Força e massa muscular diminuem risco de covid grave, aponta estudo.
Pesquisa da USP mostra que infectados com boa saúde muscular tendem a
não ficar grave e tempo de internação pode ser menor.
Pesquisadores da USP
desenvolveram um estudo para avaliar qual a relação entre força e massa
muscular com a evolução
da covid-19 nos infectados. Os resultados
indicaram que uma pessoa com boa saúde muscular tende a ficar menos tempo
internada, no caso de doença moderada ou grave.O pesquisador Hamilton Roschel,
coordenador do Grupo de Pesquisa em Fisiologia Aplicada e Nutrição da Escola de
Educação Física e Esporte (EEFE) e da FMUSP, explica que foram usadas
referências da literatura médica. “A condição muscular ou condição de
vulnerabilidade está relacionada com desfechos desfavoráveis em uma série de
situações. Por exemplo, um paciente idoso que vai para cirurgia e tem pouca
massa muscular, está muito mais exposto”, conta Roschel. “Essa lógica se mantém na covid.
Conseguimos perceber que aqueles que chegavam com melhor saúde muscular ao
hospital, ou seja, com mais força e massa muscular, ficavam menos tempo
internados do que aqueles que chegavam com menos força e massa muscular”,
completa. A explicação para essa relação vem das funções exercidas pelos
músculos no corpo, que vão muito além do suporte ao movimento. O pesquisador
explica que eles funcionam como um reservatório de energia e são usados nos
momentos de estresse e maior necessidade. “O músculo tem um papel no
metabolismo e na função imune do indivíduo. Todos os tecidos do nosso corpo
passam por etapas de degradação e renovação constantes. Numa situação de
estresse, cirugia ou internação, diminui o aporte nutricional ao paciente e o
corpo busca nos músculos os aminoácidos para manter o funcionamento do resto do
organismo. Você passa 'a se consumir'. Por isso, a perda muscular é tão grande,
após longos períodos de internação”, explica Roschel.A pesquisa foi feita com
186 pacientes internados no Hospital das Clínicas da USP, em São Paulo, que não
chegaram ao pronto-socorro com indicação direta de UTI (unidade de terapia
intensiva). “Se o paciente ia direto para a emergência, não conseguíamos
avaliá-lo antes. Assim que os doentes foram internados na enfermaria, fizemos
testes de força para ver como seria a evolução do paciente e verificar a
relação entre saúde muscular e a covid”, conta o pesquisador. A avaliação foi
feita com homens e mulheres, com idades de 44 a 74 anos. Os dados de força
muscular foram corrigidos por idade, comorbidades e sexo. O ensaio dos
pesquisadores brasileiros foi publicado no
site MedRxiv, plataforma ligada à Universidade
de Yale, nos Estados Unidos, de pré-publicação de artigos científicos sobre
ciências da saúde, e ainda precisa ser revisto por outros cientistas. Hamilton
observa que "mesmo com todas as correções necessárias, os pacientes com
mais força ficaram menos tempo internados". "Quando juntamos peças da
literatura com os resultados da nossa análise, é possível dizermos que estar
com saúde muscular boa pode prevenir a covid grave", afirma.Mas, o
pesquisador deixa claro: "Não significa que as pessoas mais fortes não vão
pegar covid, mas pode significar que não vão ficar mais graves”, ressalta. O que é uma pessoa ativa? De acordo com a
OMS (Organização Mundial da Saúde), para ser considerada ativa, uma pessoa deve
fazer de 150 a 300 minutos de atividade aeróbica moderada (caminhada mais
rápida ou andar de bicicleta); ou de 75 a 150 minutos de atividade vigorosa
(correr ou pular corda), por semana. Além disso, são necessárias atividades de
fortalecimento muscular, que envolvam todos os grupos musculares dois ou mais
dias por semana. Só fazer os minutos de exercícios e se manter totalmente
parado no restante do dia também não é indicado pela OMS. “O ideal é atingir os
níveis de atividade física e tentar diminuir o tempo contínuo em atividades
sedentárias. Por exemplo, quem trabalha muito sentado, de tempos em tempos tem
de levantar, beber água. Trabalhar por um tempo em pé. Ajuda a manter a saúde
muscular”, garante o coordenador do estudo. As atividades físicas são importantes
não só para se manter saudável, como também para evitar estados graves de
doenças.Em um período em que as vacinas contra a covid-19 ainda são escassas e
as medidas de distanciamento social não têm a eficácia necessária, tornar-se
uma pessoa ativa pode ajudar também na pandemia. ( Fonte R 7 Noticias
Brasil)