ONG analisou acordos inseridos na
“Nova Rota da Seda” e suas consequências para comunidades marginalizadas.
Pelo
menos 679 incidentes de violações de direitos humanos envolvendo empresas
chinesas que operam no exterior foram registrados entre 2013 e 2020. A
informação consta em um relatório divulgado pela ONG BHRRC (Centro de Recursos
de Negócios e Direitos Humanos, da sigla em inglês) nesta quarta-feira (11). A
informação é do jornal South China
Morning Post, de Hong Kong O documento aborda a iniciativa chinesa
batizada de “Nova Rota da
Seda” (Belt and Road Iniciative, da sigla em
inglês BRI) e suas consequências para comunidades marginalizadas em inúmeros
países. O documento da organização, sediada em
Londres, revela que os supostos abusos são mais frequentes e devastadores em
países com “governança mais fraca e onde os investimentos chineses são
dominantes”. Mais de 1,6 mil questões estão relacionadas aos direitos humanos –
incluindo direitos à terra, poluição, saúde e proteção aos povos indígenas –,
já que mais de um problema pode ser identificado em cada uma das alegações. Quase
um terço das violações ocorreram no sudeste da Ásia, incluindo Mianmar, Laos, Camboja e Indonésia. Países
africanos e latino-americanos também tiveram destaque, incluindo Peru e
Equador, pois empresas e bancos estatais chineses têm investido bilhões em armas, minério
de ferro e eletricidade na América Latina, alavancando
interesses econômicos dos asiáticos no continente e causando impactos
ambientais e na vida de povos indígenas.O relatório afirma, inclusive, que
muitos das ofensas aos direitos humanos estão justamente ligadas às atividades
empresariais chinesas de metal e mineração, energia de combustíveis fósseis e
construção.A Nova Rota da Seda, lançada pelo
presidente chinês Xi Jinping em
2013, é um projeto plurianual de investimento e infraestrutura, que visa à
promoção da política externa e a influência da China em todo o mundo.Bancos em
silêncio O BHRRC também apontou que bancos chineses
têm uma taxa “desanimadora” de engajamento com as preocupações sobre os
impactos de seus investimentos no exterior, no que tange aos direitos humanos. A
entidade diz que os bancos da China, entre eles privados, estatais e de
desenvolvimento, responderam a apenas um dos 20 pedidos para responder um
questionário sobre o assunto levantado por organizações da sociedade civil. O
grupo afirma que as empresas chinesas têm uma taxa de resposta geral de 24%,
aquém de outras grandes economias asiáticas, como Índia, Japão e Indonésia,
nos quais as empresas responderam entre 43% e 68% das vezes. O BHRRC afirma que o silêncio sugerido pela “desanimadora” taxa de resposta de
5% indica “uma relutância geral dos bancos chineses em se envolver com questões
pertinentes à sociedade civil ou em aprender mais sobre seus impactos e
melhorar seu desempenho social e ambiental”.Desastre humanitário Uma barragem hidrelétrica de grande escala financiada
pela China no nordeste do Camboja,
concluída em 2018, minou a vida e a subsistência de milhares de pessoas, disse
a ONG Human
Rights Watch em um relatório divulgado também nesta quarta
(12) e detalhado pelo jornal “The Telegraph”.
A represa Lower Sesan 2, uma das maiores da Ásia, inundou grandes áreas da
confluência dos rios Sesan e Srepok, dois afluentes do rio Mekong. A obra
“lavou os meios de subsistência” de comunidades indígenas e de minorias étnicas
que dependiam da pesca,
coleta de floresta e agricultura quando as áreas próximas foram inundadas.O
estudo da ONG, intitulado “Subaquático: Impactos sobre os
direitos humanos de um projeto do cinturão chinês e de estradas no Camboja”,
revela violações de direitos econômicos, sociais e culturais contra cerca de 5
mil habitantes locais diretamente impactados pela barragem.( Fonte A Referencia
Noticias Internacional)
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