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domingo, 16 de maio de 2021

VIDA NEWS- FALTA DE TRABALHO FORMAL E ESTUDO AFETAM 30% DOS JOVENS EM SÃO PAULO

 

Falta de trabalho formal e estudo afetam 30% dos jovens em SP.

Geração conhecida como Nem-Nem totaliza 766 mil pessoas na capital e quer oportunidades para inclusão produtiva nas periferias.

A cidade de São Paulo tem 2,57 milhões de pessoas entre 15 e 29 anos de idade. Quase 30% delas estão em situação de vulnerabilidade social. São mais de 766 mil jovens sem oportunidade de estudo ou emprego formal. Os que já foram chamados de geração Nem-Nem agora querem ser vistos como jovens-potência à procura de oportunidades para superar o racismo estrutural, a evasão escolar, a falta de trabalho e a exclusão digital na periferia da maior metrópole do país."Parte do problema é como a sociedade olha para o jovem que mora na periferia, de forma negativa, que vai chegar atrasado e cansado no trabalho porque mora longe. Mas são jovens resilientes, criativos e com habilidades socioemocionais. São potências enormes. Em geral, escolhemos olhar para o lado que falta e não para o que abunda", afirma Gabriella Bighetti, diretora executiva da United Way Brasil, articuladora do GOYN.. A missão do GOYN (Global Opportunity Youth Network) São Paulo é impactar a vida de 100 mil jovens da periferia até 2030 por meio de parcerias com empresas e a sociedade civil para criar soluções estruturais aos desafios enfrentados pela juventude e combater a desigualdade de raça e gênero. "Que a gente da periferia seja regra e não exceção, para que a gente não tenha que trabalhar o dobro para ganhar a metade", afirmam os jovens em um manifesto.A iniciativa foi criada nos Estados Unidos por uma organização internacional que tem recursos para ajudar populações vulneráveis. Já foi implantada em Bogotá (Colômbia) e Cidade do México, na América Latina. Em São Paulo, começou em 2020 e hoje soma 70 instituições parceiras. "O estudo, em parceria com a Accenture Brasil, foi o ponto de partida para pensar intervenções que gerem oportunidades para o jovem. Baseado em evidências, dados e voz ativa dos jovens, podemos direcionar os investimentos em projetos para mudanças sistêmicas, que se sustentam com o tempo, e não àqueles que enxugam gelo", ressalta a executiva da United Way. Na capital paulista, 70% dos jovens vivem nos extremos das zonas sul e leste, em áreas como Cidade Tiradentes, Ermelino Matarazzo, Guaianases, Itaim Paulista, Itaquera, São Mateus, São Miguel, Campo Limpo, Capela do Socorro, Cidade Ademar, M’Boi Mirim, Parelheiros e Santo Amaro. A maioria são mulheres e negros (53%). Alana Gonçalves Vieira tem 24 anos e vive em Ermelino Matarazzo, na zona leste, em uma casa com a mãe e duas irmãs. Desde que se formou no ensino médio em 2014, só teve uma experiência de emprego por três meses com telemarketing."O mais difícil é conseguir emprego. Não dão oportunidade para quem não tem experiência e treinamento. Vivo da renda familiar. Minha mãe é pensionista. Mas tenho amigos com faculdade, mestrado, que também não conseguiram colocação no mercado", conta.O índice de desemprego entre os jovens da cidade de São Paulo é de 35%. Quase o dobro quando comparado ao da população total (16%).Alana sonha em conseguir um trabalho para estudar psicologia. Sem uma renda garantida, não tem como pagar os livros, alimentação e transporte, mesmo que consiga uma bolsa de estudos. Hoje ela recebe um auxílio de R$ 300 e integra o projeto do GOYN, participa de reuniões com empresas e ajuda a propor soluções para juventude.Um dos problemas por ela relatados é a falta de entretenimento na periferia. Há uma pista de skate, onde os jovens se reúnem, mas em más condições de uso. "Fico desiludida, mas tenho esperança que as coisas vão mudar. Um dia o 'sim' vai vir. As coisas não são fáceis e nem vão ser. A gente aprende, tem vontade e quero despertar o outro também. O que falta na periferia é estímulo. O governo não dá a mesma oportunidade de quem mora no centro. As escolas não são as melhores e nem o emprego vai ser tão bom. Tinha que ter na periferia para ficar na periferia", enfatiza Alana. Evasão escolar A evasão escolar em São Paulo é alta e a pandemia agravou o problema. "Esse dado é muito preocupante porque 28% dos jovens que estavam matriculados no ensino médio não pretendem voltar para a escola. Temos que lidar com um desafio cada vez maior que é a evasão, enquanto o mercado de trabalho exige cada dia mais habilidades", explica Gabriella Bighetti. De acordo com levantamento do GOYN, dentre os jovens de 15 a 29 anos na capital, 26% não completaram o ensino fundamental, 24% saíram antes de concluir o ensino médio e apenas 13% têm ensino superior. A situação é mais grave nos extremos das regiões leste e sul, onde menos de 35% terminaram o ensino fundamental e apenas 4% concluíram o ensino superior. Um dos motivos para o abandono da escola é a questão financeira. Muitos precisam trabalhar para sobreviver. Foi o caso de Rute Franciele de Lima, de 27 anos, que foi criada na comunidade da Ilha, no Jardim Elba, na zona leste de São Paulo. Ela está há 9 anos com o marido e tem dois filhos, de 9 e 7 anos. Há dois, mora em um barraco numa invasão do Jardim Santo André porque não tem mais condições de pagar aluguel. "Eu parei de estudar no ensino médio. Minha mãe ficou doente e criava a gente sozinha, na luta, com reciclagem. A gente sempre estava com ela para ter o que comer em casa. Quando fui ter estudo mesmo foi quando fomos para um abrigo. Meu marido, que tem 30 anos, parou na sexta série para poder trabalhar. Eu pretendo terminar os estudos, mas não sei como", lembra.( Fonte R 7 Noticias Internacional)

 

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