As entidades reclamaram das filas e da demora nos atendimentos e pediram a aprovação de projeto de lei com prazos máximos de espera para consultas.
Pacientes com problemas de visão reclamaram do
atendimento oftalmológico no Sistema Único de Saúde (SUS) em audiência pública
na Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados. De acordo com a representante da
Retina Brasil, Ângela Sousa, o tempo para conseguir atendimento com
oftalmologista no SUS é de, no mínimo, dois anos. Já a coordenadora da Coalizão
Vozes do Advocacy Diabetes e Obesidade, Vanessa Pirollo, afirmou que, em
algumas cidades de São Paulo, existem, em média, 18 mil pessoas na fila para
consulta oftalmológica. Diante deste quadro, a ativista sugeriu um projeto de
lei com tempos máximos de espera por atendimento oftalmológico no SUS. “A gente
fez um projeto de lei para que o prazo para ter acesso ao oftalmologista não
passasse de 60 dias, que não passasse de 30 dias o prazo para acesso aos exames
necessários para diagnosticar a retinopatia diabética, e que o tratamento
estivesse disponível em até 30 dias.” Segundo Vanessa Pirollo, cerca de 150 mil
brasileiros desenvolvem retinopatia diabética por ano. Se essa condição não for
tratada, leva à cegueira. Ainda conforme a especialista, o País gasta R$ 43
bilhões anualmente com medicamentos e tratamentos das complicações da
retinopatia. Ela ressaltou que, quando a pessoa perde a visão, pede
aposentadoria antecipada, vai precisar de um cuidador, e tudo isso vai onerar
ainda mais os cofres públicos. Por isso, os participantes insistiram na
importância do diagnóstico precoce e da prevenção e reivindicaram a contratação
de mais oftalmologistas para o SUS. Diagnóstico Autora do
pedido para a realização do debate, a deputada Fernanda Pessoa (União-CE)
afirmou que 70% dos casos de pessoas que se tornaram cegas poderiam ter sido
evitados com diagnóstico preciso. "Daí vem a questão da acessibilidade em
calçadas, ônibus, em suas próprias casas, emprego, a dificuldade de remuneração
que uma pessoa acometida pela cegueira apresenta. Ou seja, um simples acesso a
políticas públicas de saúde ocular apresentaria melhorias em tantas outras
situações.” Na opinião da diretora do Conselho Brasileiro de Oftalmologia,
Wilma Lellis Barbosa, para a realização do diagnóstico precoce de problemas
oftalmológicos é fundamental o trabalho integrado de diferentes especialistas
do SUS. Segundo ela, o médico que atende um paciente com diabetes, por exemplo,
precisa sempre solicitar uma avaliação de fundo de olho por um oftalmologista.
Dessa forma, seria possível detectar problemas no início e readequar o
tratamento. Glaucoma Além da retinopatia, outras doenças podem
causar cegueira, como catarata e glaucoma, e até mesmo problemas comuns, como
miopia e hipermetropia não tratadas. Segundo o presidente da Sociedade
Brasileira de Glaucoma, Emilio Suzuki, o glaucoma representa a principal causa
de cegueira irreversível no mundo. No Brasil, a estimativa é de que 2 milhões
de pessoas vivam com a doença. Por se tratar de patologia silenciosa, sem
nenhum sintoma aparente, o glaucoma só pode ser detectado por meio de exames
específicos de imagem do fundo do olho. Todos eles são oferecidos pelo SUS. Emilio
Suzuki recomenda os exames especialmente para quem apresenta algum fator de
risco. “Pacientes acima de 40 anos, negros, diabéticos, míopes, principalmente
acima de 5 graus, e os pacientes que têm já um histórico de pressão aumentada
do olho. Problemas circulatórios também são importantes, e a história familiar
também é importante.” Embora não tenha cura, o glaucoma pode ser tratado de
diversas maneiras. A mais simples, e quase sempre eficaz, consiste na
utilização de colírios. Emilio Suzuki acrescentou que existe um tratamento a
laser e cirurgia, destinada para casos mais graves ou mais resistentes às
abordagens convencionais. Reportagem - Maria Neves
Edição - Geórgia Moraes Fonte: Agência Câmara de Notícias