Massacre em mercado, investigado como 'crime de ódio', foi exibido ao vivo pela Twitch, plataforma online de videogames.
O acusado de matar dez pessoas em um supermercado de Buffalo, nos
Estados Unidos, já era investigado pela polícia do estado de Nova York desde
que estudava no ensino médio. Payton Gendron, de 18 anos, se entregou à polícia
neste sábado (14), após disparar com um rifle contra 14 pessoas, a maioria
negra.As autoridades policiais descreveram o ato como "extremismo violento
com motivação racial". "Investigamos o ocorrido como crime de
ódio e um caso de violência extremista de motivação racial", declarou
Stephen Belongia, agente especial do escritório do FBI em Buffalo, perto da
fronteira com o Canadá. O agressor, identificado horas mais tarde, foi detido
após o tiroteio e acusado de "morte com premeditação". Ele usava
capacete equipado com câmara para transmitir o seu crime ao vivo pela internet,
colete à prova de balas e roupas de tipo militar, segundo as autoridades
judiciárias locais e a polícia. O presidente Joe Biden denunciou o
ataque como "terrorismo doméstico" e agradeceu o trabalho da polícia
e dos serviços de emergência."Qualquer ato de terrorismo doméstico,
incluindo um ato cometido em nome de uma repugnante ideologia de nacionalismo
branco, é antitético a tudo o que defendemos nos Estados Unidos", afirmou
em um comunicado. Joseph Gramaglia, comissário de polícia de Buffalo, informou
que dez pessoas morreram e três ficaram feridas. Onze vítimas eram negras.O
agressor disparou primeiro contra quatro pessoas no estacionamento do
supermercado, três das quais morreram, e depois entrou na loja e continuou
atirando, explicou o xerife da cidade no oeste do estado de Nova York. Entre os
mortos dentro do estabelecimento estava um policial aposentado que trabalhava
como segurança e portava arma.O funcionário "confrontou o suspeito",
mas o atirador – que estava protegido por um colete à prova de balas – o matou
com seus disparos, disse Gramaglia.Quando a polícia chegou ao local, o atirador
apontou a arma para si mesmo, na altura do pescoço, antes de se entregar às
autoridades, ainda de acordo com Gramaglia.Foi um ato de "pura
maldade", disse John Garcia, xerife do condado de Erie, onde fica Buffalo.
"É um crime racista e motivado pelo ódio", acrescentou.A imprensa
americana informou que as autoridades investigam um manifesto "de caráter
racista" divulgado na internet, no qual o suspeito explicaria seus planos
e motivações.O jornal The New York Times afirma que o suspeito se
"inspirou" em atos de supremacia branca, como o assassinato de 51
muçulmanos em mesquitas da cidade neozelandesa de Christchurch em 2019.De
acordo com o jornal local The Buffalo News, a arma semiautomática usada no
tiroteio tinha epíteto racial e o número 14, símbolo da supremacia.O promotor
distrital do condado, John Flynn, disse que o suspeito usou uma "arma de
ataque", mas não especificou o tipo.O gabinete do promotor afirmou que o
atirador foi detido sem direito a fiança e acusado por assassinato em primeiro
grau, o que pode resultar em pena de prisão perpétua sem liberdade condicional.Questionada
pela imprensa sobre a possibilidade de o agressor enfrentar a pena de morte, a
procuradora do distrito oeste de Nova York, Trini Ross, respondeu: "Todas
as opções estão na mesa".O autor do tiroteio, que carregava uma câmera,
começou a divulgar o crime pela plataforma Twitch, que se declarou
"devastada" e prometeu "tolerância zero contra todas as formas
de violência". "Investigamos e confirmamos que menos de dois
minutos após o início da violência retiramos as imagens transmitidas",
afirmou um porta-voz do serviço de streaming."Estamos tomando todas as
medidas apropriadas, incluindo a supervisão de qualquer conta que retransmita
esse conteúdo", acrescentou.Byron Brown, prefeito de Buffalo, disse que o
atirador "viajou horas até a comunidade para cometer o crime"."É
um dia de grande dor para nossa comunidade", afirmou Brown. O tiroteio é o
mais recente de motivação racial nos Estados Unidos.Em 2019, um homem branco
armado viajou várias horas pelo Texas e matou 23 pessoas em um Walmart em El
Paso, onde grande parte da população é hispânica.Quatro anos antes, em
Charleston, na Carolina do Sul, um homem branco abriu fogo em uma igreja da
comunidade afro-americana e matou nove pessoas. Nos dois casos, os
atiradores publicaram manifestos de ódio antes de cometer os ataques.No mês
passado, um franco-atirador abriu fogo em um bairro de luxo de Washington,
feriu quatro pessoas e depois cometeu suicídio.Apesar dos tiroteios fatais
recorrentes e de uma onda de violência armada em todo o país, várias
iniciativas para reformar as leis de armas fracassaram no Congresso dos Estados
Unidos, deixando para estados e prefeituras a decisão de determinar as próprias
restrições.( Fonte R 7 Noticias Internacional) * Com Reuters e AFP