Decisão surge após o banco estatal deparar com menor
disponibilidade de recursos nas cadernetas para novas operações.
A Caixa Econômica Federal vai
reduzir o volume de concessão de financiamentos imobiliários com recursos
oriundos das cadernetas de poupança nas últimas semanas do ano. A decisão vem
após o banco estatal ter superado as expectativas de empréstimos e deparado com
menor disponibilidade de recursos nas cadernetas para novas operações.A Caixa tinha a
previsão de atingir R$ 85 bilhões em crédito imobiliário em 2022,
o que representaria expansão de 10% na comparação com os R$ 77 bilhões de 2021.
Entretanto, o objetivo foi atingido antes mesmo de o banco fechar o balanço de
novembro. A direção decidiu elevar o orçamento para R$ 92 bilhões,
ou seja, um crescimento de 20%.Ao esticar a corda, a Caixa ajudará a dar vazão
à compra de imóveis e evitar impactos mais sérios para o setor da construção em
um momento sensível da economia, marcado pelas incertezas da transição de
governo. Por outro lado, os meses de novembro e dezembro terão uma
desaceleração no ritmo de liberações, o que, inevitavelmente, vai tirar algum
fôlego da comercialização de imóveis no país nestas últimas semanas de 2022. O
volume de empréstimos nestes últimos dois meses deve girar em torno de R$ 5,5
bilhões. O mais provável é um resultado acima disso em novembro e abaixo em
dezembro — quando também há paradas pelas festas de fim de ano. Entre janeiro e
outubro, a média mensal foi de R$ 8,1 bilhões.O desempenho da Caixa foi
na contramão do mercado. Enquanto outros bancos diminuíram o volume de
financiamentos, a estatal ganhou participação no bolo e fez jus ao apelido de
banco da habitação. Ao todo, o setor contabilizou R$ 151,2 bilhões em
empréstimos para compra e construção de moradias de janeiro a outubro, queda de
12% perante os mesmos meses de 2021. No setor financeiro, já havia a
perspectiva de que a Caixa tiraria o pé do acelerador. A carteira de crédito
imobiliário com recursos da poupança vinha acima do piso de 65% de recursos das
cadernetas que o Banco Central exige que sejam aplicados no setor. Mas o
dinheiro da poupança também estava sendo usado para outros financiamentos, o
que deixou o banco sob pressão. Ao mesmo tempo, os depósitos na caderneta têm
recuado. Dinheiro extravPara continuar
crescendo no setor, a Caixa recorreu a captações em instrumentos com custo
atrelado ao CDI, como as LCI (Letras de Crédito Imobiliário) — mix que também é
utilizado pelos bancos privados. Em médio prazo, a equação se complica, porque
o custo de captação é mais caro do que o da poupança. Uma fonte graduada do setor
disse que o banco teria duas opções: elevar as taxas do imobiliário ou reduzir
o ritmo. O aperto no imobiliário também é reflexo de um movimento mais amplo. A
Caixa estourou o orçamento para o crédito neste ano, e chegou a outubro com uma
carteira cerca de R$ 100 bilhões maior que a prevista para