São levadas em conta as estimativas de mortes atribuídas ao álcool da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Um estudo divulgado hoje (5) pela Fundação Oswaldo
Cruz (Fiocruz) mostra que o consumo de álcool causa, em média, 12 mortes por
hora no país. O levantamento, chamado de Estimação dos custos diretos e
indiretos atribuíveis ao consumo do álcool no Brasil, foi feito pelo
pesquisador Eduardo Nilson, do Programa de Alimentação, Nutrição e Cultura
(Palin) da instituição, a pedido das empresas Vital Strategies e ACT Promoção
da Saúde. São levadas em conta as estimativas de mortes atribuídas ao
álcool da Organização Mundial da Saúde (OMS). Os números totais são de 104,8
mil mortes em 2019 no Brasil. Homens representaram 86% das mortes: quase a
metade relacionam o consumo de álcool com doenças cardiovasculares, acidentes e
violência. Mulheres são 14% das mortes: em mais de 60% dos casos, o álcool
provocou doenças cardiovasculares e diferentes tipos de câncer. O estudo calcula também o custo do
consumo de bebidas alcoólicas para o Brasil em R$ 18,8 bilhões em 2019: 78% (R$
37 milhões) foram gastos com os homens, 22% com as mulheres (R$ 10,2 milhões).
Do total, R$ 1,1 bilhão são atribuídos a custos federais diretos com
hospitalizações e procedimentos ambulatoriais no Sistema Único de Saúde (SUS).
Os demais R$ 17,7 bilhões são referentes aos custos indiretos como perda de
produtividade pela mortalidade prematura, licenças e aposentadorias precoces
decorrentes de doenças associadas ao consumo de álcool, perda de dias de
trabalho por internação hospitalar e licença médica previdenciárias. “Importante
destacar que o estudo adotou uma abordagem conservadora, já que é baseado
exclusivamente em dados oficiais de fontes públicas, como os dados relativos ao
SUS e pesquisas populacionais do IBGE, e em nível federal, considerando os
gastos da União e não incluindo complementos de custeios por estados e
municípios. O levantamento também não considera os custos da rede privada de
saúde, nem o total de perdas econômicas à sociedade. Portanto, embora quase 19
bilhões de reais por ano já seja uma cifra extremamente significativa, o custo
real do consumo de álcool para a sociedade brasileira é provavelmente ainda
muito maior”, diz Eduardo Nilson, pesquisador responsável pelo estudo. Na
divisão por gênero, o custo do SUS com a hospitalização de mulheres por
problemas ligados ao álcool é 20% do total. Um dos motivos é que o consumo de
álcool pelas mulheres é menor. Na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS 2019), 31%
das mulheres relataram ter consumido álcool nos 30 dias anteriores à pesquisa,
enquanto o percentual masculino foi 63%. Outro motivo é que as mulheres
procuram mais os serviços de saúde e fazem exames de rotina. Desse jeito, são
tratadas antes que tenham complicações mais graves. Em relação aos custos de
atendimento ambulatorial atribuído à ingestão de álcool, a diferença entre os
públicos masculino e feminino cai, considerando que 51,6% dos custos referem-se
ao público masculino. Em relação à faixa etária, a incidência maior no atendimento
ambulatorial ocorre nas pessoas entre 40 e 60 anos, sendo que 55% dos custos
referem-se às mulheres e 47,1% aos homens. “Isso confirma que as mulheres
buscam mais atendimento precocemente do que os homens: elas são responsáveis
por quase metade dos atendimentos ambulatoriais, mesmo com a prevalência de
consumo de álcool entre elas seja menor”, diz Nilson. Leia Também: Nove
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Brasil ao Minuto Notícias)