O Plenário da Câmara dos Deputados rejeitou por
insuficiência de votos, nesta quarta-feira (6), o requerimento de urgência da proposta que busca
impedir as fake news.
Apesar de
a urgência obter mais votos favoráveis, 249 a 207, eram necessários 257 votos para
aprovação. O texto recebeu críticas ao longo da sessão. O deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS)
disse que a proposta limita a liberdade de expressão e a disseminação de
notícias falsas e verdades. “Para evitar que as notícias falsas sejam
disseminadas, as vítimas serão as informações verdadeiras”, criticou. Ele disse
que a proposta cria uma estrutura “soviética” de análise de conteúdo. O texto
também foi criticado pelo deputado Daniel Silveira (PTB-RJ).
“Eu fui preso inconstitucionalmente com base nesse inquérito ilegal das fake
news. É impossível que esse texto seja aprovado”, disse. Silveira é réu no
Supremo Tribunal Federal por denúncia apresentada contra ele após a divulgação
de vídeos contra ministros da Corte em redes sociais. Ele foi preso e agora
está usando tornozeleira eletrônica. “Será usado para prejudicar qualquer tipo
de oponente político”, afirmou. Para o deputado Giovani Cherini (PL-RS),
a proposta tem o objetivo de inviabilizar o projeto eleitoral do governo
Bolsonaro. Ele também criticou o texto. “Agora, vai ser a oposição deste
Plenário que vai dizer o que é verdade e o que é mentira? Que tribunal vai ser
este? Ou vai ser criado um tribunal especial para o fake news?”, condenou. Defesa
Relator da proposta, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP)
afirmou que o objetivo é tornar a internet um ambiente “mais saudável” e
destacou que a disseminação de notícias falsas tem tamanho impacto na vida
pública que o parlamento não pode mais se omitir sob pena de fortalecer o
ativismo judicial. “Nós não podemos ser omissos e não fixar parâmetros para o
funcionamento na internet porque se nós não fizermos isso, o Poder Judiciário
fará e não adianta chorar nem lamentar depois”, disse.O deputado destacou
alguns dos pontos do texto e negou que haja qualquer tentativa de censura na
moderação do conteúdo. “Nós não queremos nenhum tipo de censura por parte das
empresas de internet e nós obrigamos as empresas a avisar o usuário quando a
moderação for feita e dar o direito ao contraditório para que a liberdade seja
plena na internet; está escrito no texto que a imunidade parlamentar é
extensiva às redes sociais. Nós vamos construir um caminho para produzir provas
para investigação de quem for responsável pela disseminação de fake News”,
disse. A deputada Lídice da Mata, que foi relatora da Comissão Parlamentar
Mista de Inquérito das Fake News, afirmou que a proposta responde a um anseio
da população, que rejeita as notícias falsas. Ela lembrou que as notícias
falsas vão além do crime contra a honra, mas demonstrou danos à população durante
a pandemia.“Veio a pandemia e sociedade brasileira teve de conviver com pessoas
e notícias que negavam a existência do vírus, negavam a existência da doença.
Portanto, fake News é mais grave que apenas a ofensa, ela ameaça a
sobrevivência de pessoas”, disse. Para o deputado Henrique Fontana, a proposta
uma ferramenta para melhorar a qualidade da democracia brasileira e do debate
social. “As redes sociais são ferramentas importantíssimas de comunicação dos
dias de hoje, mas temos de decidir se vamos persistir deixando o Brasil sem uma
legislação adequada, ou seja, à mercê de mecanismos que atacam a democracia e
ferem a liberdade de expressão”, disse. O deputado afirmou que o Parlamento não
pode deixar que a rede social permaneça uma “terra de ninguém”, disse.
Relatório A proposta teve relatório preliminar divulgado na última quinta-feira
pelo deputado Orlando Silva. A proposta busca aperfeiçoar a legislação
brasileira referente à liberdade, à responsabilidade e à transparência na
internet com o objetivo de reprimir a disseminação de conteúdos falsos pelas
plataformas.As regras vão se aplicar a provedores de redes sociais, ferramentas
de busca e de mensagens instantâneas que ofertem serviços ao público
brasileiro, inclusive empresas sediadas no exterior, cujo número de usuários
registrados no País seja superior a 10 milhões.Entre os pontos do projeto está
a obrigatoriedade de representação legal no país pelas empresas de tecnologia,
a remuneração de conteúdos jornalísticos, a equiparação à veículos de
comunicação para fins eleitorais, a limitação de disparos em massa, a exigência
de transparência. (Fonte: Agência Câmara de Notícias) Reportagem - Carol
Siqueira e Eduardo Piovesan Edição - Geórgia Moraes
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