Artista feminista é julgada por
‘pornografia’ na Rússia.
Se condenada, artista Yulia Tsvetkova
pode ficar presa por seis anos; ativista era conhecida por retratar corpos
femininos.
A
artista e ativista pelos direitos LGBT e das mulheres Yulia Tsvetkova, 27, está
sendo julgada por “pornografia” na Rússia. Os promotores
começaram as audiências nesta segunda (12) após acusar a jovem de “desviar dos
valores familiares tradicionais”, registrou a Associated Press.
Se considerada culpada, Tsvetkova pode ficar até seis anos na prisão. A artista
de Komsomolsk-on-Amur, cidade do extremo leste da Rússia, entrou na mira das
autoridades depois que passou a compartilhar obras de arte na rede social
VKontakte. Em suas peças retratava corpos femininos.
O julgamento começou no mesmo dia em que Vladimir Putin proibiu
oficialmente o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Líder
vocal pela igualdade de
gênero, Tsvetkova também fundou o proeminente grupo online russo
“Vagina Monologues”, onde encorajava o enfrentamento aos estigmas e tabus que
cercam o corpo das mulheres. A ativista está detida desde novembro de 2019,
quando policiais fizeram buscas em sua casa e trabalho. Na petição pela soltura de Tsvetkova, sua
família afirma que ela ficou em prisão
domiciliar até março de 2020. No período, ela e sua mãe foram
interrogadas mais de 30 vezes e sofreram diversos assédios e ameaças de morte,
diz o site. Antes de ser presa, a ativista recebeu duas multas por “disseminar propaganda gay para
menores”. Segundo a petição, a investigação criminal contra Yulia não partiu de
reclamações da comunidade local, mas do ativista homofóbico Timur Bulatov, de
São Petesburgo. “Em suas próprias palavras, Bulatov já disse que está engajado
em uma ‘jihad moral’ contra pessoas LGBT e
seus aliados. Bulatov publicou o endereço de Yulia e pediu que seus apoiadores
a matassem”, relata a campanha. “Acusação de pornografia é absurda”, diz
advogada Organizações como a Anistia
Internacional instaram o governo russo a soltar a artista. “Uma
mulher está sendo julgada criminalmente por produzir pornografia simplesmente
por desenhar e publicar imagens do corpo feminino em uma expressão livre e artística”,
condenou Natalia Zviagina, diretora da ONG em Moscou. A advogada de Tsvetkova,
Irina Ruchko, declarou a acusação como “absurda”. “Tsvetkova estava apenas
expressando seus pontos de vista por meio da arte”, disse. “Yulia sempre foi
contra a pornografia,
que é uma indústria que só serve para explorar o corpo das mulheres”, afirmou a
mãe da artista, Anna Khodyreva. A perseguição a Tsvetkova pode aprofundar ainda
mais as divergências
entre Moscou e a UE (União Europeia). Bruxelas, que já lançou
sanções pela prisão do
político opositor Alexei Navalny,
afirmou que o bloco está “acompanhando de perto” o caso da artista e pediu que
as autoridades russas interrompam a acusação.( Fonte A Referencia Noticias
Internacional)