Economia
e sustentabilidade se opõem a custo de aquisição e falta de cobertura de postos
de recarga para estes veículos no país.
Há algum tempo, pensar em
carros elétricos no Brasil era imaginar algo muito distante da realidade do
país, por ser uma tecnologia muito nova e, principalmente, pelo alto valor de
aquisição.Aos poucos esse cenário vem mudando e já é possível encontrar alguns
dos modelos movidos a eletricidade circulando pelas ruas de algumas cidades
brasileiras. O preço ainda é bem superior ao valor de um carro movido a
gasolina e a álcool, mas a ideia de sustentabilidade atrai alguns motoristas. O
administrador de empresas Leonardo Celli comprou em 2016 seu primeiro carro
elétrico. O modelo escolhido na época foi uma BMW i3 que custou R$ 180
mil. “Decidi experimentar o carro elétrico após uma pesquisa com fontes de fora
do Brasil, e então resolvi investir parte do meu patrimônio na mobilidade
elétrica e também na energia renovável. Fui atrás dos veículos elétricos porque
sempre busquei soluções para ter uma autonomia de vida maior”, diz Leonardo. O
administrador conta que, após um ano utilizando o veículo e se sentindo muito
confortável com a compra, teve a ideia de construir um sistema fotovoltaico,
que utiliza a luz do sol para produzir energia elétrica, e assim recarregar as
baterias que alimentam o motor de seu carro. “Hoje, mais de 90% dos
processos de recarga são feitos na tomada de casa. Carrego tanto na tomada 220v
como em uma tomada industrial, que tem um processo de recarga mais rápido. Em
cerca de 2h30 o veículo está completamente recarregado”, afirma. A infraestrutura brasileira A importância de se ter
um sistema de carregamento próprio diz respeito à pouca cobertura de postos de
recarga pelas ruas e rodovias do país. “Nós temos, hoje, entre 400 e 500
carregadores públicos no Brasil para atender uma frota de aproximadamente 10
mil veículos elétricos”, destaca o engenheiro Evandro Mendes, CEO da
Electricus, empresa especializada em infraestrutura de recarga para veículos
elétricos.O engenheiro ainda afirma que cerca de 50% da estrutura dedicada a
estes veículos está concentrada no estado de São Paulo, o que dificulta ainda
mais a vida de quem precisa transitar com carros nas estradas brasileiras e
também nos ambientes urbanos em outros estados.Leonardo conta que já teve que
enfrentar fila em alguns eletropostos para esperar um veículo recarregar as
baterias e então conectar o seu. Comparação
com a Europa Se for comparada com a de outros países europeus, a
infraestrutura brasileira para carros elétricos ainda está muito atrasada.
Evandro, que entre 2013 e 2014 morou na Alemanha e na Suíça, conta que o Brasil
está no patamar de implementação das eletrovias, o que aqueles países estavam
fazendo há cerca de oito anos. “Estes países já são bem mais maduros na questão
dos carros elétricos, nós ainda estamos bem no começo deste processo. Alguns
países europeus devolvem cerca de € 7 mil quando a pessoa adquire um veículo
elétrico, eles investem em políticas públicas para incentivar a compra e
utilização diária deles”, ressalta o engenheiro.Leia mais: Home office: saiba
como fazer um upgrade no seu computador antigo Evandro
e Leonardo afirmam que, para que a frota de veículos elétricos brasileiros
apresente um crescimento mais acentuado nos próximos anos, é preciso seguir o
modelo europeu de investimento em políticas públicas de incentivo à aquisição
desses modelos, como diminuição do preço em si e isenção de alguns impostos.Em
São Paulo, por exemplo, pessoas que possuem carros deste tipo estão isentos do
rodízio semanal de veículos. Esse sistema busca reduzir o número de carros
pelas ruas da capital paulista a partir da numeração da placa.Mesmo assim,
pode-se notar um avanço na infraestrutura brasileira neste campo nos últimos
anos. O CEO da Electricus afirma que enquanto hoje são cerca de 10 mil veículos
elétricos circulando pelas ruas do país, há mais ou menos 3 anos esse número
era de apenas 3 mil. Além disso, a expectativa é de que até 2030 sejam 1,8
milhão de carros elétricos no Brasil. Em relação aos pontos de recarga, o
engenheiro afirma que os cerca de 500 postos que existem hoje no país se
transformarão em 400 mil espalhados por todo o país. “Quando comprei o
meu carro, o único ponto de recarga que eu tinha era um eletroposto na Rodovia
Anhanguera e uma tomada 220v que eu puxei de uma extensão da piscina até o
quintal de casa. Hoje temos até eletrovias por aqui” ressalta Leonardo Celli. A
primeira eletrovia brasileira foi inaugurada em 2018 no Paraná, na BR-277, com 740
km de extensão ligando Paranaguá a Foz do Iguaçu.Vantagens
e desvantagens O administrador conta que, além da questão da sustentabilidade
que envolve não emitir poluentes ao meio ambiente e do fato de não ter custos
de manutenção, a principal vantagem de possuir um carro elétrico é referente à
economia de combustível gerada pelo veículo. "Fazendo um levantamento
simples, enquanto, por mês, seriam R$ 1000 com o abastecimento de gasolina,
você gasta, em média, apenas R$ 200 a mais na conta de energia elétrica
mensal", calcula Leonardo. Evandro também endossa a questão econômica que
estes veículos podem levar aos seus usuários. "Para quem possui
instalações fotovoltaicas em casa, por exemplo, dá para fazer uma viagem de São
Paulo para o Rio de Janeiro com um custo de apenas R$ 16 com o carregamento do
carro."Em relação aos desafios, Evandro e Leonardo afirmam que a pouca
cobertura de postos de recarga nas rodovias brasileiras, limitando viagens de
longa distância, e também o preço elevado dos carros elétricos são os que mais
podem desanimar os brasileiros que pensam em fazer um investimento neste tipo veículo.
Lei é lei Com o intuito de
compensar esse déficit de pontos de recarga públicos, entrou em vigor no dia 1°
de abril, na cidade de São Paulo, a Lei n° 17.336, que passa a obrigar que empreendimentos
construídos a partir desta data passem a contar com postos de recarga para
veículos elétricos.“Eu considero essa lei um primeiro passo, mas não sei se é
um grande avanço, porque muitas construtoras já estavam prevendo a implantação
de pontos de recarga nos seus empreendimentos. Ela é importante porque permite
que isso ganhe uma maior escala, passando a ser uma obrigação das
construtoras”, destaca o CEO da Electricus. Leia mais: Veja como reduzir o
lixo produzido ao pedir comida por aplicativo De
acordo com o especialista, outro ponto positivo é que, com a instalação dos
pontos de recarga prevista no projeto dos prédios, o custo de implantação deles
tende a ser menor do que os que são introduzidos após a construção dos
empreendimentos, além de também ser mais seguro pensando na parte elétrica do
local.A Lei n° 17.336 também será muito interessante para os usuários. “Essa
nova lei é um facilitador para quem já tem ou está pensando em adquirir um
carro elétrico. Quando a pessoa for comprar um apartamento e tiver este tipo de
veículo, por exemplo, com certeza vai levar em conta a infraestrutura
relacionada aos postos de recarga”, afirma Leonardo.( Fonte R 7 Noticias
Brasil) *Estagiário do R7 sob supervisão de Pablo Marques
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