Atualmente,
14% do diesel utilizado no Brasil é composto por biodiesel, um mercado que
consome cerca de 9 bilhões de litros por ano.
A crescente demanda global por energia renovável, essencial para
combater as mudanças climáticas, está impulsionando a produção de óleo vegetal.
Nesse contexto, a palmeira brasileira macaúba emerge como uma fonte estratégica
de biocombustíveis, destacando-se por sua alta produtividade por hectare,
conforme estudos do Instituto Agronômico (IAC-Apta), que há 18 anos se dedica à
pesquisa sobre essa planta. Atualmente, 14% do diesel utilizado no Brasil é
composto por biodiesel, um mercado que consome cerca de 9 bilhões de litros por
ano. A expectativa é que esse número aumente significativamente, especialmente
com o compromisso da aviação civil de utilizar 480 bilhões de litros de
bioquerosene (SAF) até 2050, o que pode triplicar a demanda por óleo vegetal
nos próximos 25 anos. Carlos Colombo, pesquisador do IAC, destaca que a macaúba
vive um momento promissor. “Grandes grupos econômicos estão reconhecendo a
importância estratégica da palmeira e se movendo para ampliar o cultivo e
fortalecer a cadeia produtiva”, afirma. A alta produtividade da macaúba, que
gera aproximadamente 2.500 litros de óleo vegetal por hectare, cinco vezes mais
que a soja, reforça sua relevância na busca pela autossuficiência energética. Além
de sua capacidade produtiva, a macaúba também contribui para a recuperação de
áreas degradadas e a geração de renda local, segundo Guilherme Piai, secretário
de Agricultura e Abastecimento de São Paulo. Embora o dendê seja mais produtivo
por hectare, a macaúba se destaca por necessitar de menos água e ser cultivável
em grande parte da região centro-sul do Brasil, próxima aos principais centros
consumidores. Nativa do Brasil e utilizada há cerca de dez mil anos por
populações originárias, a macaúba tem sido incentivada em sistemas integrados
de cultivo, com práticas sustentáveis que promovem a conservação do solo e a
diversificação da renda. Sua polpa, rica em fibra solúvel, e sua amêndoa, com
alto teor de proteína, são aplicadas nas indústrias alimentícia e cosmética. O
Instituto Fraunhofer, em parceria com o IAC e o Instituto de Tecnologia de
Alimentos (Ital), ambos ligados à Agência Paulista de Tecnologia dos
Agronegócios, está desenvolvendo pesquisas sobre a aplicação dos coprodutos da
macaúba como ingredientes para consumo humano, agregando valor ao cultivo e
diversificando as fontes de renda. O interesse recente do setor energético pela
macaúba acompanha o avanço do conhecimento científico. Um programa de
melhoramento genético, conduzido pelo IAC e pela Acelen Renováveis, visa
cultivar 200 mil hectares da palmeira para a produção de biodiesel na Bahia e
no norte de Minas Gerais, com apoio da Fundag. Colombo ressalta que a entrada
do setor privado no cultivo da macaúba se deu após a comprovação de sua
rentabilidade, resultado de anos de pesquisa. “As atividades de pesquisa do
Programa Macaúba do IAC começaram em 2006. Construir uma cadeia produtiva
competitiva para uma espécie com baixo grau de domesticação, como a macaúba,
exige investimentos significativos em pesquisa”, explica. Macaúba no Vale do Paraíba O
Vale do Paraíba, em São Paulo, apresenta condições estratégicas para o cultivo
da macaúba, especialmente em áreas com relevo acidentado, inadequadas para a
agricultura mecanizada. Pesquisadores da Apta Regional de Pindamonhangaba estão
estudando o uso da palmeira em sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta
(ILPF), promovendo a recuperação ambiental e a diversificação da renda local. Atualmente,
cerca de 20% dos 4 mil hectares plantados com macaúba no Brasil estão
localizados no Vale do Paraíba, e essa área tende a crescer com a aprovação do
projeto de lei “Combustíveis do Futuro”. Aprovado pela Câmara dos Deputados em
março e aguardando a decisão do Senado Federal, o projeto prevê programas
nacionais de biocombustíveis e um aumento na proporção de biodiesel no óleo
diesel de origem fóssil, o que deve estimular ainda mais a produção de óleo
vegetal, como a soja e a macaúba. A macaúba tem sido cada vez mais valorizados
devido aos seus diversos benefícios. Aqui estão alguns dos principais: Óleo de alta qualidade: O óleo
extraído da polpa da macaúba é rico em ácidos graxos monoinsaturados, como o
ácido oleico, semelhante ao azeite de oliva. É utilizado na alimentação,
cosméticos, e na produção de biodiesel. Propriedades
antioxidantes: A macaúba contém compostos antioxidantes que
ajudam a combater os radicais livres, contribuindo para a prevenção de doenças
crônicas e o envelhecimento precoce. Rica
em fibras: O fruto da macaúba é uma boa fonte de fibras, que
ajudam na digestão, promovem a saciedade e podem auxiliar no controle do
colesterol. Fonte de vitamina A e vitamina
E: Essas vitaminas são essenciais para a saúde da pele, visão e
sistema imunológico. Sustentabilidade:
A macaúba é uma planta rústica, adaptada a diferentes tipos de solo e climas, e
seu cultivo pode ajudar na recuperação de áreas degradadas, além de ser uma
opção sustentável para a produção de óleo vegetal. Potencial econômico: O cultivo da macaúba pode gerar
renda para pequenos agricultores, além de ser uma alternativa para a
diversificação agrícola. Esses benefícios tornam a macaúba uma planta
promissora tanto do ponto de vista nutricional quanto econômico e ambiental. Leia também: Câmara aprova mistura de
até 25% de biodiesel no diesel Com aumento na mistura do
biodiesel, demanda de soja aumenta para 50 milhões (Fonte Jornal
Opção Notícias)