Câmara
reinaugura maquete tátil e lança projeto de acessibilidade a obras de arte.
"Ver" o
palácio do Congresso Nacional com os dedos voltou a ser possível com a
reinstalação da maquete tátil no Salão Verde da Câmara dos Deputados. A obra
foi retirada para restauração após os atos antidemocráticos de 8 de janeiro do
ano passado, quando foi parcialmente destruída. A reinstalação fez parte do
lançamento do projeto Obras de Arte e Espaços com Acessibilidade, lançado em
evento nesta quinta-feira (15) e que visa dar a todos os cidadãos a experiência
de conhecer a Câmara dos Deputados, suas obras de arte e sua arquitetura, como
destaca o enfermeiro aposentado Manoel Jesus Vieira de Matos. “É o resgate de
nossa história, de nossa cidadania – porque a arte também nos conduz a uma
cidadania plena, né? Saber que hoje não só nós, que somos deficientes visuais,
mas que qualquer cidadão [tem acesso]. O prédio propriamente dito você não vai
tocar, mas aqui você vai apalpar, conhecer o que você vê distante, mesmo sendo
pelo tato", disse. Ele afirma que a reinstalação da maquete ensina a
aprender com os erros e a valorizar e preservar o que faz parte da nossa
história. "É muito bom saber que as coisas estão no seu devido lugar e
recuperadas." Parceria O projeto é o início da
consolidação da Câmara no acesso a tecnologias como libras, áudios e legendas,
inclusive em braile. Para viabilizá-lo, conta com ajuda, desde o ano passado,
do ensino especial do Distrito Federal, como explica o professor Deusdede Marques
de Oliveira, do Centro de Ensino Especial de Deficientes Visuais na 612 sul, em
Brasília. “Tem participação de estudantes, professores, familiares, equipe
gestora, todos nós nos empenhamos nesse trabalho. Essa parceria foi no sentido
de promover uma descrição completa das obras em QR code, em braile, para que
todas as pessoas com deficiência visual pudessem ter acesso à obra e conhecê-la
de forma autônoma e plena, sem ter que ficar pedindo ajuda. Ou seja, autonomia
plena é o que nós trabalhamos lá”, explicou. Entre as obras de arte atingidas
pelo projeto estão o mural de azulejos azuis “Ventania”, de Athos Bulcão; o
painel “Candangos”, de Di Cavalcanti; e a escultura Anjo, de Alfredo
Ceschiatti, com experiência inclusiva para o público que deseja conhecer a
Câmara. A primeira etapa do projeto consistiu na classificação das obras de
arte e dos espaços nobres por meio de placa de sinalização com texto de
identificação em letras ampliadas e em braile; informações e elementos
descritivos da obra em formatos alternativos que, por meio de QR code,
transmitem vídeos com áudio, legenda e libras, a língua brasileira de sinais. Direitos
O deputado Haroldo Cathedral (PSD-RR) lembrou que o evento marca os
15 anos da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, promulgada
pelo Brasil em 25 de agosto de 2009 e que foi lançada no evento em formato de
livro com letras grandes pela Edições Câmara para facilitar a leitura de quem
tem baixa visão. “Nós recebemos muitos visitantes durante a semana, muitas crianças,
muitos adolescentes, e entre os que vêm nos visitar, estão pessoas com
deficiência. Então nada mais justo que nós tenhamos em nossas obras de arte
áudio-guias, braile, isso promove a real acessibilidade”, afirmou. O projeto,
realizado pela Coordenação de Acessibilidade e pela Equipe de Turismo Cívico e
Receptivo Institucional, começou em agosto do ano passado e contou com estudos
detalhados, enquetes e grupos focais compostos por pessoas com diferentes tipos
de deficiência. A diretora da coordenação, Eliana Ramagem, falou sobre o
alcance do projeto. “É uma forma de dar acessibilidade comunicaçional e fazer
com que não só a pessoa com deficiência, mas também as pessoas idosas e as
pessoas não alfabetizadas tenham informação sobre as principais obras de arte
que compõem a Câmara dos Deputados e também sobre os espaços. A gente inclui
informações sobre o plenário Ulysses Guimarães, sobre o Salão Verde, a
importância deles, então foram desenvolvidos vídeos universais onde a gente tem
recursos de libras, de audiodescrição e de legenda, a fim de atender diferentes
pessoas com diferentes deficiências", explicou. Ela destaca a parceria com
a área de comunicação e a de documentação da Câmara, que ajudou na restauração
da maquete tátil. Além de estudantes com deficiência visual e intelectual, o
evento contou com a participação de funcionários, parlamentares e
representantes de instituições públicas e privadas com atividades relacionadas
ao atendimento e defesa dos direitos da pessoa com deficiência. As próximas
etapas do projeto incluem ampliar a acessibilidade de comunicação para as obras
de arte em todo o edifício principal e anexos, com previsão para os próximos
meses. O programa de visitação do Congresso Nacional foi criado em 1998 e
recebe mais de 15 mil visitantes por mês. Os
agendamentos para a visita podem ser feitos on line. Reportagem – Luiz
Cláudio Canuto Edição – Ana Chalub Fonte: Agência Câmara de Notícias
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