Grupo conquistou cidades importantes do norte do país nos últimos 5 dias
e milhares de civis fugiram da região.
O Talibã assumiu, nesta
terça-feira (10), o controle de outra capital provincial, Farah, no oeste do
Afeganistão, a sétima capturada em cinco dias, enquanto reforçam seu controle
no norte, de onde milhares de civis fogem ante o avanço dos insurgentes. "Esta
tarde (terça-feira), o Talibã entrou em Farah após um breve combate contra as
forças de segurança. Tomaram o gabinete do governador e a sede da polícia. As
forças de segurança se retiraram para uma base militar", disse Shahla
Abubar, uma vereadora local. Além disso, os talibãs começam a se aproximar de
Mazar-i-Sharif, a maior cidade do norte do Afeganistão, região na qual
estabeleceram suas posições e da qual os civis tentam fugir em larga escala
ante o avanço sem pausa dos insurgentes. Cidade histórica e centro
comercial, Mazar-i-Sharif é o pilar sobre o qual o governo sempre se apoiou
para controlar o norte do país, uma zona habitualmente contrária aos talibãs. Foi
nesta região em que os insurgentes encontraram a resistência mais intensa
durante sua ascensão ao poder nos anos 1990, inclusive durante seu regime
(1996-2001), quando adotaram uma versão extremamente rigorosa da lei islâmica. Nesta
terça, atacaram os bairros da periferia de Mazar-i-Sharif, mas foram repelidos,
segundo um jornalista da AFP no local.Leia mais: Talibãs atacam
aeroporto de Kandahar, no Afeganistão Atualmente, os
talibãs avançam em um ritmo frenético e dominam cinco das nove capitais
provinciais do norte. No sul, controlam Zaranj, e agora Farah, a sétima das 34
capitais provinciais afegãs sob seu poder. No domingo (8), em apenas poucas
horas, assumiram o controle de Kunduz, ponto estratégico entre Cabul e
Tadjiquistão, Taloqan e Sar-e-Pul. No sábado, tomaram Sibargan, reduto do
célebre chefe de guerra Abdul Rashid Dostom e, na segunda-feira, conquistaram
Aibak. No alvo agora está Mazar-i-Sharif, cuja periferia já foi atacada nesta
madrugada. Também iniciaram ofensivas em outras duas capitais do norte,
Pul-e-Khomri e Faizabad. De acordo com o Ministério afegão da Defesa, os
talibãs foram repelidos em todas elas. Contatos
diplomáticos Em meio a intensos combates no norte e no sul, com cidades
como Kandahar e Lashkar Gah cercadas há vários dias, Doha recebe uma reunião
com representantes de Estados Unidos, Catar, China, Reino Unido, Paquistão,
Uzbequistão, ONU e União Europeia. A cidade no Catar sedia desde setembro
passado negociações entre o governo afegão e os talibãs. Esta tentativa de
diálogo foi estabelecida no acordo de paz assinado em fevereiro de 2020 entre
os insurgentes e o governo dos Estados Unidos, o qual previa a retirada das
tropas estrangeiras do Afeganistão. As negociações estão paralisadas e,
aproveitando-se da saída das tropas americanas, os talibãs iniciaram em maio
uma forte ofensiva, com a qual assumiram o controle de vastas zonas rurais, em
um primeiro momento. Agora, voltam-se contra as cidades. Leia mais: Afeganistão luta
para evitar que talibãs tomem cidades importantes Apesar
das esperanças reduzidas, Zalmay Khalilzad "fará um apelo para que os
talibãs interrompam sua ofensiva militar e negociem um acordo político",
afirmou o Departamento de Estado americano. A retirada das forças
internacionais foi decidida pelo então presidente americano, Donald Trump. Seu
sucessor Joe Biden adiou a saída em alguns meses, mas as forças americanas e
estrangeiras devem pôr fim a duas décadas de sua ostensiva presença no
território até o fim de agosto. Nas últimas semanas, o governo Biden deixou
claro que a linha de comando não mudará: Washington manterá o apoio a Cabul,
mas são os afegãos que deverão decidir seu destino. "Trata-se de defender
seu país. É o seu combate", disse o porta-voz do Pentágono, John Kirby. Deslocados acampados em Cabul Milhares de
pessoas fugiram do norte, e muitas chegaram a Cabul após uma viagem cansativa
de 10 horas de carro. Ao longo do trajeto, precisaram passar por vários postos
de controle dos insurgentes. Os talibãs "assaltam e saqueiam",
relatou Rahima, uma mulher acampada ao lado de centenas de deslocados em um
parque de Cabul, depois de fugir de Sibargan. "Se há uma jovem, ou uma
viúva, em uma família, levam ela à força. Fugimos para proteger nossa
honra", afirmou. Farid, que fugiu de Kunduz, não escondeu o desespero.
"Estamos tão cansados, e nossos corações, abalados pela vida",
desabafou. A cidade, que representa a maior vitória para os talibãs até agora,
recuperou a calma nesta terça-feira, disseram moradores à AFP.( Fonte R 7
Noticias Internacional)