Assunto foi debatido nesta terça na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle.
O presidente do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE), Márcio Pochmann,
defendeu que o instituto passe a ser um coordenador-geral dos dados oficiais do
País. Em audiência pública da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da
Câmara dos Deputados, ele disse que essa mudança depende de uma lei, mas também
de um fortalecimento orçamentário do órgão. Márcio Pochmann lembrou que o IBGE
já respondeu diretamente ao presidente da República. A partir do regime
militar, foi perdendo espaço e recursos, o que fez com que os outros
ministérios criassem seus próprios bancos de dados, como Serpro, Dataprev, Inep
e Datasus. O presidente do IBGE ressaltou, porém, que coordenar dados é uma
questão de soberania nacional. “É quase um censo que é feito a cada dia a
respeito das decisões que tomamos sobre lugares para onde vamos, aplicativos
que utilizamos, músicas, entretenimento, mensagens, pagamentos, enfim, uma
massa de informações pessoais que estão depositadas e servem de modelo de
negócio para empresas que não são brasileiras, não geram emprego no Brasil, não
compartilham tecnologia, não pagam impostos”, disse. Mesmo sem os meios
necessários, Pochmann disse que estão sendo feitos esforços para integrar dados
de educação, saúde e previdência. Para o deputado Jorge Solla (PT-BA), ter
informações de pesquisas regulares e confiáveis é importante para controlar o
fenômeno da desinformação e das chamadas fake news. Ele citou um exemplo:
"Alguém afirma e quer fazer com que as pessoas acreditem que hoje temos
uma inflação descontrolada no País, e a apuração que o IBGE faz é contrária a
essa tese. A informação, em tempos de fake news, onde o mais importante para
essa estratégia são as versões e não os fatos, ela passa a ser inimiga dessa
estratégia”, disse. Trabalho temporário O diretor do Sindicato
Nacional dos Trabalhadores em Fundações Públicas Federais de Geografia e
Estatística, Cleiton Batista, disse que 60% dos trabalhadores do IBGE são
empregados temporários para pesquisas que são contínuas, como a Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) – diferentemente da situação dos
temporários da pesquisa do Censo Demográfico. Segundo ele, essas pessoas ganham
pouco mais que o salário mínimo, e a rotatividade é alta. Márcio Pochmann
explicou que, para os próximos anos, o IBGE precisa dar conta de 17 pesquisas
de orçamento familiar e do censo agropecuário de 2026, ano em que completará 90
anos. Somente em 2024, são mais de 300 pesquisas, que vão desde a temperatura
do mar até os índices inflacionários. As pesquisas de orçamento familiar são
necessárias, segundo ele, para atualizar os dados sobre o consumo das famílias
e informações sobre quantidade de horas de trabalho, home office, cuidados com
terceiros e deslocamentos no trânsito, que vão orientar políticas públicas. A
pesquisadora Mercedes Bustamante, representante da Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência (SBPC) na audiência, lembrou que estatísticas também são
importantes para as decisões de investimento de estrangeiros, pois fornecem
dados para comparação entre países. Reportagem – Silvia Mugnatto Edição –
Ana Chalub Fonte: Agência Câmara de Notícias
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