Presidente Arthur Lira diz que objetivo é manter o
nível elevado dos debates.
O presidente da
Câmara dos Deputados, Arthur
Lira (PP-AL), informou que a reunião do Colégio de Líderes da próxima
terça-feira (14) vai discutir regras de convivência entre os parlamentares após
uma semana marcada por troca de ofensas no Plenário. Lira quer estabelecer
“boas práticas de oratória” para que o embate eleitoral seja encerrado. “Foi
deprimente o que nós vimos aqui ante o comportamento de parlamentares, de parte
a parte, uns acusando, outros defendendo, e vice-versa”, disse. O presidente da
Câmara destacou que o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar será instalado e
que os deputados poderão ser punidos. “A partir da eleição do próximo Conselho
de Ética, independentemente de lado, sigla, ideologia, pensamento partidário, o
deputado ou a deputada que se exceder no Plenário desta Casa responderá perante
o Conselho de Ética”, disse. Na avaliação de Arthur Lira, o objetivo é manter o
nível elevado dos debates políticos, não censurar parlamentares. “Nós aqui
não iremos tolher fala de parlamentar, não iremos tolher o que o parlamentar
vai falar. Eu só estou dizendo que o que o parlamentar falar pode ter
consequência”, disse. Primeira representação A primeira
semana de embates já gerou uma denúncia. O PSB anunciou que vai acionar o
Conselho de Ética contra o deputado Sargento Fahur (PSD-PR)
por suposta ofensa ao ministro da Justiça, Flávio Dino. Durante um encontro de
parlamentares com a indústria da Defesa, realizado na quinta-feira (9) na
Câmara dos Deputados, ao criticar as políticas contra a liberação de armas para
os cidadãos, o deputado encerrou a fala com a seguinte frase: “Flávio Dino, vem
buscar minha arma aqui, seu m…”. O líder do PSB, deputado Felipe Carreras (PSB-PE),
avaliou se tratar de uma ameaça à vida do ministro e vai processar o
parlamentar. “Ninguém, sobretudo um deputado, tem o direito ameaçar a vida de
outra pessoa, como fizeram com o Ministro da Justiça”, disse Carreras. O
partido avaliou que a imunidade parlamentar não deve ser sinônimo de impunidade
para “cometer crimes contra a vida de outras pessoas ou incitar o ódio”. Sargento
Fahur negou que tenha ameaçado a vida de Flávio Dino e reconheceu que se
excedeu na manifestação. "No caso da ofensa pessoal, acredito sim ser
injustificável, mas não foi ameaça", afirmou. "Estou no início do meu
segundo mandato e, durante todo o primeiro acompanhei debates e mesmo ataques
calorosos no Plenário e nas comissões e isso talvez tenha feito com que me
excedesse um pouco em minha manifestação", disse. Imunidade
Parlamentar A Constituição Federal estabelece, no Art. 53, que
os deputados e senadores são invioláveis por quaisquer de suas opiniões,
palavras e votos.O Supremo Tribunal Federal (STF), no entanto, já decidiu que a
chamada imunidade parlamentar é restrita às declarações relacionadas ao
exercício das funções parlamentares e não poderá ser invocada contra crimes.“O
Parlamento é o local por excelência para o livre mercado de ideias – não para o
livre mercado de ofensas. A liberdade de expressão política dos parlamentares,
ainda que vigorosa, deve se manter nos limites da civilidade”, decidiu em 2020
o ex-ministro Marco Aurélio Mello.A Corte também já decidiu que a imunidade
parlamentar não poderá isentar o parlamentar de afirmações feitas contra a
democracia e o Estado de Direito, inclusive declarações pelas redes sociais. Fonte:
Agência Câmara de Notícias Reportagem – Carol Siqueira Edição – Roberto
Seabra
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