Estadista
impulsionou reformas democráticas e econômicas no país, que resultaram no fim
da União Soviética e da Guerra Fria.
Centenas de russos deram seu
último adeus, neste sábado (3), a Mikhail Gorbachev,
o último líder da União Soviética, em uma cerimônia sem brilho e sem a presença
do presidente Vladimir
Putin. Gorbachev, uma figura-chave da segunda metade do
século 20, morreu na terça-feira
(30) aos 91 anos de uma "doença longa e
grave".Durante o mandato no poder, de 1985 a 1991, Gorbachev impulsionou
reformas democráticas e econômicas para tentar salvar a União Soviética,
encerrando assim a Guerra Fria. Mas o processo histórico iniciado por ele
acelerou o desmembramento do país, que durante décadas disputou a o pioneirismo
mundial com os Estados Unidos. Esse legado de Gorbachev ainda merece a
apreciação dos países ocidentais, que o veem como um homem de paz. Muitos
russos, por outro lado, atribuem a ele o recuo geopolítico de Moscou e o
colapso econômico e moral da Rússia nos anos após o desaparecimento da URSS.Confirmando
esse descontentamento, o governo russo não decretou nenhum dia oficial de luto.
E, acima de tudo, a cerimônia ocorreu na ausência de Vladimir Putin, o que o
Kremlin atribuiu a problemas de agendamento. Centenas de pessoas fizeram fila,
no entanto, diante da Casa dos Sindicatos, um local simbólico em Moscou onde os
restos mortais de vários ícones do período socialista foram velados, incluindo
os de Josef Stalin em 1953, para dar seu último adeus a Gorbachev. No
interior, um grande retrato do falecido ex-líder podia ser visto ao lado de seu
caixão aberto. De um lado estava Irina, filha de Gorbachev, junto com outros
parentes.Ao lado do caixão, estavam dois guardas uniformizados enquanto os
visitantes colocavam flores e se curvavam em respeito.O ex-líder será sepultado
no cemitério Novodievichi, junto com sua esposa Raísa, falecida em 1999. Viktor OrbanEm meio a uma crise aberta
entre Moscou e o Ocidente devido ao conflito na Ucrânia, nenhum grande líder
mundial esteve presente na cerimônia. O primeiro-ministro húngaro, Viktor
Orban, nacionalista próximo ao Kremlin, foi o único líder estrangeiro cuja
chegada foi anunciada no sábado. De acordo com a presidência russa, nenhum
encontro entre ele e Putin está planejado.O presidente russo também não ignorou
totalmente a morte. Na quinta-feira, ele visitou o hospital onde Gorbachev
morreu e foi mostrado na televisão curvando-se ao caixão, no qual colocou
flores.Na quarta-feira, o atual homem forte da Rússia prestou uma homenagem a
Gorbachev com implicações mínimas, dizendo que ele era "um estadista que
teve um grande impacto na evolução da história mundial" e se esforçou para
encontrar "suas próprias soluções para problemas urgentes".A relação
entre Putin e Gorbachev oscilou entre momentos de estima e reprovação, antes de
dar lugar a uma cordial indiferença mútua.As capitais ocidentais, por sua vez,
lembraram com carinho a figura de Gorbachev, por ter promovido a reaproximação
Leste-Oeste e a redução dos arsenais nucleares, o que lhe rendeu o Prêmio Nobel
da Paz em 1990O presidente dos EUA, Joe Biden, chamou Gorbachev de "um
líder excepcional, com a imaginação para ver que um futuro diferente era
possível e a coragem de arriscar sua carreira para alcançá-lo".A Alemanha,
cuja reunificação foi possibilitada pela queda do Muro de Berlim no meio da era
Gorbachev, anunciou que as bandeiras de Berlim seriam abaixadas a meio mastro
no sábado.Na Rússia, por outro lado, Gorbachev é frequentemente descrito como o
coveiro da grande potência soviética, que teve um fim humilhante.O primeiro
presidente pós-soviético da Rússia, Boris Yeltsin, que liderou o país na
dolorosa transição para uma economia de mercado, teve um funeral nacional em
2007.Essas cerimônias contaram com a presença de Gorbachev e Putin, que havia
sido designado por Yeltsin como seu sucessor.( Fonte R 7 Noticias
Internacional)