Relatório feito por especialistas, com projeções para o
próximo ano, prevê desaceleração do crescimento econômico mundial.
A manutenção da Selic, a taxa de juros
oficial da economia brasileira, em 13,75% pela
terceira vez seguida, após a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do
BC (Banco Central), na quarta-feira (7), levou especialistas do mercado
financeiro a adotar posição de maior cautela em relação à bolsa e nas projeções
sobre os melhores investimentos para 2023. Em relatório divulgado nesta
quinta (8), economistas e estrategistas da XP Investimentos afirmam que,
diferentemente deste ano, em que a preocupação foi com a inflação, em 2023,
devem se sobressair as incertezas em relação ao crescimento das principais
economias do mundo, como os EUA e a Europa, uma vez que vários indicadores
antecedentes apontam para uma possível recessão em países desenvolvidos. "Dados
compilados pela Bloomberg mostram que o crescimento econômico mundial deve
desacelerar para 2,1% em 2023, vindo de 2,9% em 2022. Caso haja uma
recessão global, essas projeções podem se mostrar ainda elevadas", diz o
documento. Especialistas da XP revisaram a projeção para o Ibovespa no
fim de 2023 para 125 mil pontos (em vez dos 135 mil pontos previstos
anteriormente). Apesar do bom valor e do potencial de alta, os riscos ficam por
conta da expectativa de recessão, que pode vir na esteira de políticas monetárias
contracionistas nas principais economias. Com esse cenário, o Brasil aparece
como a 'bola da vez' para investidores estrangeiros no próximo ano, ao lado do
México, comentou Fernando Ferreira, estrategista-chefe e head do research
da XP, durante a apresentação do relatório. "Os dois países aparecem como
boas opções para investidores globais, o Brasil por causa do preços das
commodities e dos papeis baratos. Já os investidores locais devem preferir a
renda fixa e não variável, por causa dos juros altos", explicou. Os
economistas da empresa de investimentos também citam como vantagens o fato de o
país estar longe de tensões geopolíticas, poder se beneficiar da reabertura da
economia chinesa após as restrições da política de Covid zero, e a boa recepção
internacional da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Também são
positivas a desaceleração gradual da inflação e o investimento como percentual
do PIB (no maior nível em 7 anos), que sugere crescimento potencial mais forte
à frente (estimado em 2% ao ano). A manutenção desse quadro, dizem, exige
estabilidade fiscal.Internamente, a principal ameaça, citada no relatório, está
na trajetória de política fiscal, que é incerta e deve manter a volatilidade do
mercado em alta. "Sem uma regra clara e crível para os gastos, a dívida
pública não se estabilizará no futuro previsível, pressionando a confiança dos
empresários e as expectativas de inflação", diz o documento, com a
ressalva de que ainda é cedo para dizer qual será a política fiscal do terceiro
mandato de Lula na presidência.Ainda em relação ao governo eleito, Paulo Gama,
analista de política da XP, avalia que a oposição no Congresso não parece ser
muito maior que a enfrentada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) e, por isso,
não se espera dificuldade na formação de base. "Não houve grande
dificuldade para a aprovação da PEC da transição no Senado, e até partidos como
o PP, PL e Republicanos já articulam algum tipo de apoio à nova gestão",
comentou. "Lula foi eleito com o desafio de conciliar duas promessas:
uma agenda de expansão de gastos, mas lastreada em responsabilidade e
previsibilidade", diz o relatório que, mais adiante, afirma que
o período de transição já começou com uma plataforma expansionista. No
documento, os especialistas dizem que, no Brasil, a relação entre a dívida e o
PIB está em níveis elevados, com as pressões sobre os gastos aumentando. Para o
governo estabilizar a dívida pública, precisa criar uma regra clara para os
gastos, o que pode garantir a confiança dos empresários."A
sustentabilidade fiscal é a chave para o equilíbrio macroeconômico", diz o
relatório. "Para 2023, assumimos uma expansão de despesas de R$ 140
bilhões acima do teto, que levará a déficits e elevação da dívida". Os
economistas da XP também projetam que, no fim do ano que vem, o dólar estará
valendo R$ 5,30, "possivelmente porque a piora do quadro fiscal deve
continuar pesando sobre a taxa de câmbio".Além disso, os especialistas
dizem acreditar que o Copom deve manter a taxa de juros em 13,75% até o final
de 2023, em resposta à política fiscal mais expansionista do novo governo.
"E a política monetária de 2024 dependerá de uma nova âncora fiscal, com
maior previsibilidade da dívida, podendo levar a Selic, gradativamente, para
patamar mais neutro, em torno de 5%", afirmam no relatório.( Fonte R 7
Noticias Brasil)
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