O gesto é um passo adiante na postura que vinha sendo adotada por Washington, que até agora se limitava a cobrar a apresentação de documentos que corroborassem a declaração de Nicolás Maduro.
WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) - Os EUA reconheceram
a vitória de Edmundo González Urrutia na contestada eleição presidencial
venezuelana realizada no último domingo (28). O gesto é um passo adiante na
postura que vinha sendo adotada por Washington, que até agora se limitava a
cobrar a apresentação de documentos que corroborassem a declaração de Nicolás
Maduro. "Parabenizamos Edmundo González Urrutia por sua campanha
bem-sucedida. Agora é o momento para os partidos venezuelanos iniciarem
discussões sobre uma transição respeitosa e pacífica de acordo com a lei
eleitoral venezuelana e os desejos do povo venezuelano", afirmou o
secretário de Estado americano, Antony Blinken, em nota divulgada na noite
desta quinta-feira (1º). O diplomata diz ainda que os EUA vão apoiar o
processo de restabelecimento das normas democráticas na Venezuela e que está
pronto "para considerar maneiras de reforçá-lo conjuntamente com nossos
parceiros internacionais". O CNE (Conselho Nacional
Eleitoral), órgão responsável pelas eleições e controlado pelo chavismo,
declarou o ditador Nicolás Maduro vencedor com 51% dos votos contra 44% de
González, mas ainda não apresentou os documentos que comprovariam esses números.
Washington, assim como outros países, vinha
exigindo que o CNE divulgasse as atas, o que ainda não foi feito. Questionados
se reconheciam uma vitória da oposição, membros do governo americano vinham
sendo evasivos até agora, limitando-se a cobrar a apresentação dos documentos. "Infelizmente, o processamento desses votos e
o anúncio dos resultados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) controlado por
Maduro foram profundamente falhos, resultando em um resultado anunciado que não
representa a vontade do povo venezuelano", diz Blinken na nota. O secretário de Estado afirma que a ausência de
evidências que confirmem a vitória de Maduro e as irregularidades apontadas
pela missão de observação independente do Carter Centre "retiraram
qualquer credibilidade do resultado anunciado pelo CNE". Blinken afirma que, segundo mais de 80% das atas
eleitorais divulgadas pela oposição venezuelana, González foi o vencedor
"por uma margem insuperável". "Observadores independentes
corroboraram esses fatos, e esse resultado também foi apoiado por pesquisas de
boca de urna e contagens rápidas no dia da eleição", diz o diplomata.
"Dada a esmagadora evidência, é claro para
os Estados Unidos e, mais importante, para o povo venezuelano, que Edmundo
González Urrutia obteve a maioria dos votos na eleição presidencial de 28 de
julho na Venezuela", completa. Blinken
também classifica as ameaças feitas por Maduro contra González e a líder da
oposição venezuelana, María Corina Machado, como "uma tentativa
antidemocrática de reprimir a participação política e manter o poder".
O secretário de Estado afirma que mesmo antes da
eleição os EUA estavam em contato com outros países aliados e ressalta que,
embora as abordagens tomadas por cada um após o pleito tenham sido diferentes,
"nenhum concluiu que Nicolás Maduro recebeu a maioria dos votos nesta
eleição". O Brasil é um dos
países que vinham mantendo consultas com Washington sobre o tema. Na terça, os
presidentes Joe Biden e Lula chegaram a conversar por telefone. Até agora, a
postura de Brasília vem sendo cobrar a apresentação das atas, sem se manifestar
sobre qual lado teria saído vencedor. O petista afirmou que não via "nada de
anormal", enquanto seu partido divulgou uma nota em que afirmou que o
processo eleitoral venezuelano foi democrático e soberano. Nesta quinta, o brasileiro,
em conjunto com os presidentes do México e da Colômbia, divulgou uma nota
conjunta em que pede a divulgação de atas e uma verificação imparcial dos
resultados da eleição na Venezuela. (Fonte Mundo ao Minuto Notícias)
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