Com 10 filhos, pipoqueiro perde renda e tenta resistir à pandemia.
Morador de BH viu as vendas zerarem com o fechamento das escolas e
suspensão dos eventos onde trabalhava.
O som das risadas e pedidos de
crianças apressadas durante entrada e saída das aulas deu lugar ao silêncio do
quintal da casa de Herbert Lima dos Santos, o Beto, pipoqueiro de 39 anos que
viu a vida financeira se transformar com a pandemia
de covid-19. A paralisação das aulas presenciais,
determinada pelos governos municipal e estadual, como uma das estretégias de
conter a disseminação do coronavírus, é a principal responsável pelo prejuízo.
Sem estudantes e sem público de eventos, também suspensos, Santos, que tem 10
filhos e trabalha no ramo há 15 anos, viu sua renda zerar. — No começo os pais dos
alunos que me conheciam me ajudavam com um alimento, uma cesta básica. O
problema é que a pandemia continou, as ajudas, não. Somente na família de
Santos, outras 9 pessoas também vendiam pipocas na porta de colégios de Belo
Horizonte. O faturamento de cada parente chegava a R$2.500. É o caso de Leila
Lima de Souza, 56 anos, mãe do vendedor e pipoqueira há quatro décadas.— O
maior problema é que esse era o negócio de família. Nunca pensamos que uma
coisa desse tipo [a pandemia] destruiria tudo que construímos há tantos anos. A
gente gastava pouco com o material e ganhava um dinheirinho bom.A realidade da
família é a mesma de pelo menos 380 profissionais do ramo, segundo dados
da Associação de Pipoqueiros e do Sindicato dos Pipoqueiros da Grande BH.
O número, no entanto, pode ser ainda maior: cerca de 1.600 vendedores de
pipocas espalhados por BH, segundo os próprios profissionais que dizem que
grande parte não se associa a entidades de representação. Alternativa Com 10 filhos em casa, a solução
encontrada por Santos para minimizar prejuízos e evitar a fome da família, foi
pedir à mãe para fazer bolos caseiros. Em uma rede social em que estão pais dos
alunos de escolas onde atuava e moradores daquela região, ele posta fotos de
produtos. Bolos
comuns, recheados, doces diversos e, agora, ovos de páscoa fazem parte do
cardápio. Às quintas-feiras, Santos guarda todos os pedidos na bolsa de
entregas e pedala por mais de uma hora, do bairro Juliana, em Venda Nova, até o
bairro Santo Antônio, na região Centro-Sul da cidade. Lá, ele entrega nas casas
e prédios dos clientes.— Ainda assim não dá. Eu ganho comissão do que minha mãe
faz. Agora, tá rendendo cerca de R$100 por semana. Minha mãe também lucra quase
nada. Com a pipoca, o gasto era muito pequeno. Agora, pra fazer essas coisas,
gasta farinha, ovo, chocolate, leite condensado, gás. É muito mais coisa",
calcula. Escolha difícil Coma
redução nos ganhos, a compra mensal da casa da família também mudou. A maior
dificuldade para o pipoqueiro é ver os filhos, que têm idades entre 4 e 22
anos, pedirem por algo que, nesse momento, ele não pode comprar.— Eu já tenho
filhos grandes que trabalham, correm atrás. Um deles tá investindo em um canal
de jogos no Youtube. Sabe, o que dói mesmo é ver os filhos pequenos da gente
querendo as coisas. Um iogurte, por exemplo, eu não dou para os de 8 anos.
Converso com eles e falo que o pequenininho, de 4 anos, sente mais vontade. É
uma escolha que dói demais. De acordo as Secretarias de Educação Municipal e
Estadual, ainda não há previsão de retorno às aulas presenciais.( Fonte R 7
Noticias Nacional)