Conectividade das escolas públicas está muito aquém do ideal, conclui subcomissão.
A necessidade de melhorar a conectividade digital
das escolas públicas brasileiras foi reconhecida unanimemente pelos
participantes da 17ª reunião da Subcomissão Temporária para Acompanhamento da
Educação na Pandemia, ligada à Comissão de Educação (CE). A audiência pública
interativa semipresencial ocorreu na manhã desta segunda-feira (27).Senadores,
representantes do governo e especialistas do meio acadêmico e de entidades da
sociedade civil expuseram na audiência a profunda carência tecnológica da rede
pública brasileira. Para a senadora Zenaide Maia (Pros-RN), a pandemia da
covid-19 "escancarou as diferenças de inclusão social".— A gente
precisa de todos — academia, Estado, setor privado — para botar para a frente a
conectividade.O presidente da subcomissão, senador Flávio Arns (Podemos-PR),
lembrou que "o direito de acesso à conectividade é um direito
universal":— Quando a gente fala no acesso dos estudantes à internet, não
é só na escola, mas também em casa, para que eles possam ter o complemento das
atividades — ressaltou.Secretário-substituto de Telecomunicações do Ministério
das Comunicações, Pedro Lucas Araújo reconheceu que a conexão gratuita
proporcionada pelo Programa Banda Larga nas Escolas (PBLE), por obrigação
contratual assumida pelas operadoras de telefonia, está muito abaixo do ideal:
em 68% das escolas públicas, a velocidade média de download é de apenas 2 a 5
Mbps (megabits por segundo). Uma conexão de 5 Mbps é considerada o mínimo
indispensável para streaming de filmes, por exemplo.— O PBLE envelheceu mal,
mas ainda assim é um programa com muita abrangência. Tem uma velocidade
defasada, mas continua sendo a única conectividade de algumas escolas —
explicou.Araújo expôs as ações do governo para melhorar o acesso à internet nas
escolas, como os programas Wi-Fi Brasil, de banda larga gratuita via
satélite; Nordeste Conectado e Norte Conectado, de implantação de redes de
fibra óptica no interior e nos municípios dessas duas regiões; e Internet
Brasil, de fornecimento de chips e pacotes de dados de banda larga móvel para
alunos da educação básica da rede pública integrantes de famílias inscritas no
CadÚnico (Cadastro Único para Programas Sociais) do governo federal. Sua
apresentação foi elogiada por Flávio Arns.Para Lúcia Gomes Vieira Dellagnelo,
diretora-presidente do Centro de Inovação para Educação Brasileira (Cieb,
"pela primeira vez na história do Brasil nós temos informações precisas e
recursos alocados, prontos para serem utilizados para melhorar a infraestrutura
em tecnologia nas escolas". Porém, alertou, se esse orçamento não for bem
gasto, "dificilmente a tecnologia tem um impacto na educação".— Não é
só ter o acesso à internet que determina se você vai ter uma relação produtiva
com a conectividade ou se simplesmente vai constar como mais um usuário —
ressalvou.Lilia Asuca Sumiya, professora-adjunta do Departamento de
Administração Pública e Gestão Social da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN), apresentou um diagnóstico das dificuldades
educacionais em seu estado. Segundo ela, em 2018 apenas 40,8% das escolas
municipais e 62,5% das estaduais potiguares possuíam laboratório de
informática, situação que pouco mudou de lá para cá.— Os dados mostram que
principalmente as escolas rurais não contam nem com uma infraestrutura básica,
que dirá conexão à internet — constatou. Fonte: Agência Senado
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