Proposta aprovada foi apresentada pela deputada Joenia Wapichana e outros 12 parlamentares.
A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira
(15) a criação de comissão externa para acompanhar, fiscalizar
e propor providências sobre o desaparecimento, no último dia 5, do indigenista
brasileiro Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, na região do Vale
do Javari, no Amazonas. A proposta foi apresentada pela deputada Joenia Wapichana (Rede-RR)
e outros 12 parlamentares (REQ 1032/22). “Diante de toda a escalada de violência contra
povos indígenas, apoiadores e protetores ambientais, a Câmara tem o dever de
acompanhar esse caso”, afirmou a deputada. “A invasão das terras indígenas
envolve a presença de garimpos ilegais, madeireiros, narcotráfico. Devemos
apontar soluções para fatos preocupantes e graves.” O deputado Tiago Andrino (PSB-TO)
considera a comissão estratégica por causa da atenção da mídia internacional
sobre o caso. “O que está por trás disso não é só um desaparecimento; envolve
toda uma organização da República, investimentos em segurança. E há inclusive
um estrangeiro”, observou, em referência ao jornalista inglês. Críticas
à Funai A deputada Fernanda
Melchionna (Psol-RS) quer que a comissão externa ouça os indígenas do Vale
do Javari, que segundo ela têm sido desrespeitados pelo governo federal. “Os
primeiros a começarem as buscas foram justamente os indígenas. O governo
começou só três dias depois”, declarou.A deputada reclamou de declarações do
presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai) sobre Bruno Pereira, que é
servidor licenciado da fundação. “É um escândalo. O órgão que deveria zelar
pelo bem-estar dos indígenas parece que quer promover uma política de
extermínio e ataca o Bruno Pereira neste momento em que precisamos lutar para
encontrá-lo com vida”, comentou.Ela também sugeriu que a comissão ouça fiscais
do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) que estão sob ameaça de garimpeiros e narcotraficantes. ONGs na
Amazônia O deputado Felício Laterça (PP-RJ)
defendeu que a comissão externa também investigue a atuação de organizações não
governamentais na Amazônia. “Registro o nosso pesar aos familiares desses dois
senhores. Mas é importante registrarmos aqui o seguinte: o que de fato eles
estavam fazendo? É essa a narrativa de proteção dos povos indígenas? Era, de
fato, isso ou eles estavam buscando os tesouros que estão na nossa Amazônia, o
que cerca as ONGs que estão na Amazônia?”, questionou. “Essa comissão externa
também vai ter essa tarefa de desvendarmos os estrangeiros que há muito habitam
a nossa Amazônia e de lá estão levando para fora toda a nossa riqueza”,
afirmou. Segurança das fronteiras O deputado Rrenato Queiroz (PSD-RR)
quer que a comissão externa investigue possível omissão da Polícia Federal e do
Exército na garantia da segurança das fronteiras. "Aquilo ali é terra de
ninguém, lá em Roraima é da mesma forma. Isso está espalhado por todo o Norte
do País, e as autoridades têm reiteradamente fingido que não estão enxergando o
caos que está instaurado e a falta de autoridade dentro dessas terras",
lamentou.O deputado Coronel
Chrisóstomo (PL-RO) defendeu a atuação das Forças Armadas na região.
"Há mais de 30 pelotões de fronteira, margeando-a, trabalhando muito. Os
comandantes de pelotão estão comandando seus militares, com afinco e muita
responsabilidade. Os comandantes, como o comandante militar da Amazônia, os
generais, os de organizações militares, prestam um serviço excelente ao Brasil,
tomando conta e cuidando dos brasileiros, na faixa de fronteira, principalmente
na Amazônia", declarou. Fonte: Agência Câmara de Notícias Reportagem -
Ralph Machado e Francisco Brandão Edição - Roberto Seabra