Militares
se rebelaram para exigir mais recursos para conter os jihadistas, que
atuam no país desde 2015.
O presidente de Burkina Faso,
Roch Marc Christian Kaboré, foi detido nesta segunda-feira (24) por militares
amotinados e está preso em um quartel em Uagadugu, a capital do país — disseram
fontes dos serviços de segurança à AFP. "O presidente Kaboré, o chefe
do Parlamento e os ministros estão efetivamente nas mãos dos soldados", no
quartel de Sangoulé Lamizana, em Uagadugu, confirmaram as mesmas fontes. Os
militares se amotinaram em vários pontos do país africano desde domingo para
exigir mais recursos para conter os jihadistas. No poder desde 2015 e
reeleito cinco anos depois com a promessa de tornar prioridade a luta contra os
extremistas, Kaboré vinha sendo cada vez mais criticado pela população, farta
da violência jihadista e de sua incapacidade de enfrentá-la.Na manhã desta
segunda-feira, um jornalista da AFP viu um grupo de soldados encapuzados e
armados do lado de fora da sede da Rádio-Televisão de Burkina (RTB), que
transmitia programas de entretenimento. Soldados se rebelaram em vários
quartéis do país ontem para exigir a renúncia dos chefes do Exército, assim
como "meios adequados" para combater os jihadistas, que atuam no
território desde 2015. Na noite deste domingo (23), foram ouvidos tiros
perto da residência do chefe de Estado, e um helicóptero sobrevoou a área com
todas as luzes apagadas, segundo moradores.Nos últimos meses, houve várias
manifestações de protesto no país para denunciar a incapacidade das autoridades
de conter o número crescente de atentados jihadistas. Apoio aos amotinados Em Burkina Faso, manifestantes
foram às ruas no domingo apoiar os amotinados e montaram barricadas em várias
avenidas da capital que depois foram dispersadas pela polícia, acompanharam
jornalistas da AFP. Tiros também foram ouvidos durante horas em vários
quartéis de Burkina Faso, inclusive Sangoule Lamizana e Baba Sy, e na base
aérea de Uagadugu.Também houve tumultos em Kaya e Ouahigouya, no norte do país,
onde se concentra a maior parte dos ataques jihadistas, relataram moradores e
fontes militares. O governo reconheceu que tiros foram disparados em
vários quartéis, mas negou "a tomada por parte do Exército". Na
noite de domingo, o presidente Kaboré decretou toque de recolher, "até
novo aviso", das 20h às 5h30 (17h e 2h30 em Brasília, respectivamente).
Também foi anunciado o fechamento das escolas nesta segunda e
terça-feira. Assim como Mali e Níger, Burkina Faso está mergulhada em uma
espiral de violência atribuída a grupos jihadistas armados. Eles são afiliados
à Al Qaeda e ao Estado Islâmico (EI).Dirigidos a civis e militares, os ataques
são cada vez mais frequentes e se concentram no norte e no leste do país. Em
quase sete anos, a violência dos grupos jihadistas deixou mais de 2.000 mortos
e 1,5 milhão de deslocados.A chegada do presidente Kaboré ao poder, em 2015,
trouxe grandes esperanças para o país. Ele tomou posse um ano depois da queda
de Blaise Compaoré, derrubado por uma revolta popular após 27 anos no
cargo. Foi nesse mesmo ano, porém, que Burkina Faso, até então poupada,
começou a sofrer ataques de grupos jihadistas armados. Desde então, eles não
param de aumentar.( Fonte R 7 Noticias Internacional)