Paes diz que sentimento por nadadores é de 'pena' e 'desprezo'
Ele disse que é preciso aceitar as desculpas do Comitê Olímpico Americano.
No domingo (14), Ryan Lochte relatou que foi assaltado; roubo não aconteceu.
O prefeito do Rio, Eduardo Paes, declarou na manhã desta sexta-feira (19) que “seu único sentimento” pelos nadadores americanos que reportaram um assalto que não ocorreu, após uma festa na Casa França, Zona Sul, no domingo (14), "é de pena e desprezo”.
"Em relação aos nadadores, eu confesso que o meu único sentimento em relação a eles é de pena, desprezo. Que pena que tenham algumas falhas de caráter, e acho que é problema deles e do comitê olímpico americano para resolver o que fazer", disse o prefeito.
A declaração ocorreu após coletiva de imprensa para falar sobre o flag handover, a passagem da bandeira olímpica. A bandeira será entregue para Tóquio, cidade que receberá os Jogos Olímpicos em 2020, pelo prefeito do Rio durante a cerimônia de encerramento dos Jogos Rio 2016, no próximo domingo (21).
Paes ressaltou ainda que os nadadores envolvidos no caso não representam os atletas do país, e destacou a performance de Michael Phelps. O prefeito disse que o campeão olímpico se tornou uma espécie de ídolo brasileiro.
"Eu acho que todos nós mais do que temos que agradecer e aceitar as desculpas do Comitê Olímpico dos Estados Unidos. Foi um gesto de muita coesão da parte deles. Da mesma maneira que o nosso comitê olímpico, quando se imaginava que os quatro tinham sido alvo da violência urbana, tinha se desculpado. É muito correta a conduta deles e as desculpas estão mais do que aceitas", declarou.
Falso assalto
Prevista no artigo 340 do Código Penal, a "falsa comunicação de crime" significa "provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado". A pena é de detenção, de um a seis meses, ou multa.
Investigão revelou mentira
Na apuração do caso, a Polícia Civil descobriu que os nadadores pararam em um posto de gasolina para ir ao banheiro. Os funcionários disseram que os nadadores vandalizaram o banheiro e foram abordados para pagar o prejuízio. O segurança relatou que chamou a Polícia Militar pelo telefone 190.
"Primeira coisa que eu fiz foi chamar a polícia. Comuniquei ao taxista para não sair com o veículo, que eles tinham cometido um ato criminoso. Eles tinham destruído o patrimônio do posto e falei que era para aguardar, que eu tinha chamado a viatura. O taxista falou: ‘Tudo bem’", explicou o segurança.
Segundo o relato do segurança, os americanos não queriam aguardar a chegada da polícia e dois teriam saído caminhando pela rua.
"Dois correram para a rua. Dois ficaram porque eu segurei. Eu falei que não ia sair. Quando esses dois que foram para a rua viram que os amigos deles estavam comigo, voltaram na minha direção. Quando eles voltaram na minha direção, se eles iam me agredir ou não, porque eles estavam muito alterados. Muito, muito, muito. Meu amigo que estava comigo no posto viu os dois vindo na minha direção, sacou a arma, falou para eles pararem. Foi quando eu saquei a minha arma também, me identifiquei", contou o segurança.
"Falei para todo mundo deitar no chão. Depois que chegou uma pessoa que conseguia se comunicar em inglês. Botaram. Falou para eles deitarem, que era policial, que estava ali para ajudar, e falaram que eles quebraram o banheiro, fizeram xixi no chão. Urinaram no chão e eles falaram que estavam com 20 dólares e 100 reais para pagar o prejuízo que eles deram no posto", afirmou.
Na ocasião, um DJ que estava na região ajudou a traduzir a conversa com os americanos. "Eles entregaram o dinheiro na mão desse rapaz que estava verbalizando com ele. Entreguei na mão do gerente para o dono do posto. Esse dinheiro é para pagar o prejuízo que eles estão indo embora. A viatura não chegou”, afirmou.
O segurança contou que nenhum dos atletas foi revistado. “Eu nem carteira deles eu vi. Nem vi carteira. Eu só vi na hora que ele deu 20 dólares para o rapaz e duas notas de 50”.Caso esclarecido para a polícia
Para a polícia, o caso já está esclarecido, mas não encerrado. O chefe de Polícia disse que já pediu e vai ter a ajuda do FBI para tentar ouvir mais uma vez o nadador Ryan Locht, agora nos Estados Unidos.
“Em tese, eles podem vir a responder por falsa comunicação. Um ou dois, ou os quatro, por falsa comunicação de crime e por dano ao patrimônio. Em tese. Não estou dizendo que serão indiciados por isso. Estou dizendo que a investigação tem que ser concluída. Mas em principio isso não é fato que possa gerar a prisão dos autores”, disse o delegado.
O Comitê Olímpico Internacional informou que não vai comentar o caso, mas que apoia o trabalho da polícia. Já o Comitê Rio 2016 acredita que os atletas já sofreram uma grande punição ao serem pegos na mentira.(fonte G1)