Ao desembarcar no Catar, repórter disse que foi preso e
mantido em cativeiro sem qualquer motivo.
Após ser libertado da prisão, indultado e expulso de Mianmar na
última segunda-feira (15), o jornalista americano Danny Fenster disse, ao
desembarcar em Doha, que foi "detido sem motivo", mas que não
"passou fome, nem foi agredido"."Fui preso e mantido em
cativeiro sem qualquer razão (...) mas fisicamente estava são. Não passei fome,
nem fui agredido", declarou o repórter, em sua chegada a Doha, capital do
Catar. Fenster foi indultado antes de ser solto por "razões
humanitárias", após negociações com o ex-diplomata americano Bill
Richardson e com dois enviados japoneses, declarou a junta militar birmanesa em
um comunicado. Sua libertação foi obtida por meio de "negociações
cara a cara" entre o chefe da junta, Min Aung Hlaing, e Richardson,
disse a assessoria do ex-diplomata americano, em uma nota. Agora, ambos seguem
para os Estados Unidos, "via Catar, por um dia e meio", acrescentou."Estamos
muito felizes que Danny tenha sido libertado e esteja a caminho de casa.
Estamos ansiosos para tê-lo em nossos braços", afirmaram os familiares do
jornalista em um comunicado. "Somos imensamente gratos a todas as
pessoas que ajudaram a garantir sua libertação, especialmente ao embaixador
Richardson, assim como aos nossos amigos e ao público que expressou seu apoio e
esteve ao nosso lado, enquanto suportamos estes longos e difíceis meses",
acrescentou o texto.O Departamento de Estado americano também saudou a
libertação. Uma foto publicada por Richardson mostra Fenster de bermuda e
chinelo na frente de um pequeno avião, na pista do aeroporto de Naipyidaw,
capital de Mianmar.Fenster, de 37 anos, é o primeiro jornalista ocidental a ser
detido em muitos anos em Mianmar. Os militares tomaram o poder em
fevereiro deste ano, derrubando o governo civil de facto
liderado por Aung San Suu Kyi. O repórter do veículo Frontier Myanmar foi
condenado a 11 anos de prisão, na sexta-feira (12), por incitação à
dissidência, associação ilegal e violação da lei de vistos. O
jornalista trabalhava para a Frontier Myanmar desde meados de 2020. Cobriu o
golpe militar e a posterior repressão à dissidência. No momento de sua
prisão, no Aeroporto Internacional de Yangon, em 24 de maio, Fenster se
preparava para pegar um avião para deixar o país."Não fez nada de errado""É uma notícia maravilhosa para todos,
tanto amigos quanto familiares", disse à AFP Andrew Nachemson, um de seus
colegas no Frontier Myanmar. "Mas, é claro, ele nunca deveria ter
tido de passar seis meses na prisão (...), e todos os jornalistas locais que
permanecerem na prisão também deveriam ser libertados imediatamente",
acrescentou. Richardson chegou no início do mês a Naipyidaw, como parte de
uma "missão humanitária" privada, declarando que o Departamento de
Estado americano pediu a ele que não abordasse o caso de Fenster durante sua
visita. Fenster ficou preso durante 176 dias e contraiu Covid-19 durante
sua detenção, relataram familiares em uma teleconferência com jornalistas
americanos em agosto passado. "Esta é uma notícia fantástica para
Danny e sua família", disse à AFP Richard Horsey, especialista em Mianmar
da ONG International Crisis Group. "Ele não fez nada de errado e não teria
que passar por esse inferno", frisou. "É importante, neste momento,
também lembrar dos jornalistas birmaneses que se encontram detidos injustamente
e que devem ser libertados", completou.Mianmar foi mergulhada no caos em
1º de fevereiro, por conta do golpe de Estado que pôs fim a um hiato
democrático de uma década. O regime mantém uma repressão sangrenta contra
a oposição, com um balanço de mais de 1.200 civis mortos e 7.000 detidos,
segundo a Associação de Assistência a Presos Políticos (AAPP). A ONG local
denunciou casos de tortura, estupro e execuções extrajudiciais cometidos pelas
forças da ordem.Mais de 100 jornalistas foram presos desde o golpe, de acordo
com a Reporting ASEAN, uma associação de defesa da liberdade de imprensa.
Segundo esta ONG, 31 deles continuam detidos. ( Fonte R 7 Noticias Internacional)
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