Projeção dos analistas avaliam que o PIB nacional
encolheu 1,2%, na comparação com os três meses anteriores.
A desaceleração da economia no Brasil,
que era esperada pelos economistas para o fim deste ano, já começou a se
concretizar há algum tempo. Dados do Itaú Unibanco mostram que, desde que atingiu seu
pico, em maio, a atividade recuou 7,35%.A perda de fôlego
deu seus primeiros sinais no setor de bens, cuja atividade caiu
8% no período, e posteriormente no de serviços, que retrocedeu 7,3%
até agora. O indicador é feito com base nos gastos de seus
clientes com cartões de crédito e de débito. Ele consegue capturar o nível de
atividade diária. Na indústria, por exemplo, os indicadores de produção
apurados pelo IBGE em agosto e setembro exibem queda de 0,7% em cada mês.
Já a venda de veículos zero-quilômetro recuou 6,7% em outubro, na comparação
com setembro. Diante desse cenário, a projeção dos analistas é de que o PIB (Produto
Interno Bruto) do terceiro trimestre desacelere 1,2% em
relação ao do segundo trimestre — o dado será divulgado em 1.º de dezembro.
Para os últimos três meses, há risco de resultado negativo na atividade. "Há
evidências de que há uma desaceleração em curso, o que vai ficar claro no PIB
do terceiro trimestre, que vai crescer menos do que a média do primeiro
semestre", diz Alessandra Ribeiro, sócia da consultoria Tendências.
"Esse cenário deve se aprofundar no quarto trimestre."A Tendências
projeta uma alta de 0,6% no PIB do terceiro trimestre e uma queda de 0,4% nos
últimos três meses do ano. Para o economista-chefe do C6 Bank, Felipe
Salles, a desaceleração está dentro do padrão esperado. Salles projeta
que o PIB do terceiro trimestre ficará entre 0% e 0,5%, e que há risco de um
número "levemente" negativo no quarto trimestre. Apesar da queda no
fim do ano, o PIB deve ficar em 2,3% em 2022, de acordo com as estimativas do
C6.Juros e freio global Segundo analistas,
dois fatores explicam em grande parte a desaceleração da economia brasileira
nos últimos meses. O primeiro é o patamar elevado da taxa básica de juros, a
Selic, — atualmente em 13,75% ao ano.
Juros altos inibem o consumo das famílias e os investimentos das empresas ao
tornar o crédito mais caro.O segundo tem a ver com o freio da economia global.
A atividade nos Estados Unidos e na Europa também dá sinais de desaceleração
dado que ambos, como o Brasil, enfrentam um quadro de aperto monetário.Na
Europa, a situação é agravada pela falta de gás para gerar energia,
uma consequência da guerra
na Ucrânia. A China também vem crescendo menos devido à
política de Covid zero e à crise no setor imobiliário.Indicadores antecedentes
- aqueles que dão uma pista de como a economia deve se comportar no futuro -
também revelam um cenário de deterioração para os próximos meses no País. A
confiança dos empresários dos setores de serviços, comércio, indústria e
construção retrocedeu 3,3 pontos em outubro, de acordo com a FGV (Fundação
Getulio Vargas). Por segmento, o recuo foi maior no comércio e na indústria —
em ambos, recuou 3,8%. "Há claramente uma queda na indústria. O
comércio, na melhor das hipóteses, está andando de lado, e o setor de serviços
está desacelerando, em particular em alojamento e alimentação para as
famílias", afirma José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do
banco Fator.Cenário Salles, do C6 Bank,
afirma que, se não houver nenhuma surpresa no início de 2023, a economia pode
voltar a ganhar tração na segunda metade do ano. Isso porque o Banco Central
poderia começar a reduzir a taxa de juros no segundo trimestre. No mercado,
portanto, o juro pode estar em um patamar mais baixo do que o atual um pouco
antes. No exterior, a tendência é de que os Estados Unidos também já tenham
atingido o auge de seu aperto monetário até lá e que, no verão europeu, a falta
de gás não seja um problema tão sério como será agora no inverno. "O
segundo semestre de 2023 ainda está longe, muito choque pode acontecer até lá.
Mas parece razoável supor que a recuperação esteja começando no terceiro
trimestre do ano que vem."Natália Cotarelli, no entanto, destaca que, com
o BC começando a cortar juros no segundo semestre de 2023, deve levar um tempo
para a atividade ganhar ritmo. Isso porque o resultado da política monetária é
sempre verificado com uma certa defasagem em relação a seu anúncio. "A
expectativa para 2023 é de um PIB fraco. Não falaria em recessão, mas a
economia estará quase parada", diz.( Fonte R 7 Noticias Brasil)