Trump assinou medidas que elevam a tarifa sobre as importações dos produtos para 25%. A sobretaxa sobre o alumínio é maior que os 10% anteriores que ele impôs em 2018 para ajudar o setor nos Estados Unidos.
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente dos Estados Unidos,
Donald Trump, confirmou a ameaça de domingo (9) e ordenou nesta segunda-feira
(10) um aumento substancial nas tarifas sobre as importações de aço e alumínio.
Ele também cancelou isenções e cotas para grandes fornecedores como Brasil,
Canadá, México e outros países, em uma medida que pode aumentar o risco de uma
guerra comercial em várias frentes. Trump assinou medidas que
elevam a tarifa sobre as importações dos produtos para 25%. A sobretaxa sobre o
alumínio é maior que os 10% anteriores que ele impôs em 2018 para ajudar o
setor nos Estados Unidos. Produtos semiacabados de aço estão entre os
principais produtos exportados pelo Brasil aos EUA. São materiais
intermediários da siderurgia, que precisam ser processados para se tornarem
produtos finais. Eles são utilizados como matéria-prima para a fabricação de
itens como chapas, perfis, tubos e outros produtos. No ano passado, os Estados
Unidos foram destino de 54,1% (em dólares) das exportações de produtos
siderúrgicos brasileiros. Procurados, o Instituto Aço Brasil e a Abal
(Associação Brasileira do Alumínio) não comentaram. Segundo dados do governo
americano, entre novembro de 2023 e novembro de 2024 o Canadá foi o maior
fornecedor de aço, em volume, para os americanos, com 22,6% do total, seguido
pelo Brasil (16,4%, com 4 milhões de toneladas) e o México (11,9%). O Brasil
ficou atrás do México em valores: recebeu US$ 2,9 bilhões, contra US$ 3,2
bilhões dos mexicanos e US$ 6,64 bilhões dos canadenses. As tarifas entrariam
em vigor em 4 de março, de acordo com uma pessoa familiarizada com o plano
citada pelo jornal Financial Times. O anúncio ocorre três semanas após o
retorno de Trump à Casa Branca e marca uma escalada de sua agenda
protecionista. A medida foi precedida do anúncio de sobretaxas sobre os dois
parceiros comerciais mais próximos dos EUA, México e Canadá, que acabaram
suspensas por 30 dias após negociações diretas com os chefes de Estado desses
países. Em meio ao risco de uma guerra comercial global, a China impôs no
domingo tarifas que devem atingir cerca de US$ 14 bilhões (R$ 81,2 bilhões) em
mercadorias americanas. É uma retaliação a uma decisão dos EUA de impor uma
sobretaxa de 10% a 15% sobre produtos chineses embora a taxação do aço e do
alumínio seja projetada para proteger os fabricantes de aço domésticos, poderá
aumentar drasticamente os custos para qualquer fabricante americano que importe
os metais. "Isso é um grande negócio -tornando a América rica
novamente", disse Trump, ao assinar a ordem no Salão Oval na noite de
segunda-feira. A medida simplificará as tarifas sobre os metais "para que
todos possam entender exatamente o que isso significa", disse Trump.
"É 25% sem exceções ou isenções. São todos os países, não importa de onde
venha, todos os países." Trump disse depois que daria "grande
consideração" ao pedido da Austrália por uma isenção das tarifas sobre o
aço. "O presidente Trump está defendendo os trabalhadores americanos de
aço e alumínio como nenhum outro líder fez", disse Peter Navarro, um
conselheiro sênior para comércio e manufatura na Casa Branca de Trump. "As
tarifas de aço e alumínio 2.0 acabarão com o dumping estrangeiro, aumentarão a produção
doméstica e garantirão nossas indústrias de aço e alumínio como a espinha
dorsal e pilares da segurança econômica e nacional da América", afirmou
ele. "Isso não tem a ver apenas com o comércio. Estamos garantindo que os
EUA nunca precisem depender de nações estrangeiras para indústrias críticas
como aço e alumínio." Trump também vai impor um novo padrão
norte-americano que exige que as importações de aço sejam "fundidas e
vertidas" e que o alumínio seja "fundido e moldado" na região, a
fim de reduzir a entrada de aço chinês minimamente processado nos EUA. A medida
também mira produtos siderúrgicos derivados que utilizam aço importado. O
ministro da Indústria do Canadá afirmou que as tarifas dos EUA eram
"totalmente injustificadas", já que o aço e o alumínio canadenses
apoiam indústrias-chave como defesa, construção naval, energia e automóveis. "Estamos
consultando nossos parceiros internacionais enquanto examinamos os detalhes.
Nossa resposta será clara e calibrada", disse François-Philippe Champagne.
Para o ex-secretário de comércio exterior Welber Barral, as tarifas de 25%
inviabilizam parte da exportação de todos os países, incluindo o Brasil, para
os EUA, mas os americanos não têm produção para suprir essa demanda. "O
efeito imediato deve ser a inflação para o consumidor nos Estados Unidos",
disse. "Um estudo do Cato Institute mostrou que a falta de aço nas cadeias
de suprimentos gerou mais desemprego do que o protecionismo gerou empregos,
depois das tarifas de 2018", acrescentou. Em 2018, em seu primeiro
mandato, Donald Trump também aplicou uma tarifa de 25% sobre o aço importado
pelos Estados Unidos. Mas depois o governo americano reduziu a cota de
importação de aço semiacabado do Brasil. Em 2022, sob Joe Biden, os
norte-americanos revogaram as medidas restritivas. Em 2023, os EUA importaram
US$ 50,5 bilhões em aço e US$ 27,4 bilhões em alumínio, enquanto exportaram US$
22,8 bilhões e US$ 14,3 bilhões, respectivamente. Por outro lado, as
exportações brasileiras de aço atingiram, de janeiro a dezembro de 2024, 9,6
milhões de toneladas (ou US$ 7,7 bilhões). Os valores representam,
respectivamente, redução de 18,1% e de 21,9% na comparação com o mesmo período
de 2023. Trump mencionou a tarifa sobre aço e alumínio no domingo,
acrescentando que também anunciaria um novo conjunto de tarifas recíprocas mais
tarde nesta semana, gerando advertências de retaliação de parceiros comerciais.
Nesta segunda-feira, ele disse que apresentaria o plano nos próximos dois dias.
Ele também afirmou que está considerando tarifas sobre carros, chips
semicondutores e produtos farmacêuticos. Questionado sobre a possibilidade de
sofrer retaliações de outros países, Trump disse: "Eu não me
importo." Leia Também: Donald Trump sugere que Ucrânia "poderá ser da Rússia um
dia".(Fonte Economia ao Minuto Notícias)
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