Análise é de pesquisadores da UnB. Maior variação foi
observada entre homens que moram em regiões de renda alta.
As mortes por Covid-19 contribuíram para a redução da esperança
de vida ao nascer dos brasilienses. É o que aponta o mais recente estudo
desenvolvido pelo ObservaDF (Observatório de Políticas Públicas do Distrito
Federal), composto de pesquisadores da UnB (Universidade de Brasília), que será
divulgado nesta quinta-feira (10).O levantamento mostra que a curva ascendente
de expectativa de vida no DF, observada desde o início de 2011, foi freada com
a emergência sanitária, o que resultou em uma redução de um a três anos nessa
previsão. Há diferenças por grupo de renda e gênero. As mulheres de classe
média alta e alta já conviviam com as maiores taxas de vida, superiores a 84
anos, mas tiveram uma perda de um ano. Em relação às mulheres de camadas
sociais de renda baixa, essa diferença é de 7,1 anos. Esse grupo esperava
passar dos 77 anos, mas agora a expectativa é de pouco mais de 76. Enquanto
isso, foram os homens de renda alta que tiveram a maior redução: três anos,
sobre a expectativa de 80,3. Agora, caiu para 77,2. Já no caso dos homens que
vivem em regiões de menor renda, a expectativa de vida já era mais baixa, de
71,4, e ficou em 69,4 anos. Por isso, ao analisarem a mortalidade
entre os adultos por região administrativa, os pesquisadores ressaltam que o
risco de morte na capital federal acompanha as desigualdades sociais e
econômicas, que avaliam ser estruturais na cidade. "Nos dois anos de
pandemia, as diferenças entre os riscos de morte, em todas as faixas etárias,
persistem, com destaque para as regiões administrativas de maior renda, que
apresentam taxas de mortalidade muito menores que os demais grupos, sobretudo
nas idades jovens e adultas", destaca o texto do documento.No ano passado,
nas regiões mais pobres, a proporção de mortalidade por Covid-19 entre adultos
de 20 a
39 anos foi 2,7 maior do que das áreas de maior poder econômico. Essa
desigualdade se repetiu nos outros grupos etários: 2,4 para idades de 40 a 59 anos; e 1,7 vez para
os idosos de 60 a
79 anos. "Esses números evidenciam as enormes desigualdades de atenção à
saúde e de exposição ao risco de adoecimento e morte por Covid-19 segundo o
local de residência no DF."Um dos sintomas desse problema é o
desequilíbrio no acesso a tratamentos de saúde de qualidade. O estudo
demonstrou que 64% da população não tem plano de saúde. Essa proporção aumenta
para até 90% em regiões de menor renda.Além disso, há um descompasso na
expansão da rede particular em comparação com as desigualdades de acesso às unidades
de saúde públicas. Entre 2019 e 2021,
a quantidade de estabelecimentos de saúde cresceu 48% no
DF. No entanto, a quase totalidade deles, 97%, são instituições privadas.Outro
indicador é a quantidade de médicos contratados em cada modalidade. Apesar de o
número de profissionais ser maior nos hospitais públicos, a rede particular
contratou mais médicos ao longo da pandemia. Com isso, embora a proporção atual
de médicos no DF seja de 52% alocados em unidades públicas e 48% em privadas, a
rede particular ampliou os vínculos empregatícios em 23%, enquanto o aumento na
Secretaria de Saúde foi de 8%. Os pesquisadores ainda alertam para a
distribuição de Unidades Básicas de Saúde (UBSs) no DF. A rede pública dispõe
de 176 postos desse tipo, o que equivale a uma UBS a cada 17 mil habitantes.
Entretanto, a distribuição das UBSs no território não segue a distribuição
populacional, e elas se concentram, sobretudo, em áreas de renda média baixa e
baixa."As RAs com áreas rurais maiores, como Planaltina, São Sebastião,
Brazlândia e Paranoá, têm um número maior de UBSs em comparação com outras mais
densamente ocupadas, como Ceilândia, Itapoã, SIA-Estrutural", afirmam os
professores. Por isso, o grupo argumentou que é necessário fortalecer a atenção
primária para reduzir desequilíbrio no acesso à saúde e a tratamentos,
diminuindo as diferenças na mortalidade.( Fonte R 7 Noticias Brasil)