A medida funcionaria como uma indenização pelo apoio da instituição financeira à escravidão no Brasil, no século 19.
O
Ministério Público Federal (MPF) no Rio de Janeiro intensificou a pressão sobre
o Banco do Brasil (BB) para que apresente ações concretas de reparação à
população afrodescendente. A cobrança ocorreu durante uma audiência pública
esta semana, liderada pelo procurador regional dos Direitos do Cidadão, Julio
José Araujo Junior. O encontro contou com a presença de representantes do Banco
do Brasil, do Ministério da Igualdade Racial (MIR) e do Ministério dos Direitos
Humanos e da Cidadania. A investigação do MPF, iniciada em setembro de
2023, baseia-se em um estudo de 14 pesquisadores de universidades brasileiras e
americanas. O estudo revelou vínculos do BB com o comércio de africanos
escravizados no século XIX. Segundo os pesquisadores, o banco teve “vínculos
diretos entre traficantes e o capital diretamente investido em suas ações”. Leia
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casal e bebê de 19 dias Consultas
públicas e propostas da sociedade civil Em dezembro de 2023, o MPF abriu uma consulta pública
para receber sugestões de reparação da sociedade civil. Mais de 500 propostas
foram apresentadas por 37 entidades, incluindo o Movimento Negro Unificado
(MNU) e a Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq). A ativista
Brenna Vilanova, do MNU, destacou a importância de implementar e acompanhar
essas sugestões. Júlia Mota, do Fundo Agbara, enfatizou a responsabilidade do
Banco do Brasil em combater desigualdades econômicas. Ela sugeriu a criação de
um fundo de reparação para investimentos em territórios quilombolas e
empreendimentos de pessoas negras. Respostas
do Banco do Brasil Representantes
do Banco do Brasil, incluindo o consultor jurídico João Alves e a gerente de
Relações Institucionais Nivia Silveira da Mota, participaram da audiência. Eles
anunciaram que o banco lançará, em dezembro de 2024, ações de reparação à
população negra. No entanto, algumas propostas da sociedade civil não podem ser
realizadas pelo banco, como o pagamento de renda básica, que depende do
Congresso Nacional. Nivia Mota afirmou que o banco está comprometido em
traduzir as demandas em seu plano de ação, considerando o orçamento disponível.
O consultor jurídico destacou que o banco, embora não seja a solução única,
pode ajudar outras instituições a enfrentar a exclusão de afrodescendentes. O papel dos ministérios na reparação
O Ministério da Igualdade Racial está ouvindo a sociedade para elaborar medidas
de reparação. O Ministério dos Direitos Humanos, representado por Andreia
Figueira Minduca, trata o tema da reparação em conjunto com a Coordenação-Geral
de Memória e Verdade da Escravidão. Minduca ressaltou que a reparação é
transversal a problemas atuais, como o trabalho escravo doméstico, que afeta
majoritariamente mulheres negras. Ela destacou a importância de garantir
dignidade para esses trabalhadores. (Por Vander Lúcio Barbosa – @vanderlucio.jornalista)(Fonte
Jornal Contexto Noticias GO)
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