Com mudança de voto de senador, presidente não consegue
aprovar plano de infraestrutura considerado fundamental.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, retornou a
Washington nesta segunda-feira (20) sem muitos motivos para sorrir, já que a
esperança de um acordo sobre o plano trilionário para preparar os Estados
Unidos para os desafios do século XXI se esvai, em um fim de ano que também
está sendo marcado pelo aumento dos casos de Covid no país. De volta à Casa
Branca após um fim de semana em família em Wilmington, Delaware, o presidente
americano, usando uma máscara preta, caminhou até o Salão Oval sem dirigir nenhuma
palavra, nem mesmo um olhar, aos jornalistas que o esperavam descer do
helicóptero. Por ora, sua agenda não prevê nenhum comparecimento público. Seu
plano, "Build Back Better" ("Reconstruir Melhor", em
tradução livre do inglês), que prevê 1,75 trilhão de dólares (cerca de R$ 10
trilhões) em reformas sociais e para favorecer os Estados Unidos no
enfrentamento à mudança climática e na concorrência com a China, sofreu um
golpe possivelmente fatal depois que o senador democrata Joe Manchin, crucial
para a aprovação na Câmara alta, decidiu votar contra. O presidente, de 79
anos, limitou-se até agora a publicar um tuíte, no qual garante estar
"mais decidido do que nunca" a defender esse projeto que pretende,
entre outras coisas, reduzir significativamente o custo da insulina. O líder
democrata no Senado, Chuck Schumer, tentou levantar o moral nesta segunda
prometendo, em um comunicado, "votar uma versão revisada" do plano,
já "aprovado pela Câmara dos Representantes"."Continuaremos
votando até que tenhamos algo", afirmou. No entanto, o que
restará da iniciativa legislativa mais importante do presidente Biden sem o
apoio de Manchin? "Absolutamente
imperdoáveis" Após anunciar seu voto contrário no domingo, na Fox News, o
canal conservador preferido do ex-presidente Donald Trump, o legislador da
Virgínia Ocidental repetiu nesta segunda em entrevista à rádio West Virginia
Metro News que não votaria a favor dessas "reformas muito, muito
ambiciosas". O BBB visa a reduzir o custo com creches e medicamentos,
melhorar o poder aquisitivo das famílias e fomentar a compra de veículos
elétricos. Esse centrista, que fez fortuna com os combustíveis fósseis, teme um
efeito inflacionário e considera que as ajudas deveriam ser mais focadas. Sem
ele, os democratas não possuem a maioria necessária para aprovar o plano no
Senado. Além disso, não há nenhuma possibilidade de contar — como Biden fez
recentemente para aprovar seu gigantesco plano de gastos em infraestrutura —
com o apoio da oposição, já que os republicanos consideram que o "Build
Back Better" colocaria os Estados Unidos no caminho para o
"socialismo", um conceito polêmico no país. A Casa Branca
expressou sua frustração no domingo com um comunicado de virulência
absolutamente sem precedentes de sua porta-voz, Jen Psaki, criticando "a
mudança repentina e inexplicável" e uma "violação" dos
compromissos de Manchin. "Não é o presidente, são seus colaboradores"
os que fizeram "coisas absolutamente imperdoáveis", disse nesta
segunda de forma enigmática o senador, após encerrar abruptamente as
discussões. O golpe desferido contra Biden, cujo índice de popularidade já é
muito baixo, é bastante grave: não só estão em perigo as suas reformas, como
também não resta muito de seu crédito político, faltando um ano para as
eleições legislativas de meio de mandato, cujo resultado pode ser um desastre
para os democratas. O presidente, um ex-senador que se orgulha de ter
dominado o jogo parlamentar como nenhum outro, se dedicou pessoalmente ao tema,
conversando diretamente com Manchin em muitas ocasiões, para desgosto dos
progressistas de seu partido, que se sentem enganados. "É
hora de retirar as luvas e governar", tuitou nesta segunda-feira (20) a
congressista democrata Alexandra Ocasio-Cortez, um dos rostos mais conhecidos
da ala progressista do partido. Mensagem
sobre a Ômicron mpotente
ante o senador de um pequeno estado rural de 1,7 milhão de habitantes, Biden
também parece estar diante de uma nova onda de Covid no país, o que acumula
mais mortes desde o início da pandemia há dois anos, com mais de 800.000 óbitos
até agora.Em todo o país, as filas crescem em frente aos centros de
diagnóstico, enquanto competições esportivas e espetáculos estão sendo
cancelados. Isso representa um desastre para Biden, que, depois do caos
vivido durante o mandato de Trump, foi eleito com a promessa de acabar com a
pandemia e proteger os americanos. Como é possível manter tal promessa em
um país profundamente dividido e no qual o poder federal é limitado e qualquer
medida, seja o uso de máscara ou a obrigatoriedade da vacina, gera tanta
controvérsia e ações judiciais? Biden prevê discursar à nação nesta
terça-feira sobre a variante Ômicron. Seu principal assessor sobre a crise
sanitária, Anthony Fauci, anunciou no domingo a tônica: "Vamos ter semanas
ou meses difíceis à medida que nos aproximemos do inverno" no hemisfério
norte.( Fonte R 7 Noticias Internacional)
Nenhum comentário:
Postar um comentário