Ministério da Justiça identificou mais de 8 mil denúncias de consignados não autorizados em 2022.
Representante da Federação Brasileira de Bancos
(Febraban) informou em audiência pública da Câmara dos Deputados nesta
quinta-feira (26) que os bancos estão bloqueando contratos de empréstimo
consignado, feitos por correspondentes bancários, em nome de cidadãos
cadastrados na plataforma “Não Me Perturbe”. Ou seja, nesses casos, o
interessado no crédito precisa entrar em contato com o banco. A ideia é
reforçar o compromisso feito com esses consumidores de que eles não serão
incomodados com ofertas telefônicas. A audiência conjunta das comissões de
Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa; e de Ciência e Tecnologia, Comunicação e
Informática discutiu o excesso de ligações sobre empréstimos consignados para
aposentados. O Ministério da Justiça já identificou mais de 8 mil denúncias de
consignados não autorizados em 2022. Segundo o diretor da Febraban Amaury
Oliva, os bancos entraram na plataforma “Não Me Perturbe” em 2020, mas o
bloqueio de contratos para os cadastrados no serviço começou no fim do ano
passado. A plataforma foi criada pelo setor de telecomunicações para barrar
ligações de telemarketing e já tem 15 milhões de telefones cadastrados. Oliva
explicou que os bancos têm apertado o cerco contra os maus correspondentes
bancários que atuam com mais agressividade com os clientes. Informações sobre
os agentes punidos são divulgadas na página da Febraban. Mas ele disse que o
empréstimo consignado não deve ser “vilanizado” porque é uma opção mais barata
de crédito. Telefones particulares O secretário nacional de
Promoção e Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa, Antonio Costa, disse que muitas
vezes é difícil identificar o correspondente bancário porque ele usa telefones
particulares. Muitos idosos, cansados de serem incomodados pelo telemarketing e
por golpistas, estariam desligando seus telefones fixos.No INSS, segundo o
assessor Juscimar Fonseca, todos os novos benefícios já nascem bloqueados para
empréstimos. Para desbloquear, o aposentado tem que acessar o aplicativo “Meu
INSS”. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) recentemente também
implantou o número 0303 que, até o fim de junho, deve identificar todos os
números de telemarketing. Caça predatória O ativista digital
na área de empréstimos consignados Felipe Brito sugere que sejam proibidas as
ligações automáticas massivas de centrais de telemarketing. “A tal da URA,
que faz ligações para 50 números ao mesmo tempo, e o primeiro que atende as
outras ligações caem. Por isso que existem muitas ligações que acaba uma
ligação, recebe outra, e você vai falar e não tem ninguém. Numa central de
telemarketing com 100 pessoas. Quando você fala 50, 100 pessoas não é o
correspondente bancário que tem uma lojinha no bairro, que tem um funcionário
com muita dificuldade. A gente não está falando dele, a gente está falando de
caça predatória”, afirmou.Brito explicou, porém, que também vem crescendo a
ação de criminosos que emitem boletos para o consumidor, afirmando que um novo
consignado será liberado após a quitação de um empréstimo anterior. João Adolfo
de Souza, proprietário de uma financeira, disse que muitos recebem mensagens
sobre recursos a receber por meio de SMS ou WhatsApp, mecanismos que não são
bloqueados pelo “Não Me Perturbe”. Criminalização O deputado Roberto Alves
(Republicanos-SP) disse que a ação dos agentes bancários e as tentativas
dos golpistas atingem principalmente idosos. “Pessoas são surpreendidas
por depósitos feitos por bancos nos quais não têm conta para pagar em 80 ou 120
meses. Elas tentam devolver o dinheiro e não conseguem, tentam ligar para um
número 0800 que nunca atende. E, por outro lado, as ligações insistentes
oferecem mais consignados e portabilidade. Não param. Nem mesmo à noite, aos
sábados e domingos”, disse.O deputado Delegado Antônio Furtado
(União-RJ) destacou no debate que apresentou projeto de lei (PL
3377/21) para criminalizar os envolvidos em empréstimos consignados
fraudulentos. O projeto está sendo analisado junto outros 32 sobre o mesmo
tema. Fonte: Agência Câmara de Notícias Reportagem – Sílvia Mugnatto Edição
– Roberto Seabra
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