Intenção é facilitar o aprendizado de química para os estudantes com deficiência visual, além de contribuir para o acesso deles à ciência e ao mercado de trabalho.
A Frente
Parlamentar de Luta pela Prevenção da Cegueira e o Conselho Federal de Química
lançaram nesta semana, na Câmara dos Deputados, uma tabela periódica em braile.
A intenção é facilitar o aprendizado de química para os estudantes com
deficiência visual, além de contribuir para o acesso deles à ciência e ao mercado
de trabalho. O coordenador da frente parlamentar, deputado Eduardo Velloso
(União-AC), destacou o papel inclusivo da medida. “Antes do lançamento da
tabela periódica em braile aqui no Brasil, elas não poderiam estudá-la e eu
tenho certeza de que, tendo agora acesso à tabela periódica, elas vão poder se
desenvolver muito mais cientificamente, principalmente na indústria química da
transformação e no avanço tecnológico”. A tradicional tabela periódica foi
criada pelo russo Dmitri Mendeleev, no fim do século 19, para descrever todos
os elementos básicos da natureza na sua forma mais pura. É amplamente usada na
química e em outras ciências para se fazer relações entre as propriedades dos
elementos e orientar pesquisas em torno de novos elementos ainda não
descobertos ou não sintetizados. Deusdete de Oliveira é responsável pelo
serviço de orientação ao trabalho do Centro de Ensino Especial de Pessoas com
Deficiência Visual do Distrito Federal e confirma a relevância da tabela
periódica em braile. “Essa ferramenta é fundamental para que o estudante de
química tenha a sua autonomia de aprendizagem dessa ciência exata, podendo
evoluir nos estudos como pessoa autônoma e cidadã”, diz. Oportunidades
Cego, Alexandre Braun está aposentado aos 34 anos de idade por neuropatia
óptica. Ele mora em Itaituba, no Pará, e admite que a tabela periódica abre
novas possibilidades de estudo. “Podemos aprofundar o conhecimento que
antigamente não dava devido à dificuldade visual. Agora, eu posso entrar nesse
estudo da química”. A tabela periódica em braile foi idealizada pela professora
Ana Caroline Duarte, de Manaus (AM). “Surgiu por conta da falta de material
didático. Como que esses professores iam levar o ensino da química para esses
estudantes que estavam excluídos? E quando a gente ia conversar com alguns
estudantes, eles relatavam: ‘ah, eu nunca tive acesso à tabela periódica’”,
explica. A produção das primeiras tabelas partiu do CRQ-14, o Conselho Regional
de Química de Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima. Engenheiro químico e
presidente da entidade, Gilson Mascarenhas explicou a dificuldade inicial de
produção e como as tabelas periódicas são distribuídas, de preferência para
associações de pessoas com deficiência, a fim de privilegiar o uso coletivo. “Para
reproduzir a tabela periódica, a gente só conseguiu uma gráfica em São Paulo. O
investimento final nas últimas 500 que nós produzimos custou por volta de R$ 35
mil. A distribuição é gratuita através do site crq14.org. Você pode entrar em
contato com o CRQ14, que a gente envia para as associações também”. O deputado
Eduardo Velloso disse que a Frente Parlamentar de Luta pela Prevenção da
Cegueira também vai pedir o desarquivamento do projeto de lei (PL
444/11) que reforça a alfabetização em braile em todas as escolas públicas
e privadas do país. Reportagem – José Carlos Oliveira Edição – Ana Chalub
Fonte: Agência Câmara de Notícias
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