gasolina", afirma. O economista não
alterou a previsão de alta de 10% para a gasolina neste ano e de um IPCA de 6,7%.
( Fonte R 7 Noticias Brasil)