O que são governos autoritários e como permanecem no poder.
Líderes adotam estratégias para prolongar tempo no controle do país,
como prisão de opositores e tentativa de controlar a mídia.
A maioria das nações realiza
eleições periódicas para a troca dos ocupantes do poder e o povo tem voz ativa
para participar das decisões no país, mas existem locais em que esta é uma
realidade distante. Nessas nações, um único líder pode permanecer no comando
por décadas ignorando medidas democráticas. Neste ano, Mianmar, na Ásia, viu
sua democracia ser abalada com o golpe
de estado da junta militar. O novo governo prendeu a
líder Aung San Suu Kyi, que havia sido eleita nas urnas, e suprimiu
violentamente os protestos da população assim que assumiu o controle do país. A interceptação
de um avião comercial pelo governo de Belarus foi mais
um demonstração em 2021 da presença do autorismo no mundo. O país considerado a
última ditadura europeia obrigou a aterrissagem da aeronave com 126 passageiros
a bordo para prender o jornalista Roman Protasevitch, que é opostidor ao
governo de Alexander Lukashenko. Os dois casos recentes são exemplos de
como governos autoritários conseguem se estabelecer ou se manter no poder e
retratam cenários nos quais o povo não tem espaço para participar das decisões
de seu país. O que são governos
autoritários? Enquanto a democracia permite a alternância do poder e a
participação da população nessa escolha por meio de uma eleição, um governo autoritário
busca permanecer no controle da nação com a mínima participação do povo. “É um
regime que não tem alternância de poder baseada em regras claras, no qual um
indivíduo ou grupo se mantém no poder através do uso da força, carisma do líder
ou das ligações que possui”, explica o professor do curso de Relações
Internacionais da FGV, Leonardo Paz. Nos regimes autoritários, o líder pode
manter o poder por meio do medo ou da carisma. Para aqueles que conseguiram
construir uma imagem positiva, conquistaram admiradores até mesmo após a morte,
como Fidel Castro em Cuba. Apesar do carinho que algumas pessoas têm por esses
líderes, os opositores conheceram a fúria de seus governos. Nesses
regimes, os jornalistas e os veículos da imprensa são perseguidos, opositores
políticos são presos e líderes de movimentos sociais impedidos de atuarem em
suas causas. “A Modernidade se inicia debatendo o que é a tirania. Tirano é o
soberano que degenera o poder por não observar os direitos naturais das
pessoas. O autoritarismo é um regime em que o poder político está acima dos
direitos das pessoas, que decide quando esses direitos serão aplicados”,
contextualiza o professor de Direito Constitucional da PUC-SP e coordenador de
um curso sobre Autoritarismo, Pedro Serrano.
Novo tipo de autoritarismo Uma nova forma de governo autoritário surgiu
pelo mundo nos últimos tempos. Os líderes não precisam mais tomar o poder pelo
uso da força, com apoio do exército ou por revoluções armadas. Muitos são
eleitos presidentes por vias democráticas e começam a adotar medidas que
garantem sua permanência no controle do país após vencerem no voto popular. Alguns
presidentes conhecidos que tomam medidas autoritárias são Bashar Al-Assad, na
Síria; Recep Erdogan, na Turquia; Vladimir Putin, na Rússia; Xi Jinping, na
China; Nicolás Maduro, na Venezuela; Nayib Bukele, em El Salvador; e Viktor
Orbán, na Hungria. O professor da FGV aponta como medidas que podem ser
adotadas por líderes com tendências autoritárias a restrição da imprensa,
cortes de organizações que podem ser oposição ao governo, e a criação de leis
que desarticulam partidos que não são aliados. Paz explica que essas são
medidas adotadas com o objetivo de enfraquecer a liberdade dos
indivíduos. Autoritarismo antigo Na
África, parte do continente só deixou de ser colônia de nações europeias
durante o século 20, e o processo de liberdade ainda é muito recente. Por ali,
os líderes desses processos de independência acabaram alçados ao poder e muitos
governam até hoje. “Os líderes que comandam a independência aproveitam a
credibilidade e tomam o poder”, explica o Paz. Para manter o controle, esses
presidentes, por vezes, se aliam a líderes de grupos étnicos e religiosos. Diplomacia e autoritarismo Apesar de
alguns países serem abertamente contra governos não-democráticos, como os
Estados Unidos, a diplomacia prevalece e esses países mantêm relações
comerciais e amigáveis com regimes autoritários. “Na prática, você não deixa de
se relacionar com alguém pelo fato de ser autoritário”, analisa Serrano. “O que
ocorre é que podem se estabelecer sanções, para não romper as relações
diplomáticas. A manutenção dessas relações é importante, porque você consegue
exercer pressão sobre um país autoritário. É importante que existam relações
com esses países para evitar guerras e conflitos.” No final, “é um problema de
cada país e cada povo romper com os seus autoritarismos”, conclui Serrano.(
Fonte R 7 Noticias Internacional)
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